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Situações cotidianas e comédia dialogam no nacional “Mulheres Alteradas”; confira crítica

Com um elenco principal conhecido por outras produções nacionais, “Mulheres alteradas” traz quatro histórias de mulheres que enfrentam diferentes crises na idade de trinta anos. Baseado nos quadrinhos da argentina Maitena Burundarena, o longa abusa de planos médios e cores vivas para transmitir o ar cartunesco, mas consegue criar empatia o suficiente para a espectadora, em especial, se identifique com as situações.

Na trama, quatro mulheres são apresentadas: Leandra (Alessandra Negrini), Keka (Deborah Secco), Sandra (Monica Iozzi) e Marinati (Maria Casadevall). Os arcos que mais têm espaço e são os fios condutores são de Marinati e Keka. Marinati, uma mulher viciada em trabalho e ambiciosa, tem a vida tumultuada com o surgimento de Cristian (Daniel Boaventura). Apaixonada, a advogada perde o foco do trabalho e não percebe os defeitos do mulherengo. E, no outro lado, há Keka, que tenta reanimar o casamento, mas seus planos são frustrados por sua chefe, Marinati, e pelo próprio desânimo do marido (Sérgio Guizé). O outro arco é composto por Leandra e Sandra, duas irmãs com idades próximas, mas com vidas opostas. Cada uma inveja o que a outra tem. Leandra é solteira, sem filhos e festeira. Já Sandra é mãe de dois filhos, casada e exausta da rotina doméstica.

Por ser baseado em quadrinhos, o diretor Luis Pinheiro aposta nos planos médios, cores vivas e foco em um personagem de cada vez. Outro artifício utilizado é a câmera acompanhando os movimentos dos personagens. Como quando Keka anda e entra no carro, a câmera “passeia” junto com ela e treme quando a porta é fechada.

 

O que deixa a desejar, no filme, é a falta de harmonia entre os dois arcos. Enquanto as tramas de Keka e Marinati possuem um ar cartunesco exagerado, quase cômico; os da Leandra e Sandra são  mais suaves e realistas. Além disso, a trama da Marinati é a que mais se afasta da realidade e o diretor usa disso em sequências surrealistas, que torna o arco dela o mais próximo da comédia.

A diferença dos tons entre arcos é, inclusive, ressaltada pelas atuações. A Maria Casadevall usa de expressões faciais e de uma postura corporal exageradas e a Deborah Secco não convence como uma mulher em um casamento em crise. Já Monica Iozzi demonstra surpreendentemente bem o cansaço de uma mãe de dois filhos pequenos e sua sintonia com Alessandra Negrini torna verossímil a trama das duas irmãs.

No fim, “Mulheres alteradas” é um filme que levará alguma mulher a se identificar com alguma parte do enredo. A dinâmica causada pela movimentação de câmera traz leveza e causa um bom  ritmo ao filme. Seu defeito está na indecisão de qual tom deve obedecer, o de comédia ou drama. A estreia está prevista para 5 de julho.

Por Larissa Lustoza

Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira

  • A convite do Espaço/Z