Nem a crise econômica causada pela pandemia do covid-19 impediu o crescimento do agronegócio e, principalmente, da fruticultura no Distrito Federal. Relatório da equipe de estatística da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF) mostra um aumento de 18% em áreas e 14% na produção de 2021 em relação a 2020.
No ano passado, foram cultivados 1.420 hectares e produzidas 34 mil toneladas de frutas no DF. Em 2020, foram registrados 1.202 hectares plantados e 30 mil toneladas produzidas.
Para que esse crescimento se mantenha, a Secretaria de Agricultura (Seagri), em parceria com a Emater-DF, fornece subsídios para aumentar tanto as produções quanto o número de produtores existentes no DF. “É muito perceptível que o interesse aumentou, mais pessoas têm nos procurado”, conta o secretário-executivo da Agricultura, Luciano Mendes.
A Seagri investe em políticas públicas nas mais variadas searas, desde a distribuição de maquinários até a maior facilidade de créditos para os produtores. “Tudo é feito de maneira bem planejada para que todos os produtores rurais sejam acolhidos da melhor maneira possível e não tenham prejuízo evidentemente”, diz Mendes.
“Tudo é feito de maneira bem planejada para que todos os produtores rurais sejam acolhidos da melhor maneira possível e não tenham prejuízo evidentemente” – Luciano Mendes, secretário executivo da Agricultura
“Por exemplo, eles podem investir usando o Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR) da Seagri, que visa promover evolução rural no Distrito Federal, com ações que permitam o aumento da produção e da produtividade, da renda, da segurança alimentar e a permanência do homem no espaço rural. Na modalidade crédito, são financiados projetos de investimentos e custeio agropecuários”, explica o secretário.
A respeito da distribuição de máquinas, Luciano Mendes conta que só no ano passado foram enviadas 40 patrulhas agrícolas, de forma gratuita, para os profissionais do setor. Cada patrulha é composta por um trator de 75 cavalos, uma carreta agrícola, um rotoencanteirador hidráulico, uma grade aradora com disco de 26 polegadas e um arado reversível hidráulico de três discos.
“O produtor já começa com apoio de maquinário, que vai facilitar a vida dele no que diz respeito ao manejo do solo. Aí chega a Emater e dá auxílio técnico”, conta Mendes. “Além disso, depois que ele começa a produzir, nos comprometemos em comprar parte da produção, em caso de se tratar de um agricultor familiar, o que é mais um incentivo para que ele siga produzindo.”
“Todos os setores da economia sofreram com a pandemia, isso é nítido, mas a gente percebe que está tendo uma recuperação, e com o agronegócio não é diferente” – Felipe Camargo, coordenador de Fruticultura da Emater-DF
Coordenador de Fruticultura da Emater-DF, Felipe Camargo explica que o papel da empresa é passar aos produtores as novidades de pesquisa, por meio de assistência no dia a dia da propriedade, oficinas, cursos, excursão a centros produtores e polos na produção de frutas. Ou, ainda, por projetos para financiamento da atividade, custos de produção, receitas.
Camargo crê que essa é a área do momento que tende a crescer ainda mais. “Todos os setores da economia sofreram com a pandemia, isso é nítido, mas a gente percebe que está tendo uma recuperação, e o agronegócio não é diferente. Há uma grande tendência de o comércio ir abrindo com mais força, então o agro também tem a tendência de estar crescendo”.
Mais investimentos
Além dos maquinários, do crédito rural, das compras institucionais, do acesso a mudas de frutas e a insumos como adubos, equipamentos para associação ou cooperativas e agricultura familiar, há um investimento para que o produtor não tenha problemas com a escassez de água.
“Os canais estão sendo tubulados para evitar desperdício. A ideia é que a mesma quantidade de água que entra na produção chegue até o final. Antigamente, apenas 50% chegavam até o fim”, disse o secretário-executivo da Seagri.
Cada uma das 40 patrulhas agrícolas tem o custo de R$ 300 mil. Só no ramo de irrigação, o Governo do Distrito Federal (GDF), na gestão de Ibaneis Rocha, investiu R$ 7 milhões. Nas compras de alimentos de agricultores familiares foram investidos R$ 25 milhões.
“Isso mostra o tanto que o Governo do Distrito Federal aposta no agro e se importa com quem entra para esse tipo de produção. Todo o suporte é dado desde a entrada até o momento em que a pessoa estiver trabalhando na área”, pontua Luciano Mendes.
Felipe Camargo faz uma previsão em relação ao crescimento da fruticultura no DF: “Está sendo criada a Rota da Fruticultura no DF. Com incentivos de diversos órgãos distritais e federais, acredito que seremos um polo de referência na produção de frutas nos próximos cinco anos”.
O engenheiro agrônomo Gustavo Evangelista, 36 anos, cultiva mirtilo, banana e morango juntamente com um amigo no Núcleo Rural Boa Esperança II, Lago Norte, próximo à Granja do Torto. E diz que o clima local é propício para que o DF cresça ainda mais no setor em que ele atua.
“A demanda interna do DF já é alta o bastante para incentivar o produtor a vender localmente. Contando ainda com o posicionamento geográfico central, quando se fala de Brasil, é um ótimo lugar para se produzir frutas pensando também na exportação para outros estados. Outro ponto forte no DF é o clima que permite uma variedade imensa de frutas”, explica o profissional.
Petronilo Oliveira, da Agência Brasília | Edição: Rosualdo Rodrigues