Coletivos culturais em Taguatinga criam novas cenas urbanas; assista a vídeo

Diante da violência, moradores de Taguatinga realizam movimentos culturais como forma de resistência nas praças públicas.

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As praças de Taguatinga já foram reduto para diversão e voltaram agora a serem espaço de ocupação por parte de coletivos culturais. A ideia é diminuir o impacto da imagem de violência do lugar. Para Eliana de Fátima Alves, 61 anos, as praças passaram a causar medo e insegurança para a população. “Sempre morei em Taguatinga e noto como as praças deixaram de ser aquele lugar aconchegante onde podíamos marcar encontros com amigos, bater um bom papo e levar os filhos para brincar”, lamenta a aposentada. Marcelo Ferrari, 26 anos, sempre residiu na região e conta que as praças taguatinguenses foram onde fez grandes amizades, mas esse locais não são mais bem aproveitados. “Acredito que existe um projeto de manutenção de Taguá apenas como uma cidade dormitório em que não tenha vida social e diversão”, conta o jovem. Para ele, foi através das praças que conheceu melhor Taguatinga, “essa cidade que tanto amo”.

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PRAÇAS

Vila Matias – Os empresários desse local têm o intuito de abrir espaços em praças por acreditar que o fluxo de pessoas é constante e por dar proximidade ao público. Esse foi um dos critérios de Caio Alves, 27 anos, proprietário da Barbearia Bárbaros, na Vila Matias. “Como o nosso serviço é divulgado praticamente boca a boca, o público de famílias é sempre muito bem vindo e a proximidade com as casas nos deixa em vantagem diante os outros grupos comerciais”, relata o empresário. Para ele, os moradores de rua estão presentes ao redor do comércio, mas eles não o incomodam. “É mais uma questão de pedir mesmo para que não fiquem na barbearia mas acho que as praças deveriam ser revitalizadas e o problema das drogas e dos moradores de rua deveriam ser vistos como problemas de saúde pública e não como descaso ou abandono”, finaliza.

Praça da CNF – A Praça da CNF tem cerca de 15 bares, na maioria são de rock, a praça também passou a ter lanchonetes, galeria de arte e espaços culturais. Para Ítalo Oliveira, 29 anos e proprietário do Bar Isso Aqui é DF, o movimento na praça se deu após abrir estabelecimentos, “há quatro anos, era visível aqui na praça o breu, não era frequentada por jovens locais para diversão e sim como um ponto de droga”, relembra. Há dois anos, Ítalo abriu o bar e já trouxe várias atrações internacionais e nacionais. O bar apoia e recebe artistas locais.

Praça do DI – A Praça Santos Dumont, conhecida popularmente como Praça do DI, foi muito frequentada nos anos 1990. Havia uma estrutura com pista de skate e rampas para a prática de esportes radicais o que atraia, principalmente, jovens skatistas, rollers e ciclistas. Victor Augusto Campos, 27 anos, frequentou por três anos a praça. “Havia campeonato de skate e tinham olheiros de grandes marcas que buscavam jovens promissores do esporte para ser patrocinado. Ali foi o berço de grandes nomes.” Revive o jovem que andava de skate com os amigos. “Sempre foi um pico bom para praticar esporte, era bem frequentada mais durante o dia. A noite, com o descaso, os moradores de rua foram tomando conta do local e fazendo de moradia. Isso incomodou os moradores, com isso pediram uma intervenção”, finaliza Victor. Em 2017, houve uma revitalização na praça, demoliram as pistas de skates e esse ato levou a ausência dos jovens que ali praticavam seus esportes radicais e, sem políticas públicas eficazes, aumentou a quantidade de moradores de rua e a prática da venda de drogas.

Mercado Sul – O local é um dos principais espaços de promoção cultural mas que também compreende a cultura como outros aspectos além de espetáculos e shows, que são os aspectos comunitários e de práticas saudáveis. Conta com moradores do local, grupos e movimentos diversos que se apoiam e, juntos, promovem a transformação social. Bruna Luiza Araújo, 26 anos, dá aulas de alongamento e flexibilidade a um custo acessível para turmas regulares. “A intenção de trazer turmas para o mercado sul é trazer um pouquinho do que ainda não tem na periferia, o estudo de circo. E a minha intenção é dar acesso a esse tipo de conhecimento cultural a essa comunidade que já vem trazendo essa agregação de culturas. É uma honra fazer parte, fortalecendo esse movimento de alguma forma!”, Bruna faz permuta também para pessoas que tenham interesse e não tenham condições. “Isso alimenta o que eu acredito na vida, que é o fortalecimento, as trocas, trazendo para a periferia acesso a coisas que são altamente elitizadas”, afirma.

Praça do Bicalho – O nome oficial é Praça Almirante Tamandaré, mas se popularizou como Praça do Bicalho em homenagem ao antigo proprietário de um estabelecimento comercial no local, seu sobrenome ficou de lembrança para a praça. Lorena Lima, 30 anos, reside em um prédio na praça. “É maravilhoso morar aqui, tem pãozinho quentinho, mercado, açougue, boteco para todos os gostos, escola para quem tem filhos e feira no domingo para comprar minhas verduras fresquinhas”, detalha a empresária que tem também uma clínica de estética no local.

Por Mariane Rodrigues

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