Com o objetivo de contribuir para a formação e qualificação do trabalho dos agentes de saúde de Luziânia, a Corumbá Concessões, gestora da Usina Hidrelétrica de Corumbá IV, realizou um curso de capacitação, nos dias 10 e 11 de outubro, no auditório da Secretaria Municipal de Educação, do município. Participaram 30 agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate a endemias (ACE) que atuam nas áreas urbana e rural.
A capacitação faz parte do Programa de Atenção Básica em Saúde e abordou temas ligados à promoção da saúde. No primeiro dia foram realizadas palestras sobre: Saneamento básico e saúde ambiental; Importância de uma alimentação saudável; doenças crônicas (obesidade, hipertensão e diabetes); e doenças de veiculação hídrica. No segundo dia, houve aula expositiva e roda de conversa sobre mortalidade materno-infantil, tuberculose e hanseníase.
“Saúde não é somente ausência de doenças. Saúde, energia, abastecimento de água, tratamento de esgoto e agricultura estão interligados e devem proporcionar qualidade de vida a todos”, disse o técnico agrônomo, Luciano Andrade, em sua palestra sobre Saneamento básico e saúde ambiental. Ele é presidente da Coopindaiá, que há oito anos comercializa alimentos agroecológicos junto a instituições públicas de Luziânia.
Na avaliação de Andrade, a capacitação foi além das expectativas e terá um efeito multiplicador. “Houve grande interatividade entre os participantes, que tiveram um panorama geral de assuntos de extrema importância para os profissionais da saúde”, disse. Trabalhar o saneamento básico na Coopindaiá, segundo ele, foi um viés que mudou a vida das 450 famílias de cooperados, cuja maioria tem fossa ecológica na propriedade. “Essa tecnologia chegou para nós graças a projetos realizados na nossa comunidade pela Corumbá Concessões, que teve e tem papel fundamental na melhoria das condições de vida da nossa comunidade, Indaiá, e outras em volta do reservatório da usina”, ressaltou.
A analista ambiental da Corumbá Concessões, Luana Silva, falou sobre a gestão dos resíduos sólidos, com destaque para a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) que traz, dentre muitos pontos, a responsabilidade compartilhada entre fabricantes, comerciantes, consumidores e poder público. Em relação à logística reversa, ela chamou a atenção para o descarte de baterias, lâmpadas e pilhas e vasilhames de agrotóxicos, que já possuem locais corretos de destinação. “Temos que ter cuidado com os resíduos que descartamos no ambiente, porque podem ser muito poluentes e agravantes para a saúde de todos”. Luana lembrou que há muitas pessoas que não têm cuidado na hora de descartar medicamentos, seringas e instrumentos cortantes e sugeriu que os agentes de saúde repassem as devidas orientações à população.
Para a agente de saúde Eliete Freire, as informações do curso sobre alimentação saudável foram as que mais atenderam às suas necessidades profissionais. “A comunidade onde trabalhamos, no bairro Mingone 1, é muito carente e, em 90% das casas que visitamos, não encontramos frutas e verduras. E esse curso vai nos capacitar a ajudar mais a população, no sentido de implantarmos hortas comunitárias de alimentos sem veneno. ” Eliete observa que, por falta de informação, a grande maioria das casas do bairro tem quintais grandes, mas nenhuma hortaliça plantada.
Alimentação saudável
Outro tema abordado durante o curso, pela nutricionista Jucélia Lucena Perônico, foi a importância de uma alimentação saudável voltada para grupos de pacientes crônicos, como diabéticos, obesos e hipertensos. Agentes de saúde, segundo ela, têm passado nas casas e observado que a população está com alimentação de baixa qualidade, pobre em nutrientes, quando poderiam consumir alimentos mais ricos e por menor preço.
“Ter saúde é ter qualidade de vida: se alimentar bem, dormir bem, fazer exercícios. E a falta disso pode provocar a hipertensão arterial, por exemplo, que é assintomática (sem dor). Não sentir dor não significa que a pessoa não tem a patologia”, explicou a nutricionista.
A agente de endemias, Ailda Rodrigues Silva, considera como um dos maiores entraves em seu trabalho na comunidade (setor de chácaras Marajoara) a falta de preparo para lidar com certas questões, como o encaminhamento de doentes para tratamento num posto ou hospital, o que é feito pelo agente de saúde. “A comunidade nos cobra, mas em geral não temos cobertura de ACS em algumas comunidades. A gente acolhe e encaminha algumas pessoas, mas a demanda é muito grande”, disse.
A nutricionista Jucélia Perônico explicou que algumas unidades de saúde da família não têm ACSs e, quando isso acontece, a população pensa que o agente de combate a endemias pode cumprir esse papel. Segundo ela, os ACS e os ACE andam juntos, mas, como a demanda é muito grande, muitas vezes eles não conseguem fazer os dois serviços. “O município oferece capacitações e quando surgem dúvidas, os agentes entram em contato com a enfermeira, diretora da unidade, que automaticamente conversa com a gestora no município”, complementou.
Ailda Silva disse que aprendeu muito na capacitação e destacou a palestra sobre saneamento ambiental, separação e descarte correto de lixo. “Essa é uma questão prioritária para abordarmos com as pessoas nas visitas, pois na minha comunidade não há coleta de lixo”, frisou.
Tuberculose e hanseníase
Em sua palestra sobre tuberculose e hanseníase, a enfermeira da Unidade de Saúde da Família (USF Aeroporto), Fabiane de Souza Freire, deu um panorama geral das doenças (sintomas, contágio, tratamento e prevenção), que ocorrem, principalmente, na área urbana. O assunto trouxe “alívio” para os agentes de saúde do curso, pois, segundo ela, um dos maiores temores dos profissionais se refere ao contágio das doenças, por falta de informação.
Fabiane Freire explicou que, em Luziânia, a tuberculose está controlada, mas os casos são provenientes de moradores de rua que se abrigam em casas de passagem, onde são diagnosticados com a doença, iniciam o tratamento, mas não continuam com a medicação, passando a contagiar outras pessoas. O contágio da tuberculose é por via aérea; o tratamento é simples, com duração de seis meses; e toda a medicação é fornecida pela rede pública.
A tuberculose é difícil de ser diagnosticada e os seus sintomas – tosse, febre ao entardecer e calafrios -, se confundem muito com a pneumonia. A doença pode matar, se não for tratada, principalmente quando a pessoa abandona o tratamento, disse a enfermeira. Já a hanseníase, que é prima irmã da tuberculose, não leva à morte, embora cause graves sequelas, como perda de membros. É uma doença fácil de ser diagnosticada, cujos principais sintomas são manchas esbranquiçadas ou avermelhadas no corpo, com insensibilidade nesses locais.
As duas doenças têm a mesma forma de contágio, pelo ar e, após 15 dias, os pacientes em tratamento não são mais transmissores. “Devido à preocupação dos agentes de saúde em relação a esse aspecto, orientei a eles que tomem alguns cuidados para ficarem imunizados, como tomar a segunda dose da BCG. Mas a melhor prevenção é manter a imunidade alta com boa alimentação e qualidade de vida”, disse Fabiane Freire. A partir da capacitação, ela acredita que haverá mudanças importantes no atendimento à saúde em Luziânia, como aumentar o número de agentes de saúde onde não há cobertura desses profissionais.
Outras capacitações de agentes de saúde e endemias, do Programa de Atenção Básica em Saúde, também serão levadas pela Corumbá Concessões aos municípios goianos de influência do reservatório de Corumbá IV: Silvânia, Corumbá de Goiás, Alexânia, Abadiânia e Santo Antônio do Descoberto.
Ana Guaranys
Assessoria de Comunicação / Corumbá Concessões