Produtores rurais de Santo Antônio do Descoberto (GO) visitaram a Cooperativa de Produtores Rurais do Indaiá (Coopindaiá), em Luziânia, em 11 de julho, com o objetivo de conhecer o trabalho da entidade que apresenta resultados de sucesso na produção e comercialização de alimentos. Os produtores fazem parte do projeto Mãos Produtivas – Comércio institucional de alimentos na agricultura familiar, que a Corumbá Concessões está implementando na região, com foco na assistência técnica para a produção de alimentos agroecológicos e comercialização institucional, visando à geração de renda.
O projeto faz parte do Programa Alternativa Produtiva, da Corumbá Concessões, e aplica a experiência da Coopindaiá que presta consultoria ao projeto. Os agricultores participantes do projeto Mãos Produtivas já estão habilitados com a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP jurídica) para iniciarem a venda de seus produtos para a alimentação escolar de instituições do município, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).
Segundo a analista ambiental da Corumbá Concessões, Marinez de Castro, a agricultura familiar na região necessitava de uma política específica para ajudar os produtores a se estruturarem. “Eles tentavam plantar e vender alimentos, mas esbarraram na falta de apoio técnico e na dificuldade para acessar canais de venda, o que os deixavam desestimulados. Agora, com trabalho e este apoio da Corumbá Concessões na parte burocrática, os produtores vão poder, em breve, comercializar no PNAE e no PAA”, comemorou.
O projeto realizou a segunda capacitação, em 27 de junho, na sede da associação Corpo, quando foram passadas aos participantes as informações sobre produção, acondicionamento, pesagem, transporte e distribuição dos produtos, inseridas no manual de operação do Plano de Aquisição de Alimentos (PAA) do programa da Conab. “Mostramos a eles a transparência do projeto, o que o produtor e a organização fornecedora (a cooperativa) podem e o que não podem fazer em toda a cadeia de produção e venda. Ou seja, é um dinheiro público que vai entrar para a instituição e exige lisura das três partes: produtor, associação e recebedor. Creio que isso está sendo de muito interesse para os produtores, porque eles nunca viram um projeto de tamanha magnitude como este”, afirmou Luciano Andrade, presidente da Coopindaiá e consultor do projeto.
Intercâmbio
Na visita de intercâmbio à Coopindaiá, 20 agricultores, o secretário de Agricultura, Eduardo Schulter, e o coordenador de Políticas Agrárias, Luiz Augusto, de Santo Antônio do Descoberto, conheceram o processo logístico de recebimento e distribuição de alimentos, a parte administrativa, a fábrica de polpa de frutas, o biodigestor (que transforma estrume de gado em gás metano) e os projetos sociais (atendimento médico e dentário e um bazar de roupas e calçados). Eles visitaram também duas propriedades que são referência na cooperativa. “É muito importante que os produtores possam vislumbrar todo o crescimento da Coopindaiá e também o trabalho de dois produtores que modificaram a sua realidade através da produção de alimentos, que é o principal objetivo do Mãos Produtivas. Eles saíram daqui entusiasmados para dar continuidade ao projeto na região”, avaliou Schulter.
“A maior satisfação do nosso associado é poder mostrar a outros produtores o sucesso que tivemos, graças a um trabalho que começou em 2012, com credibilidade, persistência e um trabalho de formiguinha”, disse Luciano Andrade. Ele lembrou aos visitantes que nem tudo foi fácil. A cooperativa iniciou com 10 associados e conta, hoje, com 450, com atuação em cinco municípios goianos e no Distrito Federal para abastecer escolas e estabelecimentos privados.
Os agricultores tiram de letra a produção de alimentos. Mas, enquanto cooperados, a parte mais difícil no processo é a distribuição dos produtos. Foi essa a mensagem que Vantuil Gonçalves da Cruz, responsável pelo setor de logística da Coopindaiá, passou ao grupo. Ele contou que a cooperativa começou com uma Kombi, e que, hoje, a entrega de alimentos é feita por quatro caminhões. “Nós vamos passar para os produtores de Santo Antônio todo o passo a passo da logística e, mostrar também os erros que cometemos na caminhada para que eles não precisem passar pelo que passamos”, disse. O sucesso é total quando todos os setores e associados trabalham unidos e em sintonia pela causa, assegurou Vantuil.
Para o presidente da associação Corpo, Ronan Pereira Braga, a visita foi positiva. “Conhecer a produção e os tanques de refrigeração de leite e a lavoura de hortaliças da fazenda do Milton foi uma injeção de ânimo para nós trabalharmos em Santo Antônio”, disse. Segundo ele, o projeto deverá receber mais interessados após as capacitações do Mãos Produtivas e a visita à Coopindaiá.
Qualidade de vida
Rui Alves Duarte, de apelido Milton, que antes da cooperativa trabalhava para realizar os sonhos do patrão, depois de entrar para a Coopindaiá passou a ter condições de plantar e vender alimentos como dono de seu próprio negócio: plantio de hortaliças e pecuária de leite. “Antes eu tinha terra, mas eu perdia tudo o que plantava porque não tinha para quem vender. Mas, com o apoio da cooperativa, tomei a decisão de ser patrão. ” Em sua fazenda, Milton tem o foco em 1 hectare e meio de plantação de hortaliças, livres de agrotóxicos, mas também tira dinheiro de 20 vacas leiteiras. Muita coisa mudou de 2012 para cá, de acordo com a esposa de Milton, Tereza Ferreira Duarte. O casal comprou carro, ordenha mecânica, gerador e sistema de irrigação por aspersão, além de conseguir terminar de pagar a faculdade da filha e reformar a casa. “Hoje temos mais conforto e qualidade de vida”, disse.
A evolução do empreendimento de Milton surpreendeu tanto, que a propriedade da família recebeu, no ano passado, a visita de uma delegação com autoridades e produtores de oito países africanos e da América Latina, entre eles, os ministros da Educação e da Agricultura da África do Sul, que vieram conhecer a experiência da Coopindaiá. Milton foi convidado para integrar a comitiva de associados da cooperativa que irá visitar o país africano, Swissland, em novembro próximo, para repassar os seus conhecimentos em hortaliças aos produtores de lá. Quanto aos visitantes do município vizinho, Milton deu o recado: “Eu estou muito bem encaminhado na cooperativa e pronto a ajudar os amigos de Santo Antônio do Descoberto”, finalizou.
As capacitações acontecem na associação Corpo, mas atendem a produtores da agricultura familiar de outras comunidades da região, e a assistência técnica será prestada na propriedade dos produtores inscritos no projeto. Mais informações, pelo telefone: 61 3725-0022 (Cássio Meireles).
Ana Guaranys
Assessoria de Comunicação / Corumbá Concessões