Equipes do DF Legal, acompanhadas de policiais militares e tratores, demoliram áreas e lotes do condomínio JK Ville — onde moram cerca de 300 famílias —, na área conhecida como Cana do Reino no Assentamento 26 de Setembro, ao lado da BR 001. As famílias moradoras do local, na tentativa de impedir a entrada dos agentes, incendiaram pneus e paus na via e o trânsito foi interditado.
Os residentes da área afirmam que a propriedade é privada e foi comprada, não invadida. No local, os advogados defendiam que os agentes de demolição começaram a derrubada sem apresentar documentos legais para tanto. Por sua vez, o DF Legal informou que está cumprindo uma decisão judicial do juiz Carlos Frederico Maroja de Medeiros, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, que, segundo a nota do órgão, visa combater ocupações irregulares na região.
Raul Júnior, 43, presidente da associação dos moradores do local e que também mora na área, conta que os residentes fizeram tudo de boa fé e não são invasores. “Nós compramos um sonho e estamos vivendo essa realidade. Brasília inteira teve partilhamento ilegal de solo e foi nisso que nós caímos. Isso não é terra pública, é particular, nós compramos. Semana passada já derrubaram sete casas aqui, tudo sem apresentar documentos”, compartilha.
O DF Legal informou em comunicado que a ação na região se dá pelo local ser objeto de grileiros e, nas palavras do juiz de direito que emitiu a decisão judicial, com “a gravíssima denúncia de formação de milícias, uma das formas mais socialmente daninhas de crime organizado”. Segundo levantamento prévio do parcelamento ilegal, a previsão de lucros dos grileiros com a venda dos lotes irregulares é de R$ 62 milhões.
A advogada Lívia Carolina Soares Dias de Medeiros, uma das representantes dos moradores, defendeu os residentes e adicionou outra crítica aos policiais. “Aqui não tem bandido, são só famílias que querem exercer seu direito de moradia. Eles (policiais) chegam violentos e truculentos, mesmo sem apresentar nenhum documento”, diz. Fonte Correio Braziliense