A histórica cidade de Corumbá de Goiás recebeu cerca de 20 mil pessoas da região e de várias partes do país durante os três dias da tradicional festa das Cavalhadas – a grande encenação a céu aberto da batalha entre mouros e cristãos pela reconquista da península Ibérica. O evento aconteceu de 6 a 8 de setembro e foi realizado pela prefeitura municipal e a Associação das Cavalhadas (Asca).
Fundada em 1730, a cidade é a segunda mais antiga de Goiás. A festa das Cavalhadas, um dos maiores espetáculos religiosos e folclóricos do interior do estado, acontece em homenagem à padroeira Nossa Senhora da Penha de França. A Corumbá Concessões, gestora da UHE Corumbá IV, valoriza as tradições sociais e culturais dos municípios do entorno do reservatório e apoia as Cavalhadas há 11 anos. Na edição de 2018, colaboradores e o presidente da empresa, Marcelo Siqueira Mendes, prestigiaram a festa.
Na avaliação de Marcelo Mendes, a festa das Cavalhadas surpreendeu pela organização, beleza e grande participação da população. “A encenação dos mouros e cristãos se repete a cada apresentação, mas tudo é feito para alegrar e divertir os visitantes. É contagiante ver o entusiasmo dos corumbaenses que correm na batalha e os componentes da Banda 13 de Maio, que se preparam ativamente durante todo o ano para este evento, como se ele fosse o primeiro”, disse.
O prefeito do município, Célio Fleury, falou da satisfação em ver o sucesso de mais uma edição da festa. “Além da beleza da corrida dos cavaleiros, é importante destacar o fato de a nossa Cavalhada integrar o calendário de eventos culturais do Estado, participando do Circuito das Cavalhadas de Goiás, que acontece em 11 cidades. Esse apoio é fundamental para que possamos manter viva a tradição, atraindo turistas da região e de todo o Brasil. ”
Neste ano, segundo Fleury, participaram cerca de 20 mil pessoas durante os três dias. Entre os destaques, ele mencionou o vigor e entusiasmo do rei mouro, Juca José Quirino Gouveia de Morais, que corre como cavaleiro há 38 anos. O prefeito chama a atenção para o fato de as escolas trabalharem com seus alunos durante o ano a vocação pelas Cavalhadas para que eles futuramente deem continuidade à tradição.
Juca Morais corre como cavaleiro desde 1980 e como rei desde 2012. A responsabilidade do rei, em relação aos soldados, conforme explicou, é se sacrificar para manter a originalidade da tradição, do vestuário e, principalmente, a unidade entre os cavaleiros. “Em primeiro lugar por se tratar de uma festa de cunho social, religioso e cultural”, complementou o rei mouro, que mora no Paraná, mas vai mensalmente a Corumbá de Goiás para ajudar na organização das Cavalhadas.
Tradição dentro da tradição
O fazendeiro Nelcy Martins, que há 39 anos participa das Cavalhadas como 1º soldado, tem um costume que segue à risca e que ele chama de tradição dentro da tradição. Há 36 anos ele abre a sua casa para reunir os companheiros de corrida, amigos e familiares para um almoço alegre e movimentado, uma espécie de “concentração” da corrida. “Eu não sei correr nas cavalhadas sem primeiro ver os amigos de outras tradições, como de Palmeiras, Pirenópolis e São Francisco. Além disso, minha família está toda envolvida na festa, desde a organização do almoço até à compra e trato de cavalos. É uma alegria só”, resumiu.
Entre os convidados de cadeira cativa está o casal Cristian Ludovico Alves e Guadalupe Curado Teles. Cristian contou que começou a namorar Guadalupe quando corria como cavaleiro, o que fez durante 12 anos. Como mascarados, eles correram juntos vários anos, mas hoje são os dois filhos que dão continuidade à brincadeira levada a sério.
Toda a família tem algum tipo de envolvimento nas Cavalhadas e para se ter uma ideia da participação dos Curado Teles nas festas, a mãe de Guadalupe, Maria Airan Curado Teles, é a madrinha das Cavalhadas, por estar sempre ajudando os cavaleiros acidentados com novenas a N. S. da Penha de França e prestando outros apoios; o pai, com 86 anos, Geraldo Magela Silva Teles, é o patrono e sócio fundador da Banda 13 de Maio, onde toca clarinete até hoje; a irmã, Maria Goreti C. Teles, que também faz parte da banda, onde toca clarinete há 40 anos. “Eu fui a primeira mulher a entrar na corporação, amo demais esse trabalho e sinto uma emoção enorme ao tocar, ao vivo, nos espetáculos”, comentou Goreti.
Os filhos de Cristian e Guadalupe, Pablo (19 anos) e Paloma (14 anos) herdaram dos pais o gosto pela festa e desde crianças divertem o público como mascarados. Esse ano, Pablo se vestiu de cavaleiro negro, montado num cavalo bem cuidado durante o ano e especialmente ornamentado com sinos e outros penduricalhos para a festividade. Cristian disse que ele e a família nunca aproveitaram os feriados de 7 de Setembro fora das Cavalhadas. “É a nossa festa, amor pela tradição das corridas que acontece no aniversário da nossa padroeira. ”
História das Cavalhadas
Segundo o historiador Ramir Curado, as Cavalhadas foram trazidas para o Brasil no século XVI e foram implantadas em Corumbá de Goiás numa festa do Divino Espírito Santo, em 1752. Durante mais de 200 anos fizeram parte esporádica da festa de Pentecostes, mas passaram a ser apresentadas sem interrupção a partir de 1980, na festa da padroeira Nossa Senhora da Penha.
Vinte e quatro cavaleiros encenam uma história por dia, entre elas o Desafio de Fogo/Prisão e Batismo, Sacrifício de Cabeça e Prova das Argolas. De um lado o rei, o embaixador e dez soldados mouros; do outro o rei, o embaixador e os dez soldados cristãos, que revivem as batalhas entre os dois exércitos pelo domínio da Península Ibérica (Portugal e Espanha). A banda centenária 13 de Maio apresenta toda a parte musical da festa, com Ramir Curado participando como bombardinista (instrumento de sopro chamado bombardino) e narrador da encenação, há 39 anos.
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Ana Guaranys
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