Uma rotina de visitas anuais ao oftalmologista pode ser o diferencial entre enxergar ou não. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que, a cada dez casos de cegueira, oito poderiam ser tratados ou evitados se diagnosticados precocemente. Para garantir atendimento preventivo, a rede pública de saúde do Distrito Federal oferece cuidados oftalmológicos em grande parte dos hospitais de atenção secundária.
“Uma das maiores responsáveis pela cegueira reversível é a refração prescrita e não usada pelo paciente. O uso de óculos é tratamento, serve para ensinar o cérebro a enxergar corretamente” – Núbia Vanessa Lima, Referência Técnica Distrital (RTD) de Oftalmologia
De acordo com a médica Núbia Vanessa Lima, Referência Técnica Distrital (RTD) de Oftalmologia, apenas duas regiões administrativas não têm o serviço especializado. “Planaltina é atendida por Sobradinho e Samambaia fica a cargo de Taguatinga e Ceilândia”, detalha. “O DF conta também com clínicas particulares credenciadas pela Secretaria de Saúde para atender a população.”
Entre as principais causas da cegueira em adultos no DF estão a retinopatia diabética, o glaucoma, a catarata e a degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Mas a perda da capacidade visual também pode estar relacionada a distúrbios como miopia, hipermetropia e astigmatismo. “Uma das maiores responsáveis pela cegueira reversível é a refração prescrita e não usada pelo paciente”, relata Núbia. “O uso de óculos é tratamento, serve para ensinar o cérebro a enxergar corretamente.”
Público infantil também merece atenção
A cegueira não acomete apenas os adultos. Levantamento da Agência Internacional de Prevenção à Cegueira (IAPB) aponta que, no Brasil, cerca de 33 mil crianças perderam a visão por conta de doenças oculares que poderiam ter sido tratadas precocemente. A rápida identificação dessas patologias tem no Teste do Reflexo Vermelho um grande aliado.
Oftalmologista da Secretaria de Saúde, Adriana Sobral explica que o popularmente conhecido como Teste do Olhinho é realizado pelo pediatra ainda na sala de parto. “Só assim é possível identificar alterações na retina ou doenças como o glaucoma congênito e a catarata congênita”, avisa. O exame deve ser repetido outras três vezes ao longo do primeiro ano de vida da criança.
Foi um Teste do Olhinho realizado no Hospital Regional de Taguatinga que descobriu o glaucoma congênito da pequena Emilly Araújo, 3 anos. A mãe, Edna, lembra dos momentos de agonia diante do diagnóstico. “Ela tinha só 2 meses, fiquei muito assustada”, conta. “Sabia que ela poderia ficar cega se a doença não fosse tratada.”
A menina passou por cirurgia no Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib) aos 6 meses de idade. Um mês depois, começou a usar óculos. “Hoje, ela leva uma vida normal. Brinca e estuda como qualquer criança”, conta Edna. “A única diferença é que precisamos fazer uma consulta de rotina a cada seis meses. Esse acompanhamento vai ser pela vida toda dela.”
Carolina Caraballo, da Agência Brasília | Editor: Saulo Moreno