Depois de quebrarem paradigmas no mercado brasileiro, muitas empresas que apostaram na contabilidade disruptiva agora visualizam, em um futuro bem próximo, o status de unicórnio. Caracterizadas pela inovação, elas criaram e fazem uso de plataformas digitais para levar facilidade aos clientes, além de economia real em tributos, atingindo alto valor de mercado – como já ocorre com aplicativos de mobilidade urbana, setor imobiliário e bancos digitais, por exemplo.
Empresas unicórnios são startups – isto é, empreendimentos nascidos com alto grau de inovação, escalabilidade, recorrência e boas margens – que alcançam, em breve período, valor de mercado igual ou superior a 1 bilhão de dólares. Esse salto é possível por conta do aporte de investidores, que reconhecem na startup a disrupção, e identificam considerável potencial de expansão e até dominação de determinados mercados.
Já as contabilidades que seguem esta tendência são aquelas que estão revolucionando a forma de prestar serviços contábeis, fiscais e financeiros às empresas. Um critério elementar é ter nas soluções de tecnologia da informação sua forma de atuação. São negócios automatizados, que realizam procedimentos por meio de robôs e promovem análises a partir da inteligência artificial. Reduzindo significativamente o uso de pessoas, com muito mais velocidade e assertividade. Afinal, os dois estão cada dia mais raros no Brasil e no mundo: bons profissionais e uma contabilidade veloz e assertiva, dado a alta complexidade do sistema tributário brasileiro: estima-se que existam 2 bilhões de cenários tributários no país, o que causa atrasos e erros constantes.
A quebra de paradigmas, porém, não está atrelada apenas ao fato de ser um serviço on-line, oferecido e executado por meios digitais. Uma contabilidade com um perfil disruptivo se apropria das tecnologias da informação para colocar no mercado serviços e soluções inovadores, capazes de ampliar o conceito de contabilidade em si. Com isso, conquistam reconhecimento no mercado, agregam valor à marca e ao mercado e se alçam a postulantes a unicórnio.
“A contabilidade mais convencional desaparecerá nos próximos 5 a 10 anos, quando atingir o ‘estado da arte’, no qual não se enxergam mais análises e apurações fiscais, nem lançamentos contábeis ou fechamentos de balanços, nem mesmo pagamentos e até mesmo auditoria, pois tudo será automatizado e feito pela Inteligência Artificial”, sublinha o fundador e CEO da ROIT, Lucas Ribeiro.
Fintech com sede em Curitiba e clientes das mais variadas atividades, em todo o país, a ROIT é exemplo de que a tecnologia da informação é apropriada para a oferta de serviços para além das convencionais geração de guias, prestação de contas e outros procedimentos operacionais. Com 5 anos – foi constituída em janeiro de 2016 -, a ROIT está consolidando soluções tecnológicas que operam de forma integrada o contábil, o fiscal e o financeiro, de grandes empresas. A ROIT é a única Fintech voltada para as grandes, com soluções efetivas e expressivas, transformadoras das áreas que estão abaixo de um CFO (Chief Financial Officer).
Para se ter uma ideia, os robôs contadores da ROIT já atingiram a marca de 8 milhões de lançamentos contábeis sem intervenção humana e mantêm 98% de assertividade. Segundo a fintech, eles já respondem por 10 das 12 etapas que, em média, compõem o fluxo de um processo contábil. Assim, ao profissional cabe operar em apenas dois momentos específicos, para análises e decisões estratégicas.
Tal atuação promete levar a ROIT ao valor de US$ 1 bilhão até 2023, tornando-se, assim, unicórnio, calcula Lucas Ribeiro. Soma-se a esta estratégia, o posicionamento com soluções e integrações efetivas com ERPs de grande porte e soluções financeiras globais, como a australiana CashFlowStory.
Na mesma expectativa encontram-se outras contabilidades inovadoras, porém focadas em micro e pequenas empresas, como a ContabilizeAqui, que também é uma das referências nacionais em inovação tecnológica na prestação de serviços contábeis. Seu idealizador e sócio, Leandro Batagin, endossa as palavras de Lucas Ribeiro: para ser disruptiva, não basta ser online, é imprescindível a tecnologia e a inovação.
Atendimento especializado e prático, serviços a valores mais acessíveis, democratizando o acesso à gestão contábil por parte de empresas de vários portes também caracterizam uma contabilidade, de fato, disruptiva. Citando o professor Clayton Christensen, de Harvard, Leandro Batagin afirma: “acreditamos que para quebrar paradigmas, não basta ser on-line. É preciso oferecer preços atrativos, tecnologia, suporte humanizado e conhecimento técnico”.
E qual o caminho a ser seguido rumo ao valor de mercado de US$ 1 bilhão e passar a ser unicórnio? Para Leandro Batagin, isso não pode ser objetivo central de nenhuma empresa, “pois, como dizia Steve Jobs, ‘o dinheiro é importante para conseguir as coisas, mas não pode ser o seu objetivo principal’. Uma boa ideia apenas não se sustenta, o que vale mesmo é como se coloca essa ideia na prática. Se a sua ideia for disruptiva, na prática, se torne sustentável e escalável, a sua empresa se tornar unicórnio será uma consequência”.
Para tanto, o idealizador do ContabilizeAqui, que tem base em Capivari, interior de São Paulo, insiste em alguns aspectos: “O valor dos serviços é um dos atrativos, mas não é o único. A ContabilizeAqui prioriza oferecer serviços de qualidade, que exige colaboradores comprometidos, acesso a uma plataforma onde o cliente consegue ter o histórico de sua empresa, suporte via plataforma, telefone e whatsapp”, exemplifica.
Além da ROIT e da ContabilizeAqui, a Agilize e a Contabilizei são outros casos de contabilidades disruptivas, que cada vez mais ganham notoriedade e trilham um percurso que tende ao título de unicórnio.
Segundo o Doing Business, ranking do Banco Mundial que trata da regulamentação do ambiente de negócios, o Brasil está na 184ª posição de 190 quando o assunto é pagar impostos: um prato cheio para o sucesso destas startups de alto rendimento, que visam, justamente, diminuir a alta carga tributária, além de oportunizar gestão eficiente e crescimento às empresas.
Além disso, a mesma entidade indica que o brasileiro gasta, por ano, 1.500 horas no cálculo e pagamento de tributos, enquanto a média nos demais países da América Latina gira em torno das 300 horas por ano. “Nós estamos trabalhando bastante para reduzir essa desvantagem competitiva, com inteligência artificial e robotização”, finaliza Ribeiro.