O GDF designou representantes das secretarias de Governo, Esporte e Lazer e de Projetos Especiais, além da Novacap, para trabalharem juntos na implantação das Parcerias Público-Privadas (PPPs) no Parque da Cidade. Abrangente, o projeto prevê não só a concessão de espaços à iniciativa privada, mas também a revitalização de aparelhos públicos encontrados ali, como quadras poliesportivas e a piscina com ondas.
As PPPs são a grande bandeira do Poder Executivo. A iniciativa é capitaneada pelo Conselho Gestor, presidido pelo próprio governador Ibaneis Rocha. Os integrantes das três secretarias, Novacap e da Administração do Parque da Cidade, formaram um grupo de trabalho que tem, entre suas missões, atrair investidores e atuar em conjunto com a iniciativa privada na concepção do programa.
A primeira etapa da força-tarefa já está definida. Os gestores públicos vão consultar os membros da iniciativa privada sobre quais adequações físicas e legais são necessárias para a exploração do Parque da Cidade. “Quem sabe fazer negócios, vender serviços e produtos não é o governo; decididamente, é a iniciativa privada”, destaca o secretário de Projetos Especiais, Everardo Gueiros.
Aparelhos urbanos
Apesar de possuir uma área de 420 hectares – uma das maiores reservas urbanas do mundo –, o parque tem restrição quanto à sua utilização. Pelas normas vigentes, apenas 1,3% da área é destinado à instalação de estabelecimentos e locais voltados à prática esportiva e ao lazer, como a piscina com ondas, quadras poliesportivas e pista de corrida – os chamados aparelhos urbanos.
420 hectaresÁrea total do Parque da Cidade, considerado uma das maiores reservas urbanas do mundo
A partir das observações do empresariado brasiliense é que será decidido que tipo de concessão o grupo vai empregar: geral e ampla ou setorizada. No primeiro modelo, a concessão diz respeito à parte de esportes e lazer. No segundo, abrange instalação de restaurantes e lanchonetes, além um espaço para eventos periódicos, como shows e apresentações culturais.
“Temos muita dificuldade de realizar eventos porque há um problema de sonoridade”, explica Everardo Gueiros. “O Parque da Cidade é uma área mais protegida, onde [eventos] incomodariam menos a vizinhança, apesar de ficar entre a Asa Sul e o Sudoeste. A gente vai definir qual é a vocação do parque.”
Zoneamento revisto
Na avaliação do secretário, a pesquisa feita com integrantes da iniciativa privada é importante por ter sido justamente o que faltou aos governos anteriores. “Existe um zoneamento feito para o Parque da Cidade muito mais com o olhar dos órgãos públicos”, afirma. “Estamos querendo revisitar esse zoneamento porque, quando isso foi estudado [anteriormente] pelos órgãos públicos, não se levou em consideração a real vocação do parque.”
Ao receber a notícia da criação do grupo de trabalho responsável pelas melhorias que o governo pretende fazer no Parque da Cidade, o aposentado Antônio Barbosa, 68 anos, morador da 105 Norte, se empolgou. Frequentador assíduo do local desde a sua fundação (em 1978), ele relembra da época em que levava os filhos à piscina de ondas – que, durante muitos anos sendo um dos diferenciais do parque, acabou se deteriorando ao longo de administrações anteriores e se encontra desativada. “É uma ótima ideia fazer isso”, disse. “Seria tão bom ver a piscina de ondas funcionando [novamente]”.
No cardápio de sugestões, há ainda uma possível parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para reconstruir as seis quadras poliesportivas do parque, que seriam destinadas ao uso dos frequentadores. Em contrapartida, a CBF terá o direito de explorar a cobrança de aluguel de campos sintéticos a ser construído no local.
ARY FILGUEIRAS, DA AGÊNCIA BRASÍLIA