Em sessão extraordinária remota nesta quarta-feira (10), diversos deputados criticaram a falta de isonomia na adoção de medidas de isolamento social nas regiões do DF em virtude da pandemia do coronavírus. O deputado Chico Vigilante (PT) considerou correto o fechamento de diversos estabelecimentos comerciais em Ceilândia, Sol Nascente e Estrutural desde o início desta semana para conter o avanço da Covid-19, mas criticou a retomada, a partir de amanhã (11), do Eixão do Lazer e a extensão do modelo à W3 Sul, isto é, com as vias liberadas exclusivamente para pedestres e ciclistas aos domingos e feriados. “Qual é a lógica dessa abertura de áreas para lazer?”, questionou. “Não podemos brincar porque o coronavírus mata”, alertou.
Do mesmo modo, a deputada Arlete Sampaio (PT) entende que, ao abrir o Eixão e a W3 para lazer, o governo sinaliza para a população que “está tudo bem”, sendo que, ao contrário, o DF caminha para a piora do quadro de contaminação. Na avaliação de Arlete, o GDF começou “bem”, ao adotar as medidas de isolamento social, mas foi “desmoralizado” pelo presidente da República, que desrespeitou os decretos do governador em Ceilândia e outros locais do DF, o que resultou em “ações desencontradas” no atual momento.
Já para o deputado Leandro Grass (Rede), o modelo de isolamento social feito no DF “não foi pra valer”, uma vez que, desde o início, foram flexibilizadas atividades não essenciais. “Há um desejo de fazer o trabalho, mas está faltando firmeza e inteligência de dados”, avaliou. Na opinião de Grass, os indicadores e as informações precisam ser cruzados, sendo necessária uma gestão integrada, como está ocorrendo, por exemplo, no Rio Grande do Sul. Ainda de acordo com o distrital, é equivocado fazer isolamento seletivo, como ocorreu nesta semana em Ceilândia, Sol Nascente e Estrutural porque os moradores dessas áreas se deslocam para trabalhar em outras regiões do DF. Além de não ser uma medida efetiva, “dá uma sensação de exclusão”, acrescentou. Corroborou com a posição de Grass o deputado delegado Fernando Fernandes (PROS), que considerou discriminatório o fechamento de comércio apenas naquelas regiões, ao se dizer contrário também à abertura do Eixão e W3 Sul a fim de evitar a concentração de pessoas e a consequente contaminação.
Pressão – Ao pedir calma, o deputado Martins Machado (Republicanos) disse que “todos estão sob pressão, o governador, o Legislativo, os empresários, a população”. Como exemplo desse estado de tensão, Machado relatou que o governador Ibaneis Rocha chorou nesta semana diante das pessoas que foram pedir a extensão dos benefícios emergenciais. Concordou com o clima tenso gerado pela pandemia a deputada Júlia Lucy (Novo), que narrou o suicídio cometido por uma jovem na Estrutural. Por isso mesmo, ela defendeu a abertura do Eixão e outros espaços a fim de que as pessoas possam manter a sanidade, cuidar do corpo e evitar o acometimento de outras doenças.
Lucy ainda argumentou contra a aquisição de testes rápidos para a testagem em massa no DF. Segundo ela, foram gastos R$ 25 milhões nesse tipo de teste de baixa confiabilidade, ao invés de outras opções cujos resultados são mais seguros e confiáveis. Para fazer esse questionamento, entre outros, a parlamentar solicitou a vinda do secretário de Saúde, Francisco Araújo, à CLDF para conversar com os deputados.
Feira do Lago Oeste – O deputado João Cardoso (Avante) defendeu a permanência do Empório Rural do Lago Oeste, feira que existe há 17 anos na região. Próxima aos postos Flamingo e Colorado, a feira, segundo Cardoso, comercializa produtos orgânicos e artesanais em 35 bancas, e provê o sustento de trezentas famílias. De acordo com o parlamentar, uma ação judicial, movida por um proprietário de terreno em frente à feira, ameaça a continuidade do empório. Ele garantiu que dará apoio ao processo de renovação e permanência da feira a fim de ajudar aquelas famílias que precisam desse comércio para sobreviver, principalmente no período de pandemia.
UnB – O deputado Fábio Felix (PSOL) protestou veementemente contra a Medida Provisória do presidente Bolsonaro que dá ao ministro da Educação a possibilidade de nomear reitor sem consulta à comunidade acadêmica. “Essa medida retira a autonomia das universidades brasileiras”, alegou. Segundo Félix, o ministro Abraham Weintraub deseja impor um reitor biônico na Universidade de Brasília (UnB). Ao se solidarizar com a comunidade da UnB, ele acrescentou que o PSOL fez uma representação contra a MP: “Não vamos permitir”, atestou. A MP 979/2020 foi publicada na edição desta quarta-feira (10) no Diário Oficial da União.
Franci Moraes
Núcleo de Jornalismo – Câmara Legislativa