O Autódromo Internacional Nelson Piquet, localizado no Centro Esportivo de Brasília, Setor de Recreação Pública Norte (SRPN), encontra-se fechado para reformas desde 2014. O abandono do local e a falta de investimento afetam o cenário do automobilismo e estabelecimentos como o Cine Drive-in e o Ferrari Kart, que funcionam na área.
Atualmente, o terreno é propriedade da Terracap, que abriu uma licitação para realizar uma parceria público-privada para revitalização do autódromo, contudo o processo ainda está em andamento. Segundo a Terracap, “a deterioração pelo tempo e a falta de manutenção levaram os equipamentos do Autódromo Internacional de Brasília e o próprio circuito à depredação e obsolescência resultando na impossibilidade de seu funcionamento integral”.
O principal motivo da reforma era para que Brasília pudesse sediar a Fórmula Indy, categoria mundial que disputa espaço com a Fórmula 1. Contudo, o ex-governador Rodrigo Rollemberg (PSB) suspendeu o evento e as obras.
Em 2014, quando deveriam ter sido iniciadas as obras para receber a Fórmula Indy, era necessário reformar algumas partes danificadas do asfalto, melhorar as zebras, saídas de curvas e as zonas de segurança aumentando as zonas de escape, lembra Luiz Caland, presidente da Federação de Automobilismo do DF (DADF). Problemas que sugiram devido à falta de atenção durante os anos de uso do local.

Hoje, para o autódromo voltar ao seu pleno funcionamento, é necessário concluir os 30% restantes da construção da pista de corrida, acabar a parte de drenagem para corridas sob chuva e locais de parc fermé (parque fechado). E ainda abrir um hospital center, item que a Federação Internacional de Automobilismo exige para garantir a segurança dos pilotos e do público, aponta Luiz Caland.

Perdas e danos
Com o fechamento do autódromo de Brasília, que gerou uma lacuna no desenvolvimento do automobilismo do Distrito Federal, os pilotos brasilienses tiveram de migrar para Goiânia, onde participam, no Autódromo Internacional Ayrton Senna, de competições nacionais, como a Stock Car e a Fórmula 3. “O automobilismo de Brasília é um celeiro de campeões e grandes pilotos gerando sempre um bom resultado fora do Estado”, afirma.
Caland lembra que o automobilismo brasileiro, que já teve campeões na Fórmula 1, hoje não tem pilotos na categoria. Para ele, o fechamento do autódromo de Brasília contribuiu para essa situação. Para o piloto Pedro Henrique Caland, que abandonou a Fórmula 3 por falta de patrocínio, a dificuldade de patrocínio e a falta incentivo são fatores determinantes para a crise do automobilismo brasileiro.
“Por ser um esporte de alto custo há necessidade de um aporte financeiro significativo e de políticas que possam beneficiar as empresas patrocinadoras de atletas e eventos”, diz Luiz Caland, pai do piloto Pedro Henrique.
Sobreviventes
O kartódromo Ferrari Kart e o último Cine Drive-in da América Latina funcionam dentro do terreno do autódromo e sofrem com o abandono do local. O principal problema apontado pelos estabelecimentos é a entrada não autorizada de moradores de rua nas antigas instalações desportivas gerando insegurança e risco de invasão. Apesar de funcionarem em uma propriedade da Terracap, ambos os locais não recebem nenhuma ajuda governamental.


O Cine Drive-in recebeu em 2018 o título de Patrimônio Cultural e Material do DF e atualmente precisa reformas nos banheiros e na bilheteria, conta Marta Fagundes, sócia administrativa do local. As obras no Ferrari Kart são realizadas pela administração do kartódromo. Para Edilson Santos, administrador do Kart, “se houvesse patrocínio e incentivo governamental, a modalidade poderia abranger mais o pessoal do entorno e também trazer a juventude que existe nas ruas. As pessoas só veem o futebol como saída, mas o kart pode tirar também os jovens das drogas”, diz.
Pedro Henrique Caland considera o kart a base do automobilismo e a melhor categoria para começar. “Os custos no esporte são bem altos, mas sempre tive ajuda da minha família e de patrocínios para competir, com a evolução passando do kart para carros de competição, os gastos crescem muito”, conta.
A Terracap vê a volta das atividades no autódromo como uma forma de diminuir os rachas nas ruas e contravenções a partir do proporcionamento de eventos como arrancada, track day e Drifting, vinculados e dentro de um espaço que ofereça acessibilidade , operação de excelência e segurança.

Por Ana Clara Avendaño
Supervisão de Vivaldo de Sousa