A bebida alcoólica é um item que faz parte das celebrações dos brasileiros, seja em um encontro com os amigos ou uma data comemorativa como o Carnaval, que se torna um período propício para esse consumo excessivo. Mas é preciso ficar atento à quantidade de álcool que está sendo ingerida para que não haja risco de se tornar um vício. A quantidade é diferente para homens e mulheres devido às particularidades de cada organismo.
Segundo um estudo realizado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), cerca de 85 mil mortes a cada ano são atribuídas ao consumo de álcool nas Américas. O levantamento realizado no período de 2013 a 2015, e divulgado em abril de 2021, apontou também que o consumo per capita é 25% superior à média global.
O médico Ábner Prado, do Instituto de Neurologia de Goiânia, explica que a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem uma escala de consumo de álcool para medir o risco de um paciente desenvolver dependência alcoólica ou demais danos à saúde. Essa escala é medida em unidades. Segundo o clínico, também há distinção quando se leva em consideração a quantidade semanal ou episódica, isto é, se a pessoa tomou todo o álcool em um dia só.
“Para homens, considera-se 21 unidades de álcool por semana, o equivalente a 12 latas de cerveja. Já para mulheres, o limite seguro é de 14 unidades, que corresponde a oito latas por semana. Se for contabilizada a ingestão de álcool por ocasião, a quantidade limite para homens é de dez unidades, o que corresponde a cinco latas de cerveja. Para as mulheres, o limite é de sete unidades, ou seja, quatro latas”, explica o especialista.
“Como outras bebidas têm teor alcoólico diferente, isso também tem que ser analisado. Lembrando sempre que há outros critérios que avaliamos para definir se o álcool está interferindo neste paciente de forma nociva. Outro ponto muito importante é que não há quantidade segura de álcool para pessoas que vão dirigir ou operar máquinas”, conclui Prado.
Dependência alcoólica
De acordo com especialistas, cada dependente tem sintomas diferentes. Fernando Machado, psicólogo do Hospital Anchieta de Brasília, alerta para que o paciente não seja pré-diagnosticado apenas por um caso isolado, mas por uma série de fatores e que a análise deve ser feita por um profissional.
“Alguns alertas precisam ser observados. O álcool passa a ser uma bebida rotineira e junto com o hábito vem a alteração de humor, alteração do sono, distúrbio alimentar, aumento no consumo de bebida, passando a ser bebidas cada vez mais fortes, agressividade em alguns casos e até mesmo a necessidade de esconder a ingestão do álcool. Estes são alguns alertas de que essa pessoa pode estar tendo problemas com álcool”, explica o especialista.
Fernando conta que não existe cura para o alcoolismo e sim um tratamento para toda a vida. Segundo ele, um alcoólico pode sim ter recaídas durante o tratamento e por isso é tão importante que o paciente queira de fato a cura, pois dessa forma a luta contra o álcool se torna menos complicada.
“As pessoas que sofrem com o alcoolismo tendem a se sentirem culpadas e acabam se autodestruindo tanto na parte física como também na psicológica. O tratamento terapêutico pode ser feito de forma individual ou em grupo, a depender da recomendação médica. Em casos mais graves, o paciente pode precisar do uso de medicamentos e/ou internações em clínicas especializadas e é importante que a família seja uma rede de apoio durante todo o período de recuperação”, conclui o especialista.