Por Bruno H. de Moura e Danilo Queiroz
A decisão de decretar lockdown no estado de Goiás pegou de surpresa a diretoria dos dois times goianos no Candangão 2020. Formosa e Luziânia têm sede, estrutura, elenco, torcida e patrocínio no estado vizinho, mas disputam a elite do futebol do Distrito Federal.
A reportagem do Distrito do Esporte apurou que Formosa e Luziânia ficaram em problemática posição. Com a decisão, as equipes não devem poder voltar aos treinamentos nas próximas semanas. Os clubes não teriam como se preparar para os confrontos das quartas-de-final do Candangão, previstos para o dia 22 de julho.
O decreto do governo do estado orienta o fechamento dos municípios por 14 dias, com 14 sequenciais de abertura, e voltar o fechamento por mais 14, reiniciando o ciclo. Nesse método, a volta aos treinos e jogos no estado seriam descartados.
Formosa pode “mudar” para o DF
4ª melhor equipe da primeira fase e adversário do Taguatinga nas quartas-de-final, o Formosa não tem ideia de como fará. Segundo Henrique Botelho, presidente da equipe, a medida coloca o time “numa sinuca de bico”. “Esse negócio pegou todo mundo de surpresa. Eu já estava indo na secretaria de saúde para apanhar os testes, agora nós estamos num beco sem saída. Eu vou ter de discutir uma solução aqui, provavelmente nós vamos ter de treinar no DF”, disse o presidente à reportagem.
O Formosa não descarta vir se preparar em território Candango. Porém, os altos custos com a medida, tanto de alojamento de toda a comissão e atletas, quanto do aluguel de algum CT e estádio, podem impedir a ideia do clube. “Com certeza será nosso maior adversário”, afirmou Botelho.
Luziânia diz que não aceitará reinício do campeonato sem tempo para treinar
Outra equipe afetada pelo lockdown intermitente, o Luziânia viu o decreto como alarmante para sua posição. O clube, que vem passando dificuldades desde a pausa, especialmente com a renovação de elenco e quitação salarial, diz não ter condições de se deslocar completamente para Brasília. Segundo Bruno Mesquita, diretor de futebol da agremiação, o decreto muda 100% o planejamento.
“Para a gente, sem o lockdown, já estava complicado por Luziânia tem um decreto que vai até 30 de julho. Não tem como fazer nada antes disso. Tentamos conversar com a prefeita Edna para liberar de forma extraordinária, mas ela está levando no banho maria e nada. É inviável ir para Brasília porque temos que alugar um clube para treinar. É fora de cogitação”, contou à reportagem.
Os clubes finalistas do torneio haviam decidido recomeçar a competição no próximo dia 18, com os jogos de ida das quartas-de-final já no dia 22. Contudo, sem possibilidade de treinar em sua cidade, o Luziânia não vai aceitar a volta da competição. “Não vamos abrir mão e também não vamos aceitar começar o campeonato. O planejamento feito inclui três semanas de treinamento e não vamos aceitar um dia a menos. Na reunião eu expliquei a situação. Disse que se retomassem o campeonato eu não ia conseguir jogar. Brasiliense e Real Brasília se comprometeram a nos ajudar, mas até agora não conseguimos”, sacramentou Mesquita.
Decreto de Caiado será adotado em Formosa. Luziânia aguarda prefeita.
A medida adotada pelo governador Ronaldo Caiado se baseou em um estudo da Universidade Federal de Goiás. Segundo a UFG, com o atual nível de isolamento no estado, Goiás não teria mais leitos de UTI disponíveis em duas semanas e o sistema de saúde entraria em colapso entre 8 e 15 de julho.
O lockdown interminente do decreto estadual não necessariamente vincula os prefeitos, que tem autonomia para decidir como cada cidade se comportará, se com mais ou menos abertura ou se fechará por completo.
Segundo a rádio Lance FM e o portal Foca Lá, ambos de Formosa, o prefeito da cidade, Gustavo Marques, já anunciou que adotará o modelo proposto pelo governador. Serviços básicos e essenciais serão mantidos, mas o comércio e outras atividades secundárias não serão permitidas pelos próximos 14 dias.
Ainda não se sabe qual comportamento a prefeita de Luziânia, Edna Aparecida, seguirá. A mandatária está em Goiânia para se reunir com o governador ainda hoje.
Entenda como funciona o Lockdown intermitente de Ronaldo Caiado
O governador Ronaldo Caiado disse em coletiva nesta segunda-feira (29/6) que seu decreto instituirá um lockdown intermitente até setembro. Nesse modelo, haverá fechamento total por 14 dias e abertura pelos próximos 14, de maneira intercalada. Fecha 14, abre 14. Os pesquisadores da UFG estimam três cenários: tudo como está, com taxa de isolamento em 36%; lockdown absoluto por três meses, prevendo taxa de isolamento em 55%; e, por último, um cenário intermediário, intercalando a maior e a menor taxa.
Caso a terceira opção – proposta – seja efetivamente adotada, uma média de 8.360 pessoas devem ser salvas de morrer em decorrência da doença. Além disso, o governo conseguiria atestar aonde é possível uma maior abertura e onde deve-se apertar a medida. Caso nada seja feito, 18 mil mortos devem entrar na estatística do estado de Goiás.