texto: Bruno Laganá
fotos: Davidyson Damasceno
Com o objetivo de levar conhecimento e reciclagem profissional, a Superintendência de Atenção Pré-Hospitalar do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) solicitou à Gerência de Gestão do Conhecimento um plano de capacitação emergencial para os colaboradores das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do DF.
O Núcleo de Educação Permanente do Instituto montou um cronograma envolvendo diversos treinamentos teóricos e práticos de atendimentos a pacientes adultos e pediátricos e que estão sendo desenvolvidos nas UPAs nos meses de junho, julho, agosto e seguem até o início de setembro.
Na semana passada, os enfermeiros educadores da DIEP Gabriela Maria Lara e Brenner Saboia, conduziram o treinamento de Ressuscitação Cardiorrespiratória em Adultos na UPA Vicente Pires. O treinamento foi realizado in loco e abrangeu todos os colaboradores da unidade.
Inusitadamente, de uma forma como somente o destino poderia explicar, um fato significativo ocorreu logo após a conclusão do treinamento: um paciente chegou à unidade em Parada Cardiorrespiratória (PCR) e a equipe pode aplicar de forma rápida e eficaz o treinamento e as técnicas de RCP ensinadas, lidando com a situação real de emergência de forma exemplar e salvando a vida do usuário.
Conhecimento e expertise para salvar vidas
Quem identificou os sinais de que o paciente apresentava uma parada cardiorrespiratória foi a colaboradora Amanda Araújo, assistente do Humanizar, que antes do treinamento não possuía informações sobre os procedimentos de RCP.
De acordo com Amanda, para que não fosse perdido tempo, o paciente precisou ser atendido no próprio estacionamento. “A partir desse momento toda a equipe foi se movimentando; os médicos delegaram as funções e cada um assumiu um papel, como foi passado no treinamento.
Apesar de ter sido uma experiência muito difícil, Amanda afirma que foi muito edificante ver a equipe inteira trabalhando para lutar pela sobrevivência do paciente. “Eu ajudei a buscar os aparelhos na sala vermelha e, como já havia muita gente da assistência realizando os procedimentos, fui dar apoio à família”, conta.
Quando o médico percebeu que o pulso do paciente retornou, ele foi removido para a sala vermelha, para a continuidade do tratamento. A equipe continuou focada, já que ele ainda não estava fora de perigo e ainda sofria paradas cardiorrespiratórias.
“O nosso sentimento foi de bastante aflição até ele ser reanimado de forma definitiva e estabilizado. A equipe se emocionou muito com o sucesso e foi muito gratificante fazer parte do salvamento dele”, relembra Amanda. Após estar estabilizado e fora de perigo, a família optou por transferir o paciente para um hospital particular.
A importância do treinamento e da reciclagem
Os treinamentos estão sendo realizados pelas equipes especializadas do Núcleo de Educação Permanente. Para a área da pediatria estão sendo tratados temas como Infecções Respiratórias, com foco na bronquiolite, Ressuscitação Cardiorrespiratória (RCP), Ventilação Mecânica, Cálculo de Medicações, Sepse e Choque Séptico. Já o plano de trabalho para pacientes adultos envolve a Ressuscitação Cardiorrespiratória (RCP), Sepse, Drogas Vasoativas e Ventilação Mecânica.
A UPA do Recanto das Emas recebeu, no início da semana, o treinamento de Ressuscitação Cardiorrespiratória (RCP) para pacientes pediátricos. Os colaboradores puderam treinar com bonecos que simulam bebês. Foram tiradas dúvidas acerca do manuseio correto, diferenças de abordagem entre crianças e bebês, entre outras.
De acordo com a terapeuta neonatal pediátrica, Maria Tarcilene Lima, o treinamento foi uma atualização necessária. “É uma situação real pela qual os profissionais da saúde passam e a gente precisa desse conhecimento para poder dar o suporte necessário”, disse.
“Os treinamentos são compostos de teoria e prática, sendo desenhados para promover a troca de informações e ampliar os conhecimentos da equipe”, disse Brenner Saboia, enfermeiro responsável por aplicar alguns dos treinamentos.
A gerente de Gestão do Conhecimento do IgesDF, Mariana Marques afirma que a equipe busca constantemente estar presente nas Unidades de Pronto Atendimento, uma vez que as UPAs são nossa porta de entrada. “Objetivamos com o cronograma atual, garantir que os atendimentos tenham um início de excelência na Instituição. Os treinamentos têm contado com o apoio tanto da Superintendência de Atenção Pré-Hospitalar quanto dos gerentes das UPAs, fato que tem impactado positivamente na adesão dos colaboradores”, disse Mariana.
Geísa Albuquerque é assistente do Humanizar na UPA do Gama e participou do treinamento de RCP. De acordo com ela, receber o conhecimento foi muito importante. “Mesmo que a gente não esteja ali diretamente na assistência, a gente aprende um pouquinho e pode ajudar de alguma forma”, disse. Ela ressaltou que já havia tido um treinamento anterior no tema, mas dessa vez teve a oportunidade de praticar com o boneco, o que foi bastante interessante.
Para o coordenador de enfermagem da UPA Gama, Otávio Maia, a iniciativa dos treinamentos foi muito bem-vinda. “A equipe precisa estar capacitada e atualizada para exercer uma assistência melhor ao usuário”, disse. Ainda segundo ele, esses treinamentos ajudam a fazer com que o colaborador se sinta valorizado pelo Instituto.
De acordo com o Superintendente das UPAs, Francivaldo Soares, “Estes temas são fundamentais para o bom atendimento em casos de urgência e emergência e a reciclagem é importante para a melhoria contínua dos processos, agregando uma assistência de qualidade e com segurança para os usuários”.