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‘Quando o governo investe no servidor, o lucro é da sociedade’

A Escola de Governo do Distrito Federal (Egov) tem como principal finalidade a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos. A instituição, que faz parte da estrutura administrativa do governo, oferece cursos presenciais e a distância sobre temas diversificados, conforme a Política de Formação, Capacitação e Desenvolvimento dos Servidores Públicos do GDF. 

Para a diretora-executiva da Egov, Juliana Tolentino, a capacitação é responsável pelo pleno funcionamento da máquina pública, inclusive em um momento tão crítico como o da pandemia. “Com mais sabedoria e conhecimento, é possível fazer melhor e causar um impacto maior. Quando você não está preparado para lidar nem com as ferramentas nem com sua equipe, o desgaste é muito maior, o estresse é muito maior”, afirma.

As principais capacitações desenvolvem técnicas relacionadas à legislação e sistemas da administração pública, além de habilidades comportamentais, que auxiliam o atendimento dos servidores ao público. Com a pandemia do novo coronavírus, foram entregues 14.502 certificados em 2019 e 6.958 no primeiro ano da crise sanitária. Já em 2021, com a retomada das principais atividades presenciais, foram 13.615 certificações e, até abril deste ano, 4.069.

A instituição está vinculada à Secretaria Executiva de Valorização e Qualidade de Vida (Sequali), da Secretaria de Economia (Seec), conforme Decreto nº 40.918, de 24 de junho de 2020. A seguir, confira trechos da entrevista da diretora-executiva à Agência Brasília.

O que é exatamente a Escola de Governo?

“Quando você não está preparado para lidar nem com as ferramentas e nem com sua equipe, o desgaste é muito maior, o estresse é muito maior. Então, a capacitação de técnicas e habilidades comportamentais faz com que tudo flua com mais facilidade”

A Escola de Governo tem como missão e maior objetivo trabalhar a capacitação de forma contínua dos servidores públicos, visando ao melhor atendimento da população, para que o servidor esteja cada dia mais preparado para atender da melhor forma possível o público. Trabalhamos para melhorar a gestão e funcionamento da máquina pública. Nosso público são todos os servidores ativos do Distrito Federal: são mais de 100 mil pessoas. Atendemos os agentes públicos dos órgãos e entidades da administração direta e indireta, autárquica, fundacional, das carreiras civis ou militares.

Por que é importante que o servidor conheça e procure se capacitar por meio da Egov?

Na escola, nós trabalhamos para sanar as dores e necessidades dos servidores dos órgãos para entregar um melhor resultado e serviço para a população, que é o nosso objetivo final. Quando você vai a um [posto do] Na Hora e o servidor está preparado para o atendimento ao público, consegue trabalhar com facilidade com o sistema. Isso é resultado da capacitação. A palavra servidor já diz. Ele passa no concurso, é nomeado para servir à população, ao governo. A capacitação é responsável pelo melhor desenvolvimento da máquina pública, dos órgãos, das equipes. Com mais sabedoria e conhecimento, é possível fazer melhor e causar um impacto maior. Quando você não está preparado para lidar nem com as ferramentas nem com sua equipe, o desgaste é muito maior, o estresse é muito maior. Então, a capacitação de técnicas e habilidades comportamentais faz com que tudo flua com mais facilidade. Quando o governo investe no servidor, o lucro é da sociedade.

Qual é a oferta de cursos da Egov nas modalidades a distância e presencial?  

“Temos uma carteira de 20 cursos de Ensino a Distância (EaD), que ficam disponíveis para que os servidores possam fazer a qualquer momento, e mais 200 cursos presenciais”

Temos uma carteira de 20 cursos de Ensino a Distância [EaD], que ficam disponíveis para que os servidores possam fazer a qualquer momento, e mais 200 cursos presenciais que estamos capacitados a oferecer. Os temas desenvolvidos a distância, normalmente, são aqueles mais demandados e que precisam ser feitos por um número maior de servidores. Por exemplo, no ano passado trabalhamos um curso da Norma Regulamentadora 32, que estabelece diretrizes básicas para a segurança e a saúde dos trabalhadores de saúde. O curso precisava estar à disposição de 60 mil servidores, por isso optamos pelo EaD. Já os cursos presenciais contemplam diversos temas, desde os mais práticos, como pilotagem de drone, até outros mais técnicos e que desenvolvem habilidades comportamentais.

Como é definida a programação dos cursos? De onde surgem as temáticas?  

Nós trabalhamos de acordo com a Política de Formação, Capacitação e Desenvolvimento dos Servidores Públicos do GDF. Com isso, elaboramos os programas e cursos que serão ministrados. Também prezamos pela participação dos órgãos, com reuniões sobre as demandas dos servidores, em que montamos uma trilha para atender e sanar os problemas. Também avaliamos a procura pelos cursos, pois a demanda costuma ser muito grande. Quando um curso tem 30 vagas, por exemplo, e há procura por 400 profissionais, abrimos novas turmas. Ainda observamos as problemáticas e o cenário do Distrito Federal pelo noticiário e levantamentos da Codeplan [Companhia de Planejamento do Distrito Federal] e, em cima disso, ofertamos as capacitações.

“Antes, tínhamos uma turma de Libras por ano ou a cada dois anos. Agora, temos três turmas anuais, com duração de três meses”

Quais são os cursos mais procurados?

Os mais demandados são Gestão e Fiscalização de Contratos – a distância –, Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, Lei Geral de Proteção de Dados, Lei de Acesso às Informações, a nova Lei de Licitações e Contratos e seus principais desafios e o módulo de uso do Sistema Eletrônico de Informações [SEI].

O servidor pode contribuir com sugestões?

Sim. Ao final de todos os cursos, fazemos uma pesquisa com os servidores, com a opção de indicar novas temáticas. Também temos um canal muito aberto com os instrutores e com quem tem interesse em ser instrutor. Quem atende a todos os critérios para ser instrutor da Escola de Governo pode se cadastrar a qualquer tempo no nosso banco e contribuir cada vez mais com a instituição.

Quais os próximos planos para o desenvolvimento da Escola de Governo?

Estamos aumentando o número de cursos ofertados. Até então, [a oferta] era de 10 a 11 por semana. A partir da segunda semana de maio, passa a ser 15 por semana. Temos os projetos de desenvolvimento de habilidades, principalmente o Virando a Chave com a Comunicação Não Violenta, em que o objetivo é compreender as habilidades socioemocionais dos servidores, planejamento de capacitação da nova Lei Geral de Proteção de Dados, novos cursos de atendimento ao público, entre outros projetos e eventos.

Nós estamos com um olhar especial para isso. A escola está toda preparada para receber as pessoas com deficiência, tanto em relação ao espaço físico, com banheiros adaptados, rampas, quanto aos nossos cursos. Antes, tínhamos uma turma de Libras por ano ou a cada dois anos. Agora, temos três turmas anuais, com duração de três meses e [sistema] presencial. Também lançamos um curso de SEI para deficientes visuais. As aulas acontecem no laboratório, com no máximo dez alunos, com programa específico para eles. Ao final, eles recebem um certificado em braille. Também estamos trabalhando em um curso de Libras a distância, em que a ideia é incluir temas mais direcionados, como Libras para a área de saúde. A previsão é que saia até junho.

A Egov tem trabalhado a temática emocional do servidor?

Em 2019, com a entrada da nova gestão, incluímos temas voltados para o lado comportamental do servidor que estavam esquecidos, além de termos aumentado a oferta de capacitação. Nós estamos em contato frequente com a Secretaria Executiva de Valorização e Qualidade de Vida e a Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho. Nós temos acesso aos dados dos servidores e conseguimos analisar as problemáticas que envolvem os servidores, principalmente das áreas de saúde, educação e segurança pública. Há um adoecimento muito pesado na parte emocional, por isso estamos sempre atentos ao que pode ser feito para diminuir esse sofrimento.

Catarina Loiola, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger