O objetivo é alertar sobre a necessidades de ouvir e acreditar nas vítimas sobreviventes e, principalmente, colocar fim à cultura do silêncio que impede a ruptura do ciclo de atos violentos e abusivos. No Brasil, a campanha ganhou cinco dias extras: começou no Dia Nacional da Consciência Negra (20/11) e se estende até o Dia Internacional dos Direitos Humanos (10/12). “Você não consegue uma sociedade com igualdade salarial, de oportunidades e promoção se as mulheres ainda são as maiores vítimas da violência e se elas ainda têm o direito à vida em risco”, afirma Sandra Miranda, assessora especial da mulher.
Os dados sobre violência contra a mulher no Brasil são alarmantes. Levantamento do Ligue 180, Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, divulgado pelo Ministério dos Direitos Humanos (MDH), revela que, no primeiro semestre de 2018, foram 994 homicídios. Desses, 27 caracterizavam-se como feminicídio (assassinato motivado pelo fato de a vítima ser do sexo feminino). Ocorreram 118 tentativas de homicídios e 547 tentativas de feminicídios.
No mesmo período, os relatos de violência chegaram a 79.661, sendo a maioria referente à violência física (37.396) e violência psicológica (26.527). Entre eles, 63.116 foram classificados como violência doméstica, o que abrange abusos físicos, sexuais, psicológicos e económicos contra a companheira ou integrante da família.
Homicídios contra mulheres
Já o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) divulgou em agosto deste ano, em seu Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que o número de homicídios praticados contra mulheres passou de 4.245 casos em 2016 para de 4.539 em 2017, representando um aumento de 6,1%. O documento mostra também um recrudescimento no número de feminicídios, que, de 2016 a 2017, foi de 929 para 1.133 em todo o país.
A mobilização global apoiada pela campanha do secretário-geral das Nações Unidas Una-se pelo Fim da Violência Contra as Mulheres é lembrada pela cor laranja. A tonalidade foi escolhida para celebrar o dia 25 de todos os meses do ano, visando aumentar a conscientização sobre a luta para pôr fim à violência contra a mulher. A data foi proclamada pela ONU como o Dia Laranja.
Las Marisposas
Os 16 Dias de Ativismo começaram em 1991, quando mulheres de diferentes países, reunidas pelo Centro de Liderança Global de Mulheres (CWGL), iniciaram uma campanha com o objetivo de promover o debate e denunciar as várias formas de violência contra as mulheres no mundo.
A data é uma homenagem às irmãs Pátria, Minerva e Maria Teresa, que se insurgiram contra a ditadura do presidente da República Dominicana Rafael Trujillo – ele próprio teria sido rejeitado pela bela Minerva – e acabaram covardemente espancadas até a morte em 25 de novembro de 1960. Elas ficaram conhecidas como Las Mariposas. Hoje, cerca de 150 países desenvolvem a campanha. No Brasil, ela acontece desde 2003, por meio de ações de mobilização e esclarecimento sobre o tema.
Texto: Metrópoles, com ateração.
Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados