O mês da mulher reacende muitas reflexões sobre o mercado de trabalho no Brasil. O cenário da pandemia trouxe ainda mais indagações sobre as diferenças de oportunidade nos ambientes corporativos. Conforme a Pnad Contínua, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 8,5 milhões de mulheres precisaram abandonar seus empregos no terceiro trimestre de 2020, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Os dados mostram que a taxa de participação na força de trabalho ficou em 45,8%, registrando uma queda de 14% em relação a 2019.
Para a Economista da Universidade Federal da Bahia, Diana Gonzaga, “além das questões que afetam todos os grupos, como perda de renda e emprego, cai sobe elas grande parte dos cuidados com filhos e casa”.
Assim, mesmo com um cenário desafiador para as mulheres brasileiras, é de se comemorar quando é possível encontrar casos de superação e de caminhada no sentido contrário às estatísticas.
Na liderança da Engaje!Comunicação no Rio Grande do Sul, Cíntia Miguel Kaefer, mãe de duas meninas, de 2 e 9 anos, afirma que o ano de 2020 foi de reinvenção. Além de liderar processos com os clientes de uma forma diferente, com mais agendas e reuniões de planejamento, foi preciso reorganizar o espaço da casa, uma vez que a família toda ingressou no home office e no homeschooling. “Mesmo acostumada com o trabalho remoto, o momento foi desafiador, servindo para organizar minuciosamente as demandas de trabalho e também os momentos de desligar de tudo e dar atenção total às crianças”.
Essa realidade tem relação direta com o relatório da Organização Internacional, do Trabalho (OIT), da ONU – realizado em 70 países, que demonstra as características femininas que impactam diretamente no mundo dos negócios, mesmo em cenários adversos. O levantamento mostra que a presença feminina em direções é um dos fatores que contribuem para o desempenho e lucratividade. Os dados apontam que as mulheres são mais empáticas e flexíveis, bem como, mais persuasivas e dispostas a assumir riscos.
No contexto afrontado pela pandemia há praticamente um ano, as pessoas tiveram que se adaptar ao novo contexto e pensar novas formas de fazer a gestão dos negócios. “A comunicação recuperou um espaço estratégico nas organizações, que precisaram falar com os seus funcionários, com a imprensa e com a sociedade de uma forma mais objetiva e transparente. E isso possibilitou a manutenção dos nossos negócios e até um crescimento no atendimento no segundo semestre do ano”, enfatiza a Diretora da agência no Rio Grande do Sul.
É possível perceber que o Brasil está em caminhada quanto à igualdade de oportunidades no trabalho. Dados da Organização Internacional do Trabalho mostram que enquanto a Jordânia lidera o ranking com 62% dos cargos de chefia preenchidos por mulheres, o Brasil aparece na 25ª posição, com 39,4% de mulheres em cargos de chefia. Na área de comunicação corporativa, também existem dados que reforçam esse processo. Segundo a pesquisa “Perfil da Liderança em Comunicação no Brasil”, divulgada pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), as mulheres ocupam 69% dos cargos de liderança na comunicação corporativa no Brasil e representam 45% do total de cargos de direção ou vice-presidência nas empresas onde trabalham.
Na Engaje! Comunicação há mais mulheres na liderança dos processos atualmente e isso possibilita a abertura para esses espaços de reflexões, pois a agência precisa acompanhar os diálogos sobre as temáticas que acompanham seus clientes e a sociedade. Segundo Cíntia, é preciso avançar, o mercado de trabalho precisa acolher e possibilitar que as mulheres voltem aos espaços deixados na pandemia, como forma de persistir no processo de desenvolvimento das carreiras femininas. Este retorno precisa ocorrer sem que o sentimento de culpa e a falsa ideia de “precisar dar conta de tudo” impliquem no cotidiano profissional. A sociedade evolui a cada dia e as questões de gênero, de divisão de tarefas e de respeito às opções pessoais precisa evoluir no mesmo sentido, enfatiza