O quarto mês do ano é marcado por campanhas de conscientização sobre vários tipos de câncer. As ações visam esclarecer dúvidas e incentivar o diagnóstico dessas doenças. Em abril, também são abordados temas relacionados ao transtorno do espectro autista (TEA) e à segurança e à saúde do trabalhador.
Assim como ocorre em cada mês do ano, as campanhas do calendário da saúde são identificadas por cores. O Abril Lilás aborda o câncer de testículo, o Abril Azul Claro debate o tumor na região do esôfago, o Abril Vermelho e Branco traz dados sobre os cânceres de cabeça e pescoço, o Abril Verde cita a segurança e a saúde do trabalhador e o Abril Azul conscientiza sobre o TEA.
O câncer de testículo é um tumor raro que corresponde a cerca de 5% do total dos tumores entre os homens. No entanto, é de fácil cura, como explica o médico Gustavo Ribas, referência técnica distrital (RTD) em oncologia clínica. “O tumor, por mais avançado que esteja, é curável. O tratamento é cirúrgico, se detectado em fase inicial. Caso a doença esteja avançada e atingindo outros órgãos, opta-se por quimioterapia, no intuito de diminuir o tamanho do tumor, e depois corrigir cirurgicamente”, detalha o profissional. “Há ainda casos em que pode ser usada a radioterapia, no intuito de diminuir a massa tumoral”.
Já o câncer de esôfago é agressivo e com mortalidade alta. Esse tumor é o sexto mais frequente entre pacientes do sexo masculino e o 15º mais comum entre pessoas do sexo feminino. “O tumor já se manifesta em estado avançado, atingindo outros órgãos e sem possibilidade de cura”, cita Gustavo Ribas. “Nos casos em que a doença se manifesta em uma fase mais precoce, o tratamento inicial é quimioterapia seguida de cirurgia”, complementa. A campanha de conscientização deste tumor é chamada de Abril Azul Claro.
O câncer de cabeça e pescoço é representado pelas cores vermelho e branco. O termo “cabeça e pescoço” é, na verdade, uma nomenclatura popular usada para caracterizar tumores que vão da boca até a região da laringe supraglótica. Gustavo Ribas alerta que a doença é agressiva e está fortemente relacionada a hábitos como o uso de álcool e cigarro. Quanto à cura, o tratamento é feito na modalidade multifatorial, isto é, por quimioterapia e radioterapia seguidas de cirurgia. “Quando não é possível fazer o tratamento curativo, é realizada uma radioterapia paliativa para controlar o sangramento que o tumor promove”, aponta.
Diagnóstico
O paciente com suspeita de câncer deve procurar uma das unidades básicas de saúde (UBSs) do Distrito Federal para ter uma avaliação inicial do quadro e fazer o exame histopatológico. “Se confirmado o tumor através de biópsia, ele é encaminhado para as unidades de oncologia clínica”, explica Ribas.
O DF conta com três unidades para esse tipo de tratamento: o Hospital Universitário de Brasília (HUB), o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e o Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) do Hospital de Base. “O paciente é analisado durante consulta. A realização de exames auxilia no diagnóstico e na decisão pelo tratamento nas especialidades reguladas, como cirurgia oncológica, cirurgia gastrointestinal, radioterapia, oncoginecologia, mastologia, proctologia, entre outras”, explica Ribas.
O médico detalha ainda que as especialidades ligadas à oncologia no DF são, em geral, da categoria chamada panorama três, isto é, com fila única nas unidades de saúde que atendem a esses casos.
TEA
O transtorno do espectro autista é a definição para o paciente que apresenta algum grau de comprometimento no comportamento social, na comunicação e na linguagem, bem como interesses e atividades únicas, feitas de maneira repetitiva. O TEA começa na infância, geralmente nos primeiros cinco anos de vida, segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). A campanha de conscientização do TEA é identificada pelo Abril Azul.
Os responsáveis pelo paciente devem procurar orientação caso identifiquem alguma suspeita. A porta de entrada é por meio das UBSs. O diagnóstico considera o relato dos pais e a avaliação médica. Se houver necessidade, é feito o encaminhamento para o serviço especializado. Os pacientes com grau classificado como leve e moderado são acompanhados no Centro Especializado em Reabilitação de Taguatinga (CER).
Já os casos considerados graves e gravíssimos são encaminhados para os centros de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (Capsi), localizados em Sobradinho, Taguatinga, Asa Norte e Recanto das Emas, bem como para o Centro de Orientação Médico Psicopedagógica (Compp), voltado para crianças de até 12 anos, e o Adolescentro, que atende jovens de 12 a 18 anos. Também há atendimento no Caps de Brazlândia.
A rede de saúde do DF está literalmente de portas abertas para atender a esses casos, como explica a terapeuta ocupacional Kelly Cristina Silva, gerente do Capsi de Taguatinga. “O acolhimento nas unidades do Caps é porta aberta. Significa que o paciente pode chegar a qualquer momento no serviço e ser atendido. Deve apenas levar os documentos pessoais e comprovante de residência. A partir do acolhimento, ele vai passar por uma avaliação da equipe para verificar se ele tem perfil para ser atendido no Caps ou se a necessidade que ele está apresentando naquele momento é em outra unidade de saúde”, elucida.
Registros
Em abril, também é abordada a segurança e a saúde do trabalhador brasileiro. A Lei nº 11.121/2005 instituiu que, em 28 de abril, celebra-se o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. Neste contexto, o Abril Verde ocorre em memória a esse grupo.
Conforme define o Ministério da Saúde, acidente de trabalho é aquele que ocorre durante o serviço ou no trajeto entre a residência e o local de trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, acarretando perda ou redução da capacidade para o trabalho e, em último caso, a morte.
No Distrito Federal, são registrados por dia ao menos cinco acidentes de trabalho ou doenças ocupacionais. Por mês, morrem, em média, três trabalhadores. Os dados são do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan).
*Com informações da Secretaria de Saúde
Agência Brasília* | Edição: Claudio Fernandes