Documentos do Arquivo Público do Distrito Federal registram festas juninas em Brasília desde o comecinho dos anos 60.
Naquela época, o São João oficial da nova capital ocorria na plataforma superior da Rodoviária de Brasília – atualmente Rodoviária do Plano Piloto.
Mas, a tradição era forte mesmo em Taguatinga e Ceilândia, como lembra o pesquisador João Carlos Amador, autor da série de livros “Histórias de Brasília”.
Assim como o Carnaval e a Festa dos Estados, era o momento de confraternizar e lembrar as origens.
Afinal, festa junina é uma tradição que começou na passagem da Idade Antiga para a Idade Média, como forma de expandir a fé católica. Chegou ao Brasil com os portugueses e se espalhou pelo país, ganhando a cara de cada região.
Talvez, a festa junina tenha sido a primeira manifestação cultural com a cara de Brasília.
Quando os candangos se encontraram no meio do Brasil, traziam tantas formas diferentes de festejar São João, que criaram um jeito único de dançar quadrilha. Foi o que o presidente nacional do Movimento Junino, Hamilton Tatú, contou, em 2019, à Rádio Nacional.
Os grupos de quadrilha se esforçam para manter a tradição longe das influências de modismos. Mas, isso é muito difícil.
Com o tempo, as festas juninas absorveram influências de outras manifestações culturais, principalmente da música sertaneja e, mais recentemente, do funk e do sertanejo universitário.
A música sertaneja também faz parte da história do Distrito Federal desde a época da construção da capital, mas estava restrita à periferia.
Na monografia de graduação “Brasília Sertaneja”, o jornalista André Nascimento Vaz conta que, durante quatro décadas, a música sertaneja não teve muita projeção e espaço entre o público brasiliense. Eram músicas passadas de pai para filho, principalmente por quem veio de Minas Gerais e Goiás.
A popularização veio na virada do ano 2000, antecipando uma tendência nacional. Foi quando nomes tradicionais, como Zezé Di Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó, João Paulo e Daniel e Leandro e Leonardo ganharam projeção, tanto nos meios de comunicação quanto nas casas noturnas.
Novos artistas aproveitaram a onda e criaram um novo estilo: o sertanejo universitário. E hoje é difícil passar um dia em Brasília sem ouvir Gusttavo Lima, Luan Santana, Maraia e Maraísa, Simone e Simária, Marília Mendonça, Naira Azevedo, entre outros. Em eventos que movem milhões de reais, esses artistas costumam arrastar multidões a shows sempre lotados no DF.
Brasília se transformou na capital da música sertaneja.
Mas não era capital do rock?
Com produção de Graziele Bezerra.
Victor Ribeiro