Você completou a pouco tempo 700 jogos pelo Sport em 13 anos pelo clube. Como é a sensação de chegar nessa marca histórica?
Magrão: 700 jogos é uma marca difícil de um jogador chegar hoje em dia, e eu me sinto muito honrado de vestir a camisa do clube e completar uma marca tão grandiosa, então pra mim é uma gratificação muito grande poder atingir essa marca e vestir a camisa do Sport.
Você ganhou o Campeonato Pernambucano sete vezes, Copa do Brasil, Copa do Nordeste, além de melhor goleiro do Pernambucano 6 vezes, Seleção da Copa do Nordeste, entre muitos outros títulos individuais e coletivos. Você acha que faltou algo na sua longa carreira?
Magrão: Sempre falta, pelo campeonato que eu disputo a intenção é sempre de conquistar títulos. Como você falou muito bem, tive vários títulos aqui no clube, Estadual, Nordeste, Copa do Brasil, e um que eu sempre falo aqui e que seria importante é um internacional, um Sul-Americano. Mas infelizmente a gente não conseguiu ainda, mas estamos na luta. Mas sabe que os títulos que foram conquistados são importantes não somente para mim mas para o clube também.
Após um início com altos e baixos no Sport, você se firmou no time titular, sendo cogitado, em 2008, a ir para o futebol espanhol. Por que não foi jogar na Espanha?
Magrão: Na verdade, não deu certo. O pessoal acabou se interessando por um goleiro de lá mesmo, que acabou sendo emprestado de um outro time pra lá, e as coisas não foram pra frente. Mas não me arrependo, porque a história que eu estou construindo aqui no clube é maravilhosa, então só tenho que agradecer muito a Deus por estar tanto tempo no clube e podendo dar alegria para o nosso torcedor.
Pode-se dizer que 2008 foi o ano em que você conquistou a torcida do Sport, que você começou a sua trajetória como o lendário goleiro que até hoje continua sendo?
Magrão: Acredito que sim, pelo fato da importância do título que é a Copa do Brasil. É um título que o clube ainda não tinha, e da maneira que foi conquistada, tudo isso leva sem dúvida nenhuma aos jogadores cravarem seu nome no clube e, consequentemente, vieram outros e com certeza foi a partir daí, de 2008, que foi um ano importante.
Você foi elogiado pelo Rogério Ceni, em 2007, pelo alto nível mostrado em campo. E sua primeira defesa de pênalti com a camisa do Sport veio nesse mesmo ano, onde você defendeu um pênalti justo dele. O que passou pela sua cabeça ao ver quem iria cobrar o pênalti, e qual foi a sensação da defesa?
Magrão: Primeiro que quando ele veio na bola, ele já tinha uma fama muito grande de batedor de pênalti, e a gente fica meio apreensivo pela qualidade do batedor. Mas a partir do momento que eu pude fazer a defesa foi uma satisfação, uma alegria muito grande por ter defendido um pênalti de um grande batedor. Então quando a gente consegue defender uma cobrança desses jogadores assim, é sempre uma alegria muito grande.
Nesse mesmo ano (2007), ficou marcado como o ano do milésimo gol do Romário, que foi feito em um jogo justamente contra o Sport. O fato de ter levado esse gol afetou sua mente, por ficar marcado, ou foi apenas mais um gol?
Magrão: Foi natural, a marca maior é dele, foi um protagonista na história e um grande jogador. Mas não influenciou nada depois daquele jogo. Continuei minha trajetória, conquistei títulos, ainda estou nessa caminhada, na ativa. Pra mim não mudou em nada.
O que você faz para manter o alto nível mesmo ao completar 41 anos?
Magrão: Então, acredito que deva ser o profissionalismo, uma vida regrada. Porque a gente sabe que hoje o futebol é muito intenso, treinamento forte, e você não consegue jogar com uma certa idade e ser produtivo se seu corpo não estiver preparado. Então, eu sou uma pessoa que me cuido fora do campo, e isso faz com que eu esteja na trajetória.
.Qual o futuro do Magrão dentro do futebol?
Magrão: Primeiro, eu tenho contrato até dezembro, e espero poder ajudar a equipe dentro de campo, dando meu máximo como eu fiz durante toda a minha carreira. E depois pensar com calma, ver se eu continuo ou não, é uma decisão que eu devo tomar agora ao decorrer desse brasileiro e futuramente vai depender do clube se fizer algum contato ou proposta para poder dar sequência em outra área. Seria importante, mas não depende só de mim, vai depender do clube, se vai achar que eu sou útil para alguma função aqui no clube.
.É visível dentro do mundo do futebol que tem muitos jogadores que quando param de jogar viram técnicos, como Zidane e Gattuso, ou preparador de goleiros. Você tem algum pensamento nisso, ou pensa no presente, em continuar fazendo o trabalho que tem feito?
Magrão: Penso no presente, mas a gente também sabe que precisa programar o futuro. Mas eu não tenho vontade nenhuma de ser treinador, não passa pela minha cabeça. Eu não tenho esse perfil, e agora é pensar no Brasileiro, e depois aí sim sentar e ver se têm condições de continuar ou de ver outra função.
Por André Atan, Mateus Gouvea e Ricardo Ribeiro
Foto: Williams Aguiar – Sport / Divulgação