O filme “Desobediência”, que estreia nesta quinta-feira (21/06), reafirma o gosto do diretor Sebastián Lelio por mulheres que fogem dos padrões, após ter dado voz à luta de Marina em “Uma Mulher Fantástica”(2017) representando as dificuldades de mulheres como as de Glória no filme “Glória (2013) o cineasta prioriza a história de duas mulheres que são obrigadas a camuflarem os próprios sentimentos para agradar uma sociedade conservadora.
As personagens de Rachel Weisz e Rachel McAdams vivem uma história de amor rodeada de machismo e preconceito em uma comunidade judaica. Quando Ronit (Rachel Weisz) retorna de Nova Iorque para a sua cidade natal para o funeral do pai (rabino muito respeitado na comunidade) e reencontra Estie (Rachel McAdams) o seu amor de infância que está agora casada com o amigo Dovid (Alessandro Nivola).
Um triângulo amoroso é formado, pois as duas mulheres não resistem ao que sentem e vivem um romance às escondidas. Quando dois vizinhos encontram as amantes aos beijos e a história se espalha pela cidade, o novo posto do rabino que pode suceder a posição do pai de Ronit fica ameaçado e Dovid é cobrado por um posicionamento na história.
A representação do machismo está muito presente no enredo. A fotógrafa Ronit enfrenta os olhares reprovadores da família tradicional. A imposição sob o rabino Dovid, sobre as discussões de padrões de gêneros,mostra que não só as mulheres sofrem isso na trama.
O essencial do filme é a representação do feminino LGBTQ+, mas a história faz refletir a respeito da culpa religiosa que muitas vezes é imposta na sociedade. Outra discussão viva na sociedade norte-americana, que surge em meio ao conservadorismo do presidente Donald Trump, é sobre a eventual dependência que as mulheres têm de seus maridos durante o matrimônio.
Com grande potencial para emocionar o público e lotar as salas de cinema, o filme é muito sensível e cheio de suspenses. Traz cenas fortes como a do sexo entre as duas mulheres. Outra cena que chama a atenção é a dos discursos do pai de Ronit antes de morrer.
Por Marília Sena*
Sob supervisão de Luiz Claudio Ferreira
* A convite do Espaço Z