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Atenção e cuidados com a boca, porta de entrada do vírus, podem ser decisivos no quadro de pacientes com Covid-19

Um dos principais desafios da pandemia tem sido o aumento do tempo de internação dos pacientes com Covid-19. A média de permanência em UTIs chega a ser quatro vezes maior do que a de outros pacientes críticos. Cenário que exige uma equipe multidisciplinar para lidar com todo o impacto que uma longa internação pode trazer ao paciente. Além de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, a presença de profissionais de odontologia em UTIs vem ganhando importância. 

Dentro das Unidades de Tratamento Intensivo, os cuidados bucais se tornaram um procedimento padrão para auxiliar na recuperação e também evitar a proliferação do coronavírus. De acordo com o manual desenvolvido e publicado em março pelo Conselho Federal de Odontologia (CFO), em parceria com a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIBI), o vírus pode agravar doenças pulmonares a partir da alteração da microbiota bucal, que é o conjunto de microrganismos que habitam a boca.

Segundo o dentista e especialista em Saúde Coletiva na Neodent, João Piscinini, os detalhes no cuidado bucal de pacientes com Covid-19 são decisivos para a recuperação e também combatem a proliferação do vírus. “Dentro da UTI, é primordial que seja feita a higienização e descontaminação da cavidade bucal de forma correta e com os materiais adequados, para não colocar o profissional em risco e também garantir que a boca fique livre de microrganismos que podem agravar o quadro do paciente”, explica. 

Intubação

De acordo com o projeto “UTIs brasileiras”, realizado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), a Covid-19 já levou ao internamento de mais de 98 mil pessoas em leitos críticos desde 1º de março de 2020. Desse número, 46,3% dos pacientes utilizaram a ventilação mecânica, procedimento que consiste no auxílio, por meio de aparelhos, para a respiração do paciente. 

Nesse caso, a boca se torna o canal de acesso para os pulmões com o objetivo de melhorar a respiração do paciente internado em uma UTI. “Novamente, vemos o protagonismo da boca no processo de recuperação da doença e, além disso, na prevenção de casos mais graves. Quando é necessária a intubação, a manutenção da higiene bucal se torna ainda mais importante para a prevenção de uma pneumonia associada à ventilação mecânica”, explica. 

Porém, não somente durante a pandemia da Covid-19, os profissionais da odontologia devem estar presentes em hospitais. “Assim como com o coronavírus, a boca é a porta de entrada para diversas outras doenças. Por isso, o cuidado com a higiene, tanto dentro quanto fora dos hospitais, é essencial”, finaliza Piscinini.