O Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran) elaborou um plano de trabalho para incentivar o uso e o respeito às faixas de pedestres. As sinalizações que foram criadas em 1997, logo depois da aprovação do novo Código de Trânsito Brasileiro, são consideradas um orgulho para os brasilienses. Desde então, para atravessar de forma segura, basta ao pedestre levantar uma das mãos e dar o conhecido “sinal de vida”, solicitando que os carros parem.
Passados 25 anos, o Detran está desenvolvendo diversas ações para que a cultura de respeito e uso correto das faixas se mantenham vivos na cidade. “Escolhemos como prioridade nesta ação as faixas situadas em frente às escolas, aos hospitais e às rodoviárias, locais de grande circulação de veículos”, explicou Glauber Peixoto, porta-voz do Detran. De toda forma, toda a sinalização horizontal e semafórica da cidade está sendo revista.
Apesar de alguns infratores desrespeitarem a sinalização vertical, o brasiliense ainda se orgulha dela, como é o caso de Ruth de Jesus, 29 anos, que comentou sobre o equipamento ao atravessar a faixa localizada em frente à Escola Parque 308 Sul. Acho importante que as faixas estejam visíveis e bem sinalizadas, porque são fundamentais para o deslocamento das pessoas, principalmente daquelas que têm dificuldade de locomoção. Até para os animais são importantes”, destacou.
O pedestre Felipe Leão, 27 anos, disse que com a sinalização horizontal Brasília serve de exemplo para outras cidades do país. “As pessoas de fora, quando chegam aqui, veem que as faixas realmente funcionam. O cuidado com elas é bem-vindo. Desde quando eu era criança, lembro de que adultos e crianças respeitavam a travessia”, disse.
Não só pedestres defendem a existência das faixas. A motorista Maria Rafaela, 47 anos, falou sobre o equipamento no momento em que parou em um deles para uma pessoa passar. “O plano de cuidado com a sinalização é importante. A iniciativa fará com que se evite acidentes e transtornos para a população”, frisou.
Sugestões
A estudante Maria Clara da Silva Ferreira, 16 anos, gosta tanto das faixas de pedestre que sugere que o GDF crie algumas no Eixão. “Para nós mulheres é perigoso atravessar o Eixo Rodoviário pelas passagens subterrâneas. Seria muito bom que lá tivesse passagens de pedestres”, sugeriu.
Desde outubro, as equipes de engenharia estão reformando a sinalização em dez cidades. São pelo menos 378 faixas de pedestres: 143 no Gama, 72 no Guará, 66 no Núcleo Bandeirante e Metropolitana, 35 no Recanto das Emas, 30 em Arniqueira, 17 em Vicente Pires e 15 na Candangolândia.
Também estão ocorrendo ações de renovação de outros tipos de pintura de vias em Samambaia, Taguatinga e Ceilândia, além da substituição de tachões e tachinhas, onde houver necessidade. Mais de 530 faixas já foram lavadas em todo o DF.
A educação, considerada de grande importância para resgatar e manter o respeito às faixas, recebe atenção especial no plano de trabalho do Detran. Para isso, foi criado o Programa de Segurança do Pedestre, que engloba atividades em quatro frentes distintas: cursos, ações em faixas de pedestre, blitzes educativas e palestras de rua.
O curso de pedestres ocorre semanalmente, com foco na população de mais idade, alertando para atitudes e procedimentos seguros na circulação diária, e já capacitou centenas de idosos em todo o DF.
Existe, ainda, o Café na Faixa, uma ação de rua realizada nas faixas e direcionada exclusivamente aos pedestres. Milhares de pedestres – em cidades como Ceilândia, Santa Maria, Taguatinga, Planaltina e Plano Piloto – já receberam conscientização sobre travessia segura.
As escolas também receberam atenção especial do Departamento de Trânsito, com o projeto Detran nas Escolas. De acordo com Glauber Peixoto, a iniciativa entrou em seu 10º ciclo, com 600 professores capacitados sobre segurança no trânsito e aptos a passar o conhecimento para os alunos. A ação também engloba palestras para estudantes ministradas pelas equipes do órgão de trânsito.
E os motoristas que insistem em desrespeitar as faixas e o “sinal de vida”, dado pelos pedestres, estão sujeitos a multas de R$ 293,47 e a anotação de sete pontos na carteira, cujo acúmulo de 40 pontos significa a suspensão da autorização para dirigir.
Catarina Lima, da Agência Brasília | Edição: Carolina Lobo