Este domingo (dia 12 de setembro) é Dia do Candango, graças a uma Lei que passou a valer no ano passado. Faz justiça à história de trabalhadores que participaram da construção de Brasília. “Candangos” são pessoas que vieram de outros estados do Brasil com objetivo de “tirar do papel” o sonho de construir a capital. No começo, os candangos eram os nordestinos que cuidavam da mão-de-obra braçal na maior parte das vezes, e o termo era visto como forma pejorativa.
Muitas pessoas migraram para Brasília em busca de esperança e uma nova vida. É o que relata Maria do Carmo Gonçalves Goretti, 66, moradora da cidade desde os 6 anos de idade. Um dos motivos de sua vinda foi que seu pai teve a oportunidade de trabalhar na capital, como funcionário do Banco do Brasil. “Com certeza isso foi um propósito para mudar de vida”.
Ela acrescenta que não esperava tamanha proporção de crescimento para Brasília, mas que atualmente a cidade é muito melhor do que sua família poderia imaginar, faltando apenas um pouco mais de organização, em sua opinião. “Era um lugar pequeno, com pessoas do Rio de Janeiro, São Paulo e outras regiões. Mas comparando com antigamente, cresceu demais”. Apesar de Maria ser uma das pioneiras da cidade, ela não demonstra conhecimento sobre a data do dia do candango, por ser muito recente, mas tem orgulho de estar tanto tempo na capital.
Filhos de Osvaldo Goretti e Maria Jose Gonçalves Goretti (Foto: Arquivo Pessoal)
Para Denise Queiroz, 66, não foi diferente. A chegada a Brasília também foi uma oportunidade que ela e sua família tiveram para construir um novo ciclo. “Assim que nos mudamos, souberam que minha mãe era professora e a convidaram para dar aulas, pois faltavam professores naquele tempo.” Denise veio aos 6 anos de idade porque sua irmã mais velha já estava no período escolar, e onde moravam (em um sítio perto de Luziânia-GO) não havia escola.
Seu pai, Edson Braz de Queiroz, foi um dos responsáveis pela construção da cidade. Ele tinha uma olaria nesse sítio onde fabricava tijolos maciços que eram vendidos e transportados para Brasília, e em uma dessas vindas, Edson fez a inscrição para adquirir um lote em Taguatinga. “Minha mãe mora lá até hoje. Meu pai construiu um barracão nos fundos do lote e nos mudamos para lá em 1961”.
Denise não imaginava que Brasília se tornaria o que é hoje, nem mesmo os próprios planejadores. Ela enxerga a cidade, em alguns aspectos, melhor do que o esperado, como em oportunidades e condições de vida, mas em outros casos não, por exemplo na questão da violência e problemas de transporte, saúde, educação. Apesar desses fatores, Denise se sente privilegiada por estar aqui nos tempos de crescimento da capital. “É uma cidade linda, e eu pude estar presente em vários momentos marcantes, como a primeira missa em pleno cerrado, junto à uma cruz de madeira que existe até hoje ao lado do Memorial JK, no Eixo Monumental.”
Ela também destaca sua família, que é muito grande. Vieram da cidade mineira Carmo do Paranaíba, rumo a Brazlândia, tendo seu pai como fundador do nome da cidade.
Por Vítor Rosas
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira