Cursos de educação ambiental seguidos de plantio de mudas nativas do Cerrado para recuperação de áreas degradadas em torno de nascentes foram realizados em quatro propriedades rurais das comunidades Pontezinha, em Santo Antônio do Descoberto, e Água Branca, em Silvânia, no mês de dezembro último. As ações fazem parte do Programa de Educação Ambiental (PEA) da Corumbá Concessões, gestora da Usina Hidrelétrica de Corumbá IV.
Segundo gestora ambiental Juliana Marques Lago, da empresa RadarBrasil Ambiental, executora das ações do PEA nos municípios do entorno do reservatório de Corumbá IV, o curso tratou sobre os tipos de nascentes – perenes (que brotam todo o ano) e intermitentes (rebrotam com a chuva) -, e esclareceu dúvidas dos participantes sobre as espécies nativas indicadas para recuperar as áreas de nascentes, conforme o solo (úmido, seco ou arenoso).
Pontezinha
O plantio feito em 6 de dezembro, na propriedade do Sr. Naum Pereira Braga, em Pontezinha, veio dar um reforço à mata virgem existente em torno de uma nascente, classificada como nascente de encosta que brota num único ponto e, sozinha, forma um córrego. “Eu já fiz plantio na área, no ano passado e agora tive o privilégio de ganhar 300 mudas para esta ação, que foi 100% proveitosa”, avaliou Naum.
Mais ou menos de 30 em 30 metros a água dessa nascente, que fica acima de sua casa, vai rebrotando morro abaixo, um recurso natural que para Naum Braga é um dos maiores tesouros da propriedade, que também beneficia outras 15 famílias. Uma outra “fábrica” de água que ele batizou de Nascente da Pedra é o xodó da família. Ele contou que entre camadas de pedras, mina constantemente uma água que pode ter a pureza de águas classificadas como minerais, e que ele pretende submeter a avaliação técnica.
O Sr. José Pedro de Souza, 78 anos, ajudou no plantio surpreendendo a todos ao subir e descer a encosta com a força de um jovem. Ele valoriza muito a riqueza da fauna e flora da região, de onde extrai o conhecimento das plantas e dos animais para ter uma boa saúde. “Dificilmente eu vou a médico e sempre que preciso de remédio uso a farmácia de Deus”, disse, mencionando fitoterápicos e chás feitos com cavalinha, cordão de São Francisco, pé de perdiz, caracaxá, jaborandi e tantas outras plantas medicinais do Cerrado.
Na propriedade do Sr. Amós Braga, no dia 5, o reflorestamento com 200 mudas foi feito na área de uma nascente difusa, que tem olho d´água e nasce em solo hidromórfico. Ela é classificada como nascente de vereda, que gera áreas de brejo e várzea.
A moradora de Pontezinha Sebastiana Alves da Silva, que participou dos mutirões, elogiou a iniciativa da Corumbá e o cuidado dos moradores em solicitar o plantio para evitar que esses recursos se acabem. Ela disse que embora não tenha nascente em casa e use poço artesiano, tem o privilégio de morar próximo ao lago de Corumbá IV. “Há dez anos meu marido e eu compramos uma área que era só de pastagem, onde construímos casa. Lá não tinha pássaros e, por isso, compramos comedouros para aves e outros bichos, e plantamos espécies frutíferas ao longo desses anos. Hoje a paisagem é outra e a alegria é imensa, ao vermos pássaros, macaquinhos e outros animais vindo comer pertinho da gente”, comemora.
Água Branca
Cerca de 500 mudas foram plantadas, nos dias 12 e 13, em áreas degradadas de nascentes de duas propriedades da comunidade Água Branca, em Silvânia. Francielly Lobo de Paula e o marido Kleber Elias de Paula ficaram muito satisfeitos com o plantio. “Nós temos duas nascentes, uma ao lado da outra, que sempre funcionaram desde que chegamos aqui, há oito anos, mas em junho do ano passado, elas secaram”, contou Francielly.
O casal usa, também, água de poço artesiano, mas tem as nascentes como um reforço para uso para beber e cozinhar. Francielly está acompanhando o crescimento das mudas e observou que todas pegaram, com a ajuda da chuva. Outras 250 mudas foram plantadas na área de nascente da tia de Kleber e vizinha da casa, Maria de Jesus de Paula Morais. “As palestras e o plantio foram muito bem organizados e a colaboração dos vizinhos foi tudo de bom”, avaliou.
Para acompanhar as ações realizadas nas duas comunidades, a equipe de educação ambiental do PEA vai fazer visita anual de monitoramento nas propriedades beneficiadas. Os 25 moradores que participaram do mutirão de Silvânia aprenderam as técnicas de plantio para replicarem em suas propriedades.
Ana Guaranys
Corumbá Concessões