Há mais de 80 dias sem chuva, mais uma vez o brasiliense está sofrendo com as consequências da seca e da baixa umidade, principais características do inverno no Distrito Federal. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o último registro de precipitação foi no dia 25 de maio. O cenário é propício para problemas de saúde já conhecidos do morador do cerrado. No entanto, por conta da pandemia do novo coronavírus, é momento de dar maior atenção ao bem-estar.
É normal que, durante esta época, os olhos incomodem devido ao ressecamento. Sintomas como vermelhidão, coceira, ardor e sensação de areia são comuns. “O vento e o clima seco provocam uma combinação perigosa para a evaporação excessiva das lágrimas”, explica o oftalmologista Tarciso Schirmbeck, do Visão Hospital de Olhos. Segundo ele, é possível aliviar o incômodo usando colírio lubrificante nos olhos. Aumentar a ingestão de água também ajuda muito, e não só nesta questão, mas a prevenir as desagradáveis infecções urinárias. “É importante beber bastante água diariamente e não deixar de ir ao banheiro quando sentir vontade de urinar. Assim, você evita que a bactéria permaneça mais tempo do organismo”, esclarece Geovani de Assis Pinheiro, urologista do Hospital Urológico de Brasília.
O publicitário Sávio Gerardo, 35 anos, nasceu e mora em Brasília e, de acordo com ele, todo ano, o sofrimento com a seca é o mesmo. “É só começar agosto que meu nariz sangra sem parar. Já sou tão acostumado que nem acordo mais. No dia seguinte, quando vejo, estou cheio de sangue seco”, conta. O otorrinolaringologista da Otorrino DF, José Stenio Pontes Dias Filho, explica que o sangramento nasal é bastante comum na seca. “A primeira medida a ser tomada é sempre conter, pressionando a narina do lado que está sangrando por alguns minutos, esperando que pare espontaneamente. Se for mais agudo, é necessário usar tampão nasal, que também pode ser feito com algodão, lenço de papel ou papel higiênico”. Hidratar as narinas com soro fisiológico é uma solução que pode evitar o sangramento.
O tempo seco e a baixa umidade do ar ainda dificultam a dispersão de gases poluentes, tornando as pessoas mais suscetíveis a crises de asma e a infecções virais e bacterianas. “É complicado para as vias respiratórias se defenderem do ar com qualidade ruim. Quem tem rinite, asma ou sinusite acaba sofrendo mais”, aponta Pontes Dias Filho. Neste caso, qualquer método para melhorar a umidade do ar é bem-vindo, segundo o especialista. “Pode-se usar, por exemplo, balde com água, toalha molhada na cabeceira da cama ou umidificador”, sugere. Quanto ao umidificador, é preciso ter cuidado. “O recomendável é utilizá-lo em um ambiente aberto, com portas e janelas. O uso por período prolongado em locais fechados pode levar a um excesso de umidade nas paredes, o que favorece o crescimento de mofo e bolor, tornando-se mais uma fonte de infecção”, orienta.