Os contextos da pandemia da covid-19 podem elevar a criminalidade no Distrito Federal, segundo alerta a professora de sociologia Maria Stela Grossi Porto, da Universidade Federal de Brasília (UnB).
Em entrevista à Agência CEUB, a especialista avalia que as atuais circunstâncias propiciam ainda mais a sub-notificação em decorrência dos impactos causados na segurança pública.
Desigualdades
A professora aponta que a instabilidade financeira é possível fator de influência na criminalidade. “Uma das coisas que a pandemia fez foi escancarar o problema da desigualdade social, sendo um forte potencializador da violência”, completa.
Ela acrescenta que não se pode apontar apenas esse fator como determinante da violência, mas que ele é um dos principais motivadores.
A especialista explica ainda que é necessário relativizar números que mostrem uma redução do número de casos de violência, como anunciou a Sistema de Segurança Púbica (SSP-DF).
Pela lógica, com menos gente nas ruas, teria havido um menor registro. “A diminuição, para ser considerada de fato, deve conter minimamente uma continuidade. Uma série histórica homogênea que caminhe numa dada direção”, avalia. Dessa forma, a redução não pode ser considerada permanente.
“As condições propiciam muito mais o aumento do que a diminuição da violência”.
Além disso, a professora afirma que o breve período analisado não tem peso histórico suficiente para embasar a afirmação.
Segurança
No ano passado, a Secretária de Segurança Pública do DF havia informado a diminuição de 8,9% nos casos de crimes violentos letais no primeiro ano de pandemia. Os crimes que envolvem homicídio, feminicídio, lesão corporal seguido de morte e latrocínio (CVLI´s) tiveram 40 vítimas a menos que no ano de 2019.
Já os crimes contra o patrimônio como roubo a pedestres, em transportes públicos, comércios, residência e veículos passaram de 45.429 para 30.503 em 2020. Essa redução foi avaliada por especialistas como consequência do isolamento social.
A Secretaria de Segurança Pública divulgou dados referentes ao mês de abril de 2021. Houve um aumento de sete vítimas em CVLI´s, totalizando 28 vítimas no mês de abril de 2021.
Embora nota-se um pequeno aumento entre esses dois meses, esse número encontra-se abaixo em comparação aos anos anteriores com 36 vítimas no ano de 2019 e 41 em 2018.
As taxas de homicídio, por sua vez, registraram, no ano passado, o índice mais baixo desde 1980. Os registros são de 11,4 casos por 100 mil habitantes. Já o número absoluto de mortes foi considerado o mais baixo em 28 anos.
Por Ana Cecília Gomes
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira
