Os investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no setor cultural do Brasil permitiu o aumento de salas de exibição de produtos audiovisuais em regiões fora do eixo Rio/São Paulo. É o que aponta o Relatório de Efetividade, lançado hoje (5) pela instituição. O documento apresenta resultados da atuação do Banco para o desenvolvimento econômico e social no país.
A gerente do departamento de Economia da Cultura do BNDES, Fernanda Farah, contou que no âmbito do Programa Cinema Perto de Você, que conta com recursos do Procult e do Fundo Setorial do Audiovisual, houve a aprovação pelo banco de projetos de mais de 400 salas entre 2009 e 2017. Junto com a criação de novas salas, o banco investiu na modernização dos cinemas, com sistemas de digitalização. A operação aplicou R$ 123 milhões com a digitalização de 770 salas.
Fernanda contou que foi a troca da máquina de projeção de rolo de filme para o padrão digital com HD, transferência de tecnologia que feita por grandes empresas, mas que as menores não tinham condições de realizar. “Os pequenos e os médios não tinham como fazer esta troca porque o equipamento é muito caro. A gente conseguiu em parceria com o fundo setorial fazer uma linha de longo prazo que contemplou 770 salas espalhadas no Brasil inteiro. Praticamente 100% do parque exibidor é digitalizado hoje em dia. A gente conseguiu atender aquele pequeno exibidor que tem duas salas, naquela pequena cidade”, explica.
O chefe do Departamento de Avaliação e Promoção da Efetividade do BNDES, Vitor Pina, destacou que com o programa houve uma interiorização dos projetos. Em alguns casos, foi instalado o primeiro cinema da cidade e da região. “Atingiu um público que não tinha muito acesso a esses bens culturais. Teve uma democratização do acesso à cultura e mesmo em grandes metrópoles, os projetos estão nas periferias”, disse em entrevista à Agência Brasil.
O gerente do Departamento de Avaliação e Promoção da Efetividade do BNDES, Leonardo Oliveira, disse que o banco fez um estudo sobre o impacto dos investimentos em salas de exibição para o aumento de público, com análise na aplicação de recursos em uma empresa de Londrina (PR). “Para esse cliente em comparação com clientes similares que não receberam o apoio do banco, a evolução dele foi bem significativa”, disse. Segundo ele, o público da empresa foi 259% maior do que o grupo de comparação e em relação às salas foi 425% maior.
Indústria audiovisual
Na visão do banco, os investimentos na indústria audiovisual contribuem para que o setor se torne competitivo, incluindo estímulos ao “desenvolvimento de propriedades intelectuais próprias com maior perspectiva de geração de receita”. Com isso, vieram os apoios às produtoras independentes de filmes e de conteúdo para TV e outras plataformas de exibição, como a Netflix.
O Relatório de Efetividade informa que entre 2015 e 2016, dos 274 filmes brasileiros lançados, quase 9% (25 filmes) foram apoiados pelo BNDES. O apoio a projetos dessa natureza ocorre por meio do Procult e do Edital de Cinema BNDES, que seleciona filmes nacionais de longa-metragem em diversas categorias.
Jogos
Outro segmento financiado pelo BNDES é o de jogos digitais. O fomento ao setor começou após a identificação do potencial de crescimento do setor tanto no Brasil quanto no exterior, ampliando as exportações brasileiras.
“Mais um item na pauta de exportações e na nossa efetividade também. As empresas de games já nascem exportadoras, desde pequenininhas elas já têm este viés de exportação”, afirmou a gerente do departamento de Economia da Cultura do BNDES, Fernanda Farah.
Outros projetos apoiados pelo BNDES também disputaram prêmios, como as duas primeiras temporadas da série de animação infantil SOS Fada Manu, indicada ao International Emmy Kids Awards de 2016, na categoria Animação. A produção da série de ficção científica 3% também recebeu apoio do BNDES. Ela é a primeira produção brasileira original da Netflix, que a exibiu em mais de 20 países.
Crise econômica
No Relatório de Efetividade, o BNDES lembra que nos anos 2015 e 2016, registrou retração no volume de desembolsos para investimento na economia brasileira da ordem de 60% em termos reais na comparação com o fim de 2014, atingindo R$ 88,3 bilhões em 2016. Para a instituição, esse desempenho foi, “em grande medida, reflexo do contexto macroeconômico recessivo do período, que registrou recuos do PIB, de 3,5% em 2015 e 3,5% em 2016, e da formação bruta de capital fixo (FBCF) – investimento fixo – de 13,9% e 10,3% respectivamente”.
No entanto, Fernanda Farah informou que a procura por linha de crédito, no caso da economia da cultura, não sofreu nenhuma alteração. Existe uma política pública voltada para este segmento”, disse, completando, que 70% da carteira do banco para os investimentos, estão relacionados a micro, pequenas e médias empresas. Segundo ela, a perspectiva de novos investimentos é boa e vai continuar com o foco em micro, pequenas e médias empresas, também fora do eixo Rio/São Paulo.