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Vingadores Ultimato: fanatismo por filme tem relação com “necessidade de heróis”, dizem especialistas

A estreia do filme “Vingadores: Ultimato”, na próxima quinta (25), está cercada de expectativas e promete causar as maiores filas nos cinemas nas próximas semanas. Uma legião de fãs do universo cinematográfico da Marvel (composto por 22 filmes em 11 anos, desde o lançamento de Homem de Ferro 1, em 2008), acompanha, com ansiedade, a jornada dos heróis preferidos.  O fanatismo por filmes assim, conforme explicam pesquisadores de cinema, tem relação com uma espécie de necessidade de heróis para o nosso cotidiano. “Há vários fatores que contribuem para o sucesso nas histórias de super heróis. Uma é a cultura de convergência, vários produtos que contam várias histórias diferentes. As pessoas se interessam mais por esses produtos porque se sentem mais participantes daquele universo narrativo, ao lerem quadrinhos, assistirem a filmes,  jogarem videogames, por exemplo”, explica a professora Carolina Assunção, pesquisadora com pós-doutorado em narrativas visuais”. Ela entende que vivemos uma era de remixagem (de histórias) e descrença com a realidade.

A Marvel trabalha com a expectativa com o filme

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— Marvel Entertainment (@Marvel) 23 de abril de 2019

O crítico Matheus Jucinsky concorda que o interesse tem relação também com a revisita a assuntos, mas que são reinventados para diferentes narrativas. “Existem filmes que são repetitivos sim, mas quando vamos no cinema assistir a um filme de herói, nós vamos pela aventura que será apresentada, não simplesmente por ele ser um ser superpoderoso”.  A professora explica que filmes do gênero trabalham com “arquétipos”, que são caracterizações de personalidades que estão no imaginário coletivo de todos. “O herói é aquilo que representa a nossa capacidade de resolver problemas, nosso lado bom, o sacrifício que fazemos para salvar aqueles que amamos, qualidades boas do ser humano. Todo mundo quer ser herói um pouco”.

O crítico Gabriel Gaspar afirma que a estrutura do filme segue uma lógica específica.  “Vingadores: Ultimato é algo climático. Os filmes em geral, de heróis, seguem uma curva dramática padrão com introdução, um clímax perto do fim e a conclusão, é a curva dramática padrão de um filme normal. Só que a Marvel usa como se fosse uma grande curva dramática juntando todos os filmes. Cada filme dos Vingadores pontua o clímax dessas curvas dramáticas. Então os filmes dos vingadores até agora e, provavelmente também o quarto, são filmes que já começam com a curva dramática lá em cima. São filmes em que a energia não abaixa até que chegue na conclusão. Então, o que eu espero, enquanto crítico, é um filme que não vai gastar tempo com introdução de personagem. Três horas ininterruptas disso, de ação e resolução de situações extremas”.

Receita do sucesso

Matheus Jucinsky explica que a Marvel quase faliu. ” Grande sucesso dela se deve ao nosso eterno Stan Lee, porém, nosso velhinho favorito não pôde fazer muita coisa quando os heróis começaram a estrear no cinema e na TV, já que ele não era uma das mentes criativas por trás dos roteiros. Enquanto a DC se saía muito bem com séries animadas, como a do Superman desde os anos 40, nos anos 60 com a do Batman ,do Adam West, a Marvel teve pouco reconhecimento nos produtos que produzia nessa época”. Ele explica que a empresa tentava, mas a DC sempre explodia nas bilheteria com os filmes do Batman e do Superman. “Porém, enquanto a DC fazia filmes apenas desses heróis, a Marvel estava fracassando com todos os outros longas que ela produzia (com exceção de X-Men e Homem-Aranha, que eram propriedades da FOX e Sony no começo dos anos 2000), ela soube exatamente o que publico queria consumir. Então, quando os direitos de alguns heróis vendidos para produções de filmes voltaram pra casa deles de verdade, a Marvel soube exatamente o que fazer”.

Para o crítico Gabriel Gaspar, por mais que os filmes estejam com os resultados esperados, mudanças seriam bem vindas a fim de dar mais liberdade aos diretores. “Principalmente por causa dos filmes do Universo Marvel, tem tido muita repetição da fórmula. É algo que eu entendo do ponto de vista da produtora. Quanto menos risco ela correr melhor, maior a chance de potencializar os lucros, mas é sempre bom valorizar a criatividade. Ele considera interessante a participações de diretores mais autorais, com uma linguagem particular e assinatura particular”.

Gênero

Gabriel Gaspar  afirma que a Marvel costuma direcionar os filmes de ação e de aventura para o público masculino e filmes de romance pro público feminino. “Com o tempo, esse movimento acabou extrapolando o público que curte só filme de ação, só filme de aventura e acabou se tornando um produto pra todo mundo, pra todos os gêneros, pra todas as idades, e é o ideal que o produto alcance não só metade, mas o mercado inteiro”.  Ele entende ser natural que haja essa estratégia para garantir expansão em protagonistas femininas que também atinjam o público. “Então, eu considero isso um movimento natural de expansão do mercado, já que nenhum mercado quer ficar restrito a vender seus produtos pra metade do público potencial. Obviamente sempre vai ter uma reclamação de um público de nicho”.

Por: Adriel Oliveira, Luanna Tavares e Vitória Von Bentzeen

Trailer e imagens: Divulgação

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira