No mês em que celebramos o Dia da Mulher, o angiologista e cirurgião vascular Rodolpho Reis destaca a importância de cuidar da saúde vascular feminina, abordando os principais problemas enfrentados, além de estratégias eficazes de prevenção e tratamento para garantir o bem-estar das mulheres
No decorrer dos anos, a saúde vascular tem se manifestado como uma preocupação central no bem-estar das mulheres. O cuidado preventivo e o reconhecimento precoce de problemas vasculares não apenas melhoram a qualidade de vida, mas também são fundamentais na prevenção de condições sérias e, por vezes, fatais. As mulheres, em particular, são suscetíveis a certos problemas vasculares, sendo as varizes, a trombose venosa profunda e a doença arterial periférica algumas das condições mais comuns.
Principais problemas vasculares nas mulheres
Varizes
São veias dilatadas e tortuosas que ocorrem principalmente nas pernas, mas podem aparecer em outras partes do corpo. Surgem devido a um mal funcionamento das válvulas venosas, que são responsáveis por regular o fluxo de sangue de volta ao coração. Quando essas válvulas não funcionam corretamente, o sangue se acumula nas veias, aumentando a pressão e fazendo com que elas se dilatem.
Existem vários fatores que podem contribuir para o seu desenvolvimento, incluindo predisposição genética, idade, sexo (as mulheres são mais propensas que os homens), gravidez, obesidade, sedentarismo e longos períodos em pé ou sentada.
“As varizes são frequentemente consideradas uma questão estética, mas podem causar sintomas como dor, cansaço, sensação de peso nas pernas, inchaço, coceira e, em casos mais graves, levar a complicações como úlceras ou tromboflebite”, explica o angiologista e cirurgião vascular, Rodolpho Reis.
O tratamento varia de acordo com a gravidade da condição e pode incluir medidas conservadoras, como o uso de meias de compressão, mudanças no estilo de vida (como exercícios físicos e perda de peso), ou procedimentos médicos, como escleroterapia ou tratamento com laser.
Trombose Venosa Profunda (TVP)
É uma condição médica caracterizada pela formação de um coágulo de sangue (trombo) em uma ou mais veias profundas do corpo, geralmente nas pernas. Essa condição pode causar dor, inchaço e sensação de calor na área afetada, mas em alguns casos, pode ser assintomática.
A TVP é uma preocupação séria principalmente devido ao risco de uma complicação chamada embolia pulmonar. Isso ocorre quando um pedaço do coágulo se desprende e viaja através da corrente sanguínea até os pulmões, bloqueando uma artéria pulmonar, o que pode ser fatal.
“Os fatores de risco para TVP incluem períodos prolongados de imobilidade (como longas viagens de avião ou cama após uma cirurgia), histórico familiar de distúrbios de coagulação, gravidez, uso de anticoncepcionais orais, terapia de reposição hormonal, tabagismo, obesidade, entre outros”, explica Rodolpho Reis.
O tratamento pode envolver o uso de anticoagulantes para evitar o crescimento do coágulo e a formação de novos coágulos, além de medidas físicas como o uso de meias de compressão para ajudar a reduzir o inchaço e melhorar o fluxo sanguíneo. Em casos graves, pode ser necessário um procedimento para remover o coágulo.
A prevenção envolve a redução dos fatores de risco conhecidos, como manter-se ativa, especialmente em viagens longas, e seguir as orientações médicas em situações de risco.
Doença Arterial Periférica (DAP)
É uma condição que ocorre quando há um estreitamento ou obstrução nas artérias periféricas, que são as artérias fora do coração e do cérebro. Isso geralmente ocorre devido ao acúmulo de placas de gordura nas paredes arteriais, um processo conhecido como aterosclerose.
A DAP afeta principalmente as artérias das pernas e dos pés, embora também possa ocorrer em outras partes do corpo. Quando essas artérias se estreitam, o fluxo sanguíneo para os membros é reduzido, o que pode causar uma variedade de sintomas.
Entre os principais sintomas são dor ou desconforto nos músculos das pernas ou dos quadris ao caminhar ou subir escadas, que geralmente desaparece com o repouso. Podem ocorrer cãibras e sensação de fraqueza nos membros inferiores, a pele das pernas pode ficar brilhante e úlceras ou feridas nos pés e nas pernas podem demorar a cicatrizar.
Entre os fatores de risco, fumar é um dos principais fatores para o desenvolvimento da doença, pessoas com diabetes têm um risco maior, hipertensão e colesterol alto e história familiar de condições cardíacas ou DAP.
“O diagnóstico pode ser feito por meio de um exame físico, avaliação dos sintomas e testes como o índice tornozelo-braquial (ITB), que mede a pressão arterial nas pernas. Outros exames, como ultrassom Doppler ou angiografia, também podem ser utilizados”, explica o angiologista.
O tratamento inclui mudanças no estilo de vida, como cessação do tabagismo, exercícios físicos regulares e uma dieta saudável. Em alguns casos, medicamentos podem ser prescritos para controlar sintomas e fatores de risco. Procedimentos cirúrgicos ou angioplastia também podem ser necessários para restaurar o fluxo sanguíneo. É importante tratar a DAP, pois, além de reduzir a qualidade de vida, ela aumenta o risco de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral (AVC).
As causas dos problemas vasculares nas mulheres são multifacetadas. Além dos fatores já mencionados, a obesidade, o sedentarismo, o histórico familiar e o envelhecimento são importantes contribuintes. As mudanças hormonais ao longo da vida, incluindo gravidez e menopausa, também desempenham um papel crucial.
Manter um estilo de vida saudável é fundamental para prevenir doenças vasculares. É importante evitar o excesso de álcool e cigarro, além de realizar check-ups médicos regulares para detectar qualquer alteração vascular precocemente.