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“Só com vacina vamos sair da pandemia”, argumentam distritais

A pandemia do novo coronavírus foi, mais uma vez, um dos principais assuntos durante a sessão remota da Câmara Legislativa. Nesta quarta-feira (3), os distritais, mais do que defenderem, clamaram pela vacinação em massa da população como forma de vencer a pandemia.

O primeiro a tratar do assunto foi o vice-presidente da Casa, deputado Delmasso (Republicanos). O parlamentar prestou solidariedade às famílias que perderam parentes em decorrência do Covid-19 nas últimas semanas, e lamentou que, ontem (2), o Brasil tenha registrado o maior número de mortes desde o início da pandemia. “A solução definitiva para esse problema é a vacinação”, defendeu.

Sobre as 26 mil doses de vacina recebidas hoje pelo GDF, Delmasso considerou “totalmente insuficiente, quase uma gota no oceano”. “Esse número dará para 13 mil pessoas, é menos de 10% da população do Guará, onde moro”, destacou. O parlamentar pediu a abertura de negociações com os laboratórios para comprar imunizantes e “extirpar de vez o novo coronavírus” do DF: “Somos uma unidade federativa pequena, rápida do ponto de vista logístico, e podemos vacinar nossa população muito rapidamente, acabando com crise na saúde e na economia”. 

O clamor por mais vacinas também foi feito pela deputada Arlete Sampaio (PT). Ela defendeu medidas de restrição neste momento e a ampliação do número de leitos, mas disse considerar a vacinação essencial para vencer a pandemia. De acordo com a parlamentar, o GDF tem condições de comprar, imediatamente, o imunizante da Oxford, que custa cerca de quatro dólares por dose, segundo informou: “Somos cerca de três milhões de pessoas e temos recursos para vacinar 70% da população”.

O deputado Chico Vigilante (PT) fez um discurso semelhante: “A única solução é a vacinação, e o GDF tem dinheiro para isso”. O distrital aproveitou para criticar a ausência de Ibaneis Rocha na visita de governadores, esta semana, à fábrica que irá produzir a vacina Sputnik V, em Santa Maria. 

Já o deputado Fábio Felix (Psol) lamentou as mais de 1,7 mil mortes por Covid-19 registradas, ontem, no País, e creditou a marca ao governo federal, “não só omisso, mas criminoso”. E completou, se dirigindo ao chefe do governo local: “Não podemos ficar a reboque do governo federal em relação ao auxílio emergencial nem em relação às vacinas”.

Por sua vez, o líder do governo na Casa, deputado Hermeto (MDB) – que na sessão de ontem havia creditado ao presidente Jair Bolsonaro a crise na saúde – parabenizou o chefe do Executivo federal pelo anúncio feito nesta tarde, de compra de vacinas da Pfiser e Janssen. “Ontem, fiz uma crítica como eleitor, mas continuo acreditando no governo do presidente Bolsonaro”, afirmou.

Aulas presenciais

Arlete Sampaio e Chico Vigilante comentaram matéria da Reuters tratando de professores e estudantes vitimados pelo novo coronavírus em São Paulo, após a volta das aulas presenciais. “Sigo defendendo o não-retorno presencial, é um absurdo com lockdown decretado”, disse Arlete. A parlamentar defendeu, ainda, que os professores e demais trabalhadores da educação estejam entre os grupos prioritários da vacinação: “Só assim as aulas presenciais poderão retornar”.

Defensora do retorno presencial, observando medidas de segurança, a deputada Júlia Lucy (Novo) argumentou, contudo: “Não é porque é professor que se contaminou na escola. Quais são os maiores núcleo de contaminação, os horários? O governador está mal assessorado na Saúde”.

Lockdown

Nesta quarta, Júlia Lucy reclamou da atitude de colegas com relação ao projeto de decreto legislativo de sua autoria, revogando o decreto do governo que impôs restrições de funcionamento de atividades no DF. “Fizeram uma análise prévia da proposta, o que é competência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)”, afirmou.

A deputada lembrou, ainda, ter sido favorável ao lockdown decretado no ano passado, mas argumentou “despreparo e falta de planejamento”, além de ausência de discussão, por parte do governador ao publicar o último decreto. “O governador extrapolou sua competência. Quero que me apresente os dados dos setores onde as pessoas estão se contaminando”, afirmou.

Em resposta, o deputado Delmasso disse respeitar a opinião de Lucy, mas considerar o PDL inconstitucional. “O STF já declarou ser de competência exclusiva dos governadores e prefeitos decretar medidas de restrição, como o lockdown”, justificou. “Não estou usurpando o papel da CCJ. Quando chegar ao plenário, serei contra”, concluiu.

“Todos nós temos uma responsabilidade muito grande neste momento. Ninguém quer ver o sofrimento dos empresários e comerciantes, mas iremos superar isso. E temos de ter responsabilidade”, acrescentou Hermeto.

Denise Caputo
​​​​​​​Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde
Núcleo de Jornalismo