Ao entrar no estande, os atiradores foram informados que deveriam se equipar com material de proteção. O aviso é direcionado a todos que estão dentro e fora das pistas. Após uma demorada instrução sobre as regras do esporte e do exercício praticado naquele dia, o primeiro praticante é chamado para o exercício. O instrutor novamente alerta sobre as normas do estande: utilizar os equipamentos de segurança, colocar o dedo no gatilho somente para efetuar o disparo, apontar a arma apenas na direção do para-balas ou do alvo e se comportar como se o armamento estivesse municiado. Depois de terminados os preparativos, o instrutor autoriza que o atirador inicie a atividade. O roteiro para o treinamento é de em um clube de tiro em Brasília que garante um aumento de adeptos nos últimos meses.
O tiro esportivo atrai adeptos homens e mulheres de diversos setores, desde advogados e delegados a fisioterapeutas e servidores públicos, que entram em clubes especializados tanto por amor ao esporte quanto por curiosidade ou autodefesa. Segundo o instrutor e advogado Luiz Gustavo Pereira da Cunha, o tiro esportivo é tem atraído novos adeptos na capital. Além disso, ele destaca que a primeira medalha olímpica que o Brasil já conquistou foi no tiro esportivo, assim como a primeira conquista nas Olimpíadas de 2016.
Para se ter contato com o tiro esportivo, a pessoa interessada deve cumprir uma série de requisitos necessários para que se torne apta a praticar a modalidade. O primeiro passo é a obtenção do Certificado de Registro para atirador desportivo, caçador e colecionador de armas, que é emitido pelo Exército. Para obter essa certidão é necessário que o interessado comprove estar em dia com as justiças criminal e eleitoral por meio da apresentação da ficha criminal e da certidão de quitação eleitoral. Também é fundamental que o praticante não possua pendência nos registros de devedores, além de ser submetido a um exame psicotécnico e ter que apresentar um laudo de aptidão técnica realizado por um instrutor credenciado pela Polícia Federal.
O instrutor credenciado Rodrigo Carletti, afirmou que a posse de uma arma é legalmente opcional aos clubes de tiro. Porém, as circunstâncias tornam necessária que o usuário possua um equipamento próprio para que consiga se aprofundar no esporte. A obtenção do armamento requer que a pessoa interessada esteja associada a algum clube de tiro, ser maior de 25 anos e levar a nota fiscal da arma escolhida ao clube ou ao despachante autorizado para que se faça o seu registro. O porte da arma carregada de casa até o clube também requer documentação especial: a via de tráfego, emitida pelo Exército.
Um esporte caro
Em um dos clubes visitados, um curso de 7h30 de duração (para armas curtas), que inclui 100 disparos, custa R$ 690. Para armas longas, o custo é de R$ 540. A prática da modalidade exige uma série de gastos por parte do atirador. Além do custo envolvido no processo burocrático da obtenção da documentação e material necessários (arma, munições e equipamento de segurança), a atividade envolve uma série de gastos a longo prazo.
A legislação determina que a pessoa interessada em adquirir uma arma deve possuir um cofre de segurança, estar com a anuidade referente ao clube de tiro associado quitada e realizar manutenção e limpeza constante do equipamento. O instrutor Rodrigo Carletti afirma que “não é um esporte barato, porém também não é dos mais caros.”
Cultura armamentista em casa
A prevenção de acidentes é uma das maiores preocupações dos instrutores entrevistados. E as providências necessárias não devem ser direcionadas apenas ao proprietário da arma, mas também aos familiares.
Os instrutores da modalidade alertam que esconder a arma da família não é o procedimento correto para impedir que acidentes caseiros ocorram. Ambos afirmam que o certo a se fazer é mostrar aos familiares como o equipamento funciona e como proceder com segurança ao manuseá-lo, a fim de inibir o excesso de curiosidade ou de medo da ferramenta. Por fim, Luiz Gustavo reforça a ideia de que “a curiosidade é a principal causa de acidentes.”
Por Lucas Neiva e João Paulo de Brito
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira