Com o maior acesso à informação e uma nova consciência construída ao longo dos anos, o número de pessoas que fumam cigarro caiu significativamente. O que um dia já foi sinônimo de ser descolado e era permitido em todos os lugares, até mesmo aviões, hoje é um hábito fortemente combatido. Porém, o cenário ainda não é o ideal: de acordo com uma pesquisa publicada ano passado na revista médica The Lancet, quase 20 milhões de brasileiros ainda fumam regularmente. Como parte da luta contra o tabagismo, dia 29 de agosto é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
Dentre os diversos males causados pelo cigarro, como o câncer e os estragos ao pulmão, dentes e pele, o fumo é um dos maiores causadores de doenças cardiovasculares. De acordo com o Dr. Bruno Jardim, cardiologista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), um dos motivos disso acontecer é que o cigarro agride as paredes que recobrem os vasos sanguíneos. “As artérias ficam mais vulneráveis e propensas ao acúmulo de gordura por conta da falta de óxido nítrico, substância protetora que tem sua produção inibida no processo”, explica.
Outra razão é que o hábito acelera o processo de oxidação do colesterol, fazendo com que se forme a placa de aterosclerose, uma grande vilã quando o assunto é coração e conhecida como o “estopim” para um infarto do miocárdio. Mas não para por aí. Além disso, o fumo ainda interfere fortemente no processo de contração e relaxamento do órgão. Resultado? O sangue passa a ter grandes dificuldades para circular como deveria. Se você ficou preocupado, a hora de parar é agora. “O tempo necessário para igualar os riscos de um ex-fumante aos de uma pessoa que nunca fumou é cerca de 10 anos”, aponta Dr. Bruno
Uma gota de veneno mata?
“Ah, doutor… Mas eu fumo tão pouco, não faz diferença”. E como faz! O certo é não fumar de forma alguma. De acordo com estudos publicados recentemente na revista BMJ, fumar apenas um cigarro por dia traz até metade dos riscos que fumar 20 cigarros por dia, o que é muito. Dentre os problemas que podem ser causados, se encontram, além do infarto, insuficiência coronariana, acidente vascular cerebral (AVC), aneurisma da aorta abdominal e desenvolvimento de arritmias graves.
Vale lembrar que também é importante pensar nos não fumantes que convivem com você, já que um fumante passivo corre os mesmos riscos do que os que acendem o cigarro. “Inalar a fumaça tóxica liberada pelo tabaco pode causar doenças pulmonares, irritações, sinusites, piora da saúde mental e até câncer”, explica o especialista. No caso das crianças, estar exposto a este tipo de situação pode inclusive afetar nos processos de relacionamento e aprendizagem.
Decidiu parar?
O primeiro passo é a decisão. Após isso, é importantíssimo procurar o tratamento ideal. A nicotina atua no sistema nervoso central e causa dependência, tentar sair dela sem suporte médico pode ser complicado. “Dores de cabeça, tonteira, irritabilidade, agressividade, alteração do sono e dificuldades de se concentrar são alguns dos sintomas da abstinência”, lista Dr. Bruno. Os possíveis tratamentos são diversos, mas uma dica geral para quem quer largar o vício é ajustar a alimentação e praticar exercícios físicos. “Isso ajuda muito no processo e evita que o paciente engorde, fato que acontece na maioria dos casos de pessoas que param de fumar”, finaliza.