A esperança de ver a Galeria dos Estados cheia de pessoas e a venda de pães de queijo voltar aos números de antes estava estampada no rosto do Joaquim Vieira e da sua esposa, Rosângela na manhã desta terça-feira (15).
Enquanto autoridades do Governo do Distrito Federal (GDF) vistoriavam o sucesso da reconstrução do espaço e se preparavam para o ato de reinauguração, os empresários de uma das primeiras lojas do local já enfeitavam a estufa com os salgados quentinhos.
Rosângela contou que criou e sustentou as três filhas com o dinheiro vindo do pequeno negócio, montado na década de 70, juntamente com o surgimento da galeria.
Joaquim sabe que o movimento ficou bastante prejudicado – primeiro com a queda do viaduto, que resultou em cerca de um ano e meio de obras, e depois, com a chegada da pandemia no Brasil. “Mesmo assim, ver a galeria voltando a ser galeria hoje me enche de orgulho”, afirmou Rosângela.
Renovada, com acessibilidade garantida a pessoas com mobilidade reduzida, calçadas, pisos e banheiros novos, paisagismo refeito. Esta é a nova cara da Galeria dos Estados que, de acordo com Ednalva Rodrigues, que trabalha em uma boutique no local há 20 anos, ela nunca chegou a presenciar.
Segundo o vice-governador Paco Britto, a Galeria dos Estados viveu o ápice, sofreu com a decadência, mas viverá, a partir de agora, a ascensão. “O governo trabalhou muito e não poupou esforços para fazer este espaço voltar a ser o que foi quando inaugurado. A galeria foi definhando com o tempo e os reparos necessários foram deixados de lado”, lembrou. “Mas tomar as decisões certas para o bem do Distrito Federal é uma das características marcantes do governador Ibaneis Rocha”, completou. “O movimento era grande, mas a galeria já mostrava que precisava de mais cuidado”, apontou.
As obras de revitalização, onde o GDF investiu mais de R$ 10 milhões, só teve início, porém, depois do acidente, ocorrido em 6 de fevereiro de 2018, quando parte da estrutura cedeu.
Em junho do ano passado, o governador Ibaneis já havia entregue parte da obra, liberando o viaduto e beneficiando a passagem de 120 mil veículos que trafegam pelo Eixão diariamente. Quando ele assumiu o GDF, pouco mais de 20% das obras estavam concluídas.
Hoje foi a vez da entrega da galeria, que ganhou um novo centro de compras, serviço e lazer. Para isso, foram investidos R$ 5 milhões em recursos e gerados 50 empregos diretos e outros 150 indiretos.
“Sempre lutamos muito por esse espaço e Brasília precisava dessa valorização”, destacou o presidente da Associação dos Lojistas da Galeria, Laércio Moura Júnior, que representa os 42 comerciantes estabelecidos no local. “Agora, a responsabilidade é nossa em cuidar do que estamos recebendo”, frisou.
Resgate
Para o presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Fernando Leite, a entrega da Galeria dos Estados totalmente revitalizada para a população representa muito já que, segundo ele, o “resgate da cidade abandonada” foi o que o brasiliense mais pediu ao governador Ibaneis Rocha durante suas andanças pelas cidades do DF. “Não viemos inaugurar obra. Estamos aqui fazendo história”, completou.
Resgate também é o que representa para o casal Conceição e Nelson Yoshimine, que há 40 anos trabalha vendendo flores na floricultura da galeria. “Meu coração está quase explodindo. A floricultura nos faz muito bem e hoje é o nosso recomeço”, garantiu Conceição enquanto montava um buquê de flores e esperava a opinião de Nelson para finalizar a encomenda. Com 50 anos de casados e tanto tempo de trabalho juntos, Nelson foi econômico nas palavras: “Isso aqui é uma terapia para a gente”.
Muitas lojas ainda permanecem fechadas. Mas, de acordo com o secretário de Governo, José Humberto Pires, em breve será lançada uma licitação para ocupação total do espaço. “Agradecemos a paciência e o apoio que os comerciantes deram ao governo durante o tempo de obra”, disse. “Resgatar a Galeria dos Estados vai nos ajudar a fazer a economia do DF voltar a girar, isso é importantíssimo agora”, lembrou o vice-governador Paco Britto. Por lá, passam mais de 2 mil pessoas por dia.
LÍVIO DI ARAÚJO, DA AGÊNCIA BRASÍLIA I EDIÇÃO: CAROLINA JARDON