O Brasil tem passado por mudanças dentro e fora dos esportes nos últimos anos, mas a bandeira nacional ainda é utilizada como símbolo de esperança para torcedores e esportistas em todas as modalidades. No entanto, as manifestações de rua criaram uma identificação com os grupos ligados ao governo federal e de pauta mais conservadora. Oposicionistas alegam que a Bandeira (e até a camisa da Seleção) ficaram ligados a uma visão política “adversária”.
O historiador Frederico Castilho destaca que,no momento atual, a bandeira está atrelada ao apoiadores do governo vigente. Ele explica que, em outros momentos, o símbolo teve uso como ação político. “A bandeira foi apropriada pelos participantes da ideologia de direita nos últimos tempos, mas se pegarmos, por exemplo, na década de 1980, ela foi usada por grupos de esquerda, que militavam a favor da democracia, do movimento “Diretas Já”. Então, ela presta inúmeros significados e representações”.
Ideologia em campo
Desde as manifestações de junho de 2013 e as seguintes que culminaram com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a camisa da seleção tem sido utilizada. A situação se tornou tão séria, que torcedores que não se identificaram com a postura dos então oposicionistas se recusam a utilizar a tradicional camisa verde-amarela.
Lucas Magalhães, repórter de esporte há 9 anos, acredita que dentro do cenário esportivo, a imagem da bandeira ainda é a mesma, apesar da situação atual. “Claro que temos uma situação política muito polarizada atualmente, onde o uniforme da seleção brasileira tem sido usado de maneira política como manifestação, mas a situação que não tem a ver com a bandeira em si”.
As cores verde e amarela ainda trazem o ânimo na hora da torcida, mesmo com o peso ideológico que tem carregado nesses últimos anos. Magalhães relembra da atmosfera criada pelas cores da bandeira em meio a torcida nas competições. “A imagem é importante, você ajuda a trazer uma atmosfera mais animada para as competições e inspirar e motivar as torcidas, independente da modalidade da competição”.
Confira abaixo momentos históricos em que o símbolo do país fez história dentro do esporte.
Ayrton Senna e a paixão pelo automobilismo
Em uma fase onde o Brasil não estava bem nos esportes, o automobilismo ganhou destaque nas transmissões televisivas, onde Ayrton Senna ganhou destaque no final dos anos 80 e início dos anos 90. Considerado por muitos, um dos maiores representantes do esporte no país, Senna colecionava pódios em sua carreira, tendo o total de 80 pódios, onde 41 destes foi consagrado com a vitória.
Em suas vitórias, o piloto carregava com orgulho a bandeira nacional em mãos, mostrando o poder do automobilismo brasileiro. Infelizmente, sua vida e carreira foram interrompidas devido a um acidente de carro em 1° de maio de 1994, no GP de San Marino, na Itália. A morte chocou brasileiros que na época, estavam bastante ligados ao esporte.
A arrancada heroica
Sofrendo pressões para mudança do nome do time, o Palmeiras, que então se chamava Palestra Itália, fazia entrada histórica, em 1942, segurando a bandeira nacional, mostrando que o time não estava alinhado a Itália (inimiga na época).
Durante a Segunda Guerra Mundial, o então presidente Getúlio Vargas declarava guerra aos países do Eixo (Itália, Alemanha e Japão) e se aliava aos Aliados (Estados Unidos, França, União Soviética e outros países). O Palmeiras, que até então se chamava Palestra Itália, sofria pressões para que houvesse a mudança do nome do time.
Em 1942, já com o novo nome, o time fez entrada histórica que ficou conhecida como “Arrancada heroica”, onde os jogadores seguravam a bandeira nacional e mostravam que não estavam alinhados ao time. Já no primeiro jogo contra o São Paulo, o time ganhou de 3×1 e lhe rendeu o título do Campeonato Paulista de 1942.
Torcedores jogando bandeirinhas fora
Depois da grande frustração no final da Copa de 1998, em que o Brasil perdeu a final contra a França em placar de 3×0, a torcida brasileira exigia melhores resultados em busca do pentacampeonato.
Nas eliminatórias, o rendimento não cumpria com as expectativas da torcida nacional e no auge da indignação, em jogo contra a Colômbia em 15 de novembro de 2002, brasileiros atiravam as tradicionais bandeirinhas em direção ao campo aos 36 minutos do segundo tempo, mostrando o desgosto pela situação. Nos acréscimos, o jogador Roque Júnior, abriu o placar com cabeceio, decretando a vitória da seleção.
Isaquias Queiroz fazendo história no canoísmo mundial
O canoísta Isaquias Queiroz fez algo inédito para o país nos jogos Olímpicos de 2016, conquistando três medalhas em uma única olimpíada. Na canoa individual 1.000m (prata) e na de 200m (bronze) e uma com seu companheiro Erlon de Sousa na modalidade dupla, com 1000m (prata).
Além das conquistas nas olimpíadas, o Queiroz coleciona medalhas por onde passa, se tornando o maior canoísta brasileiro de todos os tempos, com 12 medalhas em mundiais de Canoagem, sendo seis delas em ouro.
Aos 26 anos, Isaquias se tornou um grande exemplo de superação no esporte nacional, com a infância conturbada e vindo de família pobre, o canoísta lutou pelos seus sonhos e se tornou um grande atleta em sua modalidade.
Arthur Zanetti, o prodígio da ginástica artística
O ginasta artístico, Arthur Zanetti, se tornou referência mundial no esporte, sendo campeão olímpico e mundial na modalidade de argolas. Zanetti tem feitos marcantes dentro do esporte, tornando-se o primeiro brasileiro e latino-americano a conquistar uma medalha olímpica de outro em qualquer categoria de seu esporte.
Sempre valorizando suas origens, o ginasta se dedicou arduamente e hoje ocupa espaço valorizado dentro da história do esporte. Além de ginasta, Zanetti ocupa a graduação de terceiro sargento da Aeronáutica.
Guga e o tênis brasileiro
Gustavo Kuerten, mais conhecido como Guga, é conhecido como o melhor tenista da história brasileira. Iniciou sua carreira em 1995, se destacando pelo seu empenho, qualidade e determinação.
O tenista ganhou diversos prêmios em torneios de prestígio no esporte como três Roland Garros e dois US Opens. Sendo o título mais marcante o da ATP Finals, em 2000, em que jogou contra um de seus ídolos, Andre Agassi e foi consagrado campeão. No mesmo dia, Guga ganhou a primeira posição no ranking mundial de tenistas.
Por Lucas Barbosa e Maria Clara Andrade
Supervisão: Luiz Claudio Ferreira