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‘Não existe mais bolha cultural no Distrito Federal’

No Papo Aberto desta semana, o secretário Bartolomeu Rodrigues comemora a descentralização da cultura no Distrito Federal, avalia os benefícios da realização da 54ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em formato remoto e fala à Agência Brasília, em primeira mão, sobre a transformação do Complexo Funarte no Centro Ibero-americano de Culturas.

O secretário também comemorou o sucesso da Feira de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, realizada na Praça da República, totalmente reformada, e dos cerca de R$ 200 milhões destinados ao fomento do setor neste ano. Ele fala ainda sobre outras conquistas, projetos e até emoções vivenciadas à frente da pasta.

Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista.

Atualmente, em que etapa se encontra o processo de descentralização do apoio à cultura no DF?

Com a nossa política de descentralização, de atender a periferia, furamos todas as bolhas. Não existe mais bolha cultural no Distrito Federal. Antes, os recursos atendiam a grupos e isso era motivo de muitas críticas, ninguém acreditava que o Estado poderia contribuir com seus projetos. Não estamos dialogando com alguns segmentos, mas com muitos. Outras expressões artísticas, como os contadores de história, vieram aqui agradecer o apoio ao setor. Eles receberam pela primeira vez recursos do Estado por meio dessa política de descentralização da secretaria. Chorei ao recebê-los com faixas de agradecimento e uma placa para me presentear.

Como está a 54ª edição do Festival de Cinema?

O formato virtual retira o calor humano que sempre caracterizou o Festival de Brasília, mas, em contrapartida, a mostra hoje é nacionalizada. E os debates acalorados continuam, pois eles também existem no formato remoto, até mesmo pela qualidade das pessoas que estão participando do evento, como [os cineastas] Costa-Gavras e Ruy Guerra. Neste ano, acredito que o festival esteja atingindo 1,5 milhão de pessoas. Não é à toa que esse festival tem o subtítulo Cinema do Futuro e o Futuro do Cinema. Este é um momento de discussão do cinema nacional, que está passando pela pior crise de sua história.

Também é importante abordar que Brasília, nesta crise, passou a ser protagonista do cinema nacional. Por meio do Fundo de Apoio à Cultura, 18 longas-metragens já estão inscritos para serem apresentados no festival do próximo ano. O Rio de Janeiro, que é a Meca do cinema nacional, não chega nem perto disso. Hoje, todos os olhos na área do audiovisual estão voltados para Brasília. Esta edição acontece em um momento em que Brasília ganha um protagonismo que nunca teve. Neste momento, a classe do audiovisual, que está sufocada, amordaçada, tem 18 longas financiados aqui no Distrito Federal.

O sr. poderia falar sobre o andamento do projeto de reforma do Teatro Nacional?

Nos últimos meses, fizemos uma readequação do projeto básico, que tinha seis anos e precisava ser atualizado. Por exigência da Caixa Econômica Federal, fizemos a readequação das mais de 400 plantas que precisaram ser modificadas. Mais de 2 mil itens foram atualizados. Todo esse processo foi concluído e entregue à Caixa, que é o agente financeiro da reforma.

Qual o valor da obra?

O valor do financiamento para a reforma é de R$ 33 milhões, e esses recursos serão destinados à Sala Martins Penna. Porém, com a readequação, o valor da obra aumentou. Tivemos a pandemia no meio do caminho, então é natural que o projeto tenha sofrido modificações. O governador Ibaneis Rocha já liberou os recursos da contrapartida, no valor de R$ 15 milhões. O valor total da obra será de R$ 48 milhões.

“No ano que vem, a capital estará com uma agenda muito rica com relação às culturas dos países ibero-americanos. Para isso, estão sendo feitos entendimentos com as embaixadas dos 24 países participantes”

E o restante do teatro, como as salas Villa-Lobos e Alberto Nepomuceno?

Nós fatiamos a reforma do Teatro Nacional. Muitas coisas já estamos fazendo, como trabalhos internos, por exemplo. Reformamos o sistema de ar-condicionado e temos condições de fazer a reforma da Sala Alberto Nepomuceno. O projeto está sendo elaborado. O foyer do teatro está recebendo benfeitorias com recursos próprios da Secretaria de Cultura, sem necessidade de financiamento. Futuramente teremos outra grande obra, que é a da Sala Villa-Lobos. A reforma não se encerra com a entrega da Martins Penna. O Governo do Distrito Federal quer concluir a obra do Teatro Nacional.

Outra obra que está sendo empreendida pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa é a da Sala Plínio Marcos, no Complexo Cultural Funarte.  Quando será concluída?

Aquele espaço não é mais Funarte, a placa até já foi retirada. Em 2022, aquele complexo vai transformar-se no Centro Ibero-Americano de Culturas. No momento, a cidade do México tem esse título, que será entregue a Brasília em abril de 2022. No ano que vem, a capital estará com uma agenda muito rica com relação às culturas dos países desse bloco. Para isso, estão sendo feitos entendimentos com as embaixadas dos 24 países participantes. O Espaço Funarte será reinaugurado com atividades culturais de todos os países que fazem parte da América Ibero-Americana. Serão eventos como festival de cinema, feiras gastronômicas, teatro dos países, artesanato. O espaço ficará pronto no início de 2022. O valor total da obra de manutenção é de cerca de 800 mil.

E como foi a experiência do projeto Praça da República?

O evento foi ótimo, marcou a entrega formal da reforma da praça. Foram três dias de evento – o nome era T Cultura –, que contou com a presença maciça da população. Foi o primeiro evento público em que foi exigido o certificado de vacinação. Nossa ideia é realizar muitas atividades no local a partir de abril do próximo ano, quando terminam as chuvas. Temos um projeto bonito que é fazer atividades culturais de praça, como rodas de choro e de capoeira, quadrilhas etc. O nome provisório é Quintas às Cinco e Meia.

O que é a Escola do Carnaval?

A Escola do Carnaval é um projeto destinado à capacitação do setor do carnaval. Ele foi preparado considerando a possibilidade de não ter evento. A gente se preocupou em manter as atividades daqueles que formam a cadeia produtiva da festa, como as costureiras, as pessoas que trabalham com adereços, manutenção dos equipamentos, entre outros. É uma forma de manter o carnaval vivo dentro de suas próprias sedes. Essa ideia foi abraçada pela comunidade carnavalesca, e todos aplaudiram porque traz benefícios para as escolas de samba.

CATARINA LIMA, DA AGÊNCIA BRASÍLIA | EDIÇÃO: SAULO MORENO