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Blocos infantis, Galinho e Folia do Raul criam opções de Carnaval

Vários blocos com um estilo mais familiar e infantil marcaram o Carnaval de Brasília neste sábado (22). Sol forte e um pouco de chuva cercaram a apresentação do Pintinho de Brasília, por exemplo, no Polo Funarte, próximo à Torre de TV. Duas tendas de 100 metros quadrados, porém, proporcionaram abrigo ao foliões. O bloco é “filho” do Galinho de Brasília e trouxe no repertório frevo e marchinhas tradicionais.

A servidora Laila Estrela levou a filha Maia, de 3 anos, no colo pela primeira vez à folia. Fã do Galinho, que saiu depois do almoço, a moradora da Asa Sul elogiou a segurança da festa no novo local por levar em conta o incômodo que grandes eventos nas superquadras podem causar.

Os organizadores capricharam nos quiosques de comida, segurança particular (cerca de 100 pessoas), 34 brigadistas e três ambulâncias, sendo uma UTI. Sem ocorrências registradas, o sargento Ottoni, da PM, divulgou o projeto de 2003 de Educação Ambiental da corporação, batizado de Lobo-Guará, com direito à presença de uma mascote para a festa da criançada.

Além da Educação Ambiental, a consciência patrimonial também entrou na dança. Os organizadores do Pintinho/Galinho se encarregaram de cercar o patrimônio arquitetônico local. A Orquestra Marafreboi executou sucessos do frevo e marchinhas como Acorda, Maria Bonita e Cidade Maravilhosa, acompanhada de passistas da dança com suas sombrinhas tradicionais.

Setor Comercial Sul

Outros dois blocos com presença maciça de público infantil saíram às ruas no Setor Comercial Sul. No Palco 23, o Bloco Patubatê, com alguns convidados, mandou ver na bateria composta de instrumentos de percussão tradicionais, como tambores e atabaques, e, também, com os feitos com material reciclável, como reco-recos e abês. E um naipe de sopro também não deixou ninguém parado.

O fundador, diretor artístico, músico e regente do Patubatê, Frederico Magalhães Batista, explicou que o bloco sai há dez anos na capital. “A gente não recicla só material para fazer instrumentos, reciclamos, também, pessoas, ares e conceitos”, sentenciou o maestro.

O bloco ‘Vou Embora com o Circo” convidou vários coletivos circenses que tomam as ruas da capital como palco para divulgar a arte. Foto: Divulgação

Poucos metros acima, na Rua do Canteiro Central, também no Setor Comercial Suls, estreava no Carnaval de Brasília o bloco “Vou Embora com o Circo”. Concebido pelo artista Lucas Lírio, licenciado em dança pelo Instituto Federal de Brasília (IFB), o bloco convidou vários coletivos circenses que tomam as ruas da capital como palco para divulgar a arte. 

Como os demais blocos já citados, o “Vou Embora com o Circo” saiu com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF. Antes da folia, uma mistura de yoga e acrobacias (acroyoga) aumentou a consciência corporal das pessoas, experiência que se desdobrou em passos de dança com bambolê, swing (malabares ligados a cordões) e pernas de pau.

O repertório do pessoal do circo, a partir dos alto-falantes de um trio elétrico, fazia um tour de force com músicas infantis a partir da década de 1970 até a atualidade. “A gente quer uma festa para todo mundo cantar”, explicou a produtora Lorena de Oliveira, sob uma chuva de serpentina. “Nosso bloco é para famílias plurais”, acrescentou Lucas.

Galinho

No início da tarde, no Polo da Funarte, o Galinho de Brasília arrastou seu público pelo Eixo Monumental. Fora de seus domínios tradicionais, na Asa Sul, o tradicional bloco inspirado pelo frevo pernambucano e pelo famoso Galo da Madrugada animou os foliões.

Seguidor do Galinho há quatro anos, Davi Silva, morador do Guará, gostou do novo local e do horário de apresentação. Agarrado à “Catarina”, um mamulengo-mulher em tamanho original, negra, cujos quadris balançam a partir do movimento da coxa de seu par, ele espera que o bloco continue a existir: “O Galinho é resistente”, aposta.

Folia de Raul

Centenas de metros abaixo, na Praça dos Aposentados do Conic, era a vez de outra resistência se manifestar na Folia de Raul, um carnaval totalmente rock in roll. Além de Vivi Seixas, filha do cultuado maluco beleza, sete bandas estavam alinhadas para prestar homenagem ao ícone maior de nossa contracultura.

Tiago Bastos, músico e professor do Clube do Choro, ajudou a pensar o projeto, apoiado pelo FAC, de reunir a galera de seguidores de Raul no meio do Carnaval, para quem não “se esforça pra ser/um sujeito normal/e fazer tudo igual”, brinca. Perto dele, o estudante Lucas Cruz convenceu a namorada Bruna Veloso, enfermeira, a ir ao evento, marcado pela presença de feira de objetos de memorabilia, como anéis de caveira e correntinhas pesadas de aço.

Na audiência, roqueiros trajando coletes, jaquetas e bonés de couro. Para ambos, na casa dos 20, a “Folia do Raul” tem a ver com o Carnaval. “Tudo é festa”, atalha Lucas. Crianças correndo diante do palco pareciam confirmar a ideia.

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF