Produzir flores a partir de recursos naturais existentes na propriedade, com o viés da sustentabilidade, foi um dos objetivos do curso de Educação ambiental e produção de flores tropicais, realizado pela Corumbá Concessões na comunidade Mato Grande, Luziânia (Goiás), de 12 a 14 de agosto. A atividade faz parte do Programa de Educação Ambiental (PEA) e foi ministrada pelo agrônomo e instrutor do Serviço Nacional de Aprendizado Rural (Senar Goiás), Celso Batista Leite Júnior, com a participação de 13 pessoas.
As espécies tropicais, como orquídeas, bromélias, hibiscos, antúrios e helicônias (bananeiras do mato), encantam pela beleza, tonalidades vivas e formas exóticas. São muito apreciadas em arranjos e jardins, tendo vantagem em relação ao tempo de vida: enquanto uma flor tradicional dura cinco dias, em média, uma flor tropical chega aos 20 dias de vida.
Na avaliação da analista ambiental da Corumbá Concessões, Marinez de Castro, o destaque do curso foi trabalhar a questão da preservação das flores do Cerrado, além de possibilitar geração de renda aos participantes. “Vale lembrar que as flores tropicais que atendem ao mercado de ornamentação não são extraídas do nosso bioma, mas são reproduzidas por viveiristas”, destacou.
Os participantes têm terreno, água abundante, grande interesse na preservação ambiental e já contam com demanda de mercado de flores por parte dos moradores locais para projetos de paisagismo em suas casas e em condomínios. Na avaliação de Celso Jr., o curso trabalhou a produção de flores de forma sustentável e veio, também, atender ao desejo dos participantes que buscam alternativa para agregar renda com a produção de flores. “Eles planejam constituir uma associação e comercializar, futuramente, mudas e flores na região, em Luziânia e também em Brasília”, disse.
Durante três dias, os moradores aprenderam a recuperar e preparar o solo, produzir material orgânico, construir canteiros e um viveiro de 24 m², com capacidade para 5 mil mudas. Os participantes irão replicar o conhecimento e construir um viveiro em suas propriedades. Segundo o professor, há três formas de produzir flores para comercialização: Mudas, plantas para projetos paisagísticos e para cortes, destinadas a arranjos e decoração.
Várias vezes durante as aulas, o instrutor chamou a atenção para um hábito nocivo que muitos turistas frequentadores da região do lago de Corumbá IV têm de arrancar e levar para casa plantas, como orquídeas e bromélias. Segundo ele, não se deve retirar espécies de áreas do Cerrado e matas, pois elas estão em seu meio natural, onde têm todos os recursos necessários para a sua sobrevivência. E quando são arrancadas da natureza elas podem morrer porque não se adaptam ao meio doméstico e não são devidamente cuidadas. Celso recomenda que mudas de flores sejam adquiridas em viveiros onde foram produzidas de forma correta, para domesticação.
Paraíso cercado por água
A comunidade Mato Grande, que fica a 120 km de Brasília, é antiga e, de alguns anos para cá, tem recebido novos moradores que estão construindo casas modernas de grande e médio porte e em condomínios, atraídos pela beleza do lugar. O casal Marivalda Feitosa Bispo e Luciano Nery reside em Brasília, mas há 11 anos faz parte da comunidade, em seu rancho Mary & Lu, que recebeu o curso. O lugar, que ela e os moradores chamam de “península”, é um paraíso cercado de água e fica próximo ao reservatório da UHE Corumbá IV.
Preservação ambiental, paisagismo e possibilidade de cultivar flores de forma sustentável foi o que levou Marivalda a solicitar o curso à Corumbá Concessões. A capacitação, segundo ela, proporcionou conhecimento aos participantes que estão estimulados a produzir mudas para venda na feirinha da Associação dos Produtores de Mato Grande.
Maria Feitosa Bispo, irmã de Marivalda, mais conhecida como Bia, disse que se sentiu duplamente beneficiada, pois, além do conhecimento na área de preservação ambiental, ela irá agregar valor ao seu trabalho como florista. “Eu trabalho há 30 anos com eventos e decoração e, a partir de agora, irei produzir as flores da minha preferência, para fazer um trabalho mais bonito e com mais qualidade. Para Marivalda e Bia, o curso veio na hora certa: “O nosso grupo é unido no mesmo objetivo – produzir, comercializar e preservar”.
Ana Guaranys
Ascom / Corumbá Concessões