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HGG soma 1,7 mil atendimentos na ala de cuidados paliativos

Única unidade de saúde da rede pública do Estado a contar com uma ala exclusiva e estruturada para oferecer assistência multidisciplinar em cuidados paliativos, o Hospital Estadual Alberto Rassi – HGG, unidade do Governo de Goiás, já realizou mais de 1,7 mil atendimentos no Núcleo de Apoio ao Paciente Paliativo (Napp). 

Para a geriatra e coordenadora do Napp, Ana Maria Porto, o ideal seria que todos os pacientes pudessem receber esse tipo de atendimento. “Ter uma ala própria no HGG, nos ajuda a garantir, principalmente para pacientes em processo de morte, com sintomas de difícil manejo e familiares em grande sofrimento, um atendimento humanizado, centrado na pessoa, respeitando sua biografia e seus valores”, afirma.

Daniel Marques, residente do 1º ano de clínica médica no HGG, fala sobre como a experiência na área de cuidados paliativos mudou seu olhar sobre o tratamento de pacientes com doenças incuráveis. “Talvez um dos grandes dilemas que os profissionais de saúde vivem é ter que lidar com a morte, e a experiência em cuidados paliativos nos permite trabalhar uma nova visão da morte, que na nossa sociedade, ainda é tratada como um tabu.”

“Nos cuidados paliativos, essa visão é desconstruída, que a morte é algo natural que vai acontecer para todo mundo, mas pode ser tratada de forma mais tranquila, mais serena e cercada de cuidados”, acrescenta o médico.

Diferencial

“Ressignificação foi a palavra que melhor define minha experiência no setor de cuidados paliativos e que me redescobri como ser humano”, conta o também residente de clínica médica, Nader Fares. Para o médico, a integração da equipe multidisciplinar do setor é o diferencial para a entrega que é feita aos pacientes. 

“Eu aprendi que paliar é cuidar, é oferecer muito mais do que o tratamento de uma doença, mas enxergar as necessidades de quem procura o cuidado e garantir isso com todas as ferramentas possíveis, desde medicações, uma palavra acolhedora, um olhar de confiança, um toque, que às vezes vale mais do que qualquer medicação”, destaca. 

Além do atendimento médico, os pacientes do Napp contam com atendimento multidisciplinar com enfermeiros e técnicos de enfermagem, psicólogos, nutricionistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e assistentes sociais.

Implantação

O diretor-técnico do HGG, Durval Pedroso, lembra o processo de criação de uma ala específica para cuidados paliativos. “Quando surgiu a proposta da implantação de uma ala exclusiva para cuidados paliativos, houve um questionamento do ponto de vista de gestão de saúde pública, que é a necessidade de um maior número de leitos de UTI. E nós conseguimos provar que não era necessário mais UTIs, e sim que era necessária uma unidade que recebesse pacientes com prioridades de internação diferente daquelas de que se necessitam de terapia intensiva”.  

Ele explica que, com a criação da ala, não se criaram apenas 10 leitos, mas sim 18 leitos, porque, pela redução da permanência desses pacientes em terapia intensiva, criaram-se 8 leitos virtuais. “Fora algo que é imensurável, que é o acolhimento humano e tratamento a esses pacientes e familiares. Então, os cuidados paliativos não são só uma necessidade de saúde e humanidade, mas, sim, condição de saúde pública”, afirma o médico intensivista.