Profissionais de saúde do Distrito Federal discutem até esta quarta-feira (19) estratégias para zerar casos de transmissão vertical de sífilis e de Chagas. Isso é, quando a contaminação ocorre na gestação ou no parto. O objetivo do encontro é monitorar ações de prevenção, vigilância e controle em todas as Regiões de Saúde do DF.
Organizado pela Secretaria de Saúde (SES), em colaboração com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), o 1º Fórum Ampliado de Transmissão Vertical da Chagas e da Sífilis reuniu dados, planos e práticas bem-sucedidas. O evento, que começou nesta terça-feira (18) e vai até quarta (19), também abrange o 2º Ciclo de Monitoramento do Plano Integrado de Prevenção, Vigilância e Controle da Sífilis 2021-2024 do DF.
O primeiro dia foi dedicado a discussões e soluções para sífilis. “Precisamos entender a realidade, em que aspecto há vulnerabilidade de transmissão das mães para os filhos e que ações podemos discutir e executar para eliminar os casos”, afirmou o secretário de Vigilância Sanitária, Divino Valero Martins, representante da SES na abertura do fórum.
Incidência
De 2017 a 2021, foram notificados na capital federal 1.645 casos de sífilis congênita (passada na gestação ou no parto) em bebês de até um ano de idade, segundo dados do boletim epidemiológico da SES. Desse total, a Região Sudoeste de Saúde registrou 474 ocorrências (28,8%), seguida pela Região Oeste, com 384 (23,3%), e a Região Norte, que notificou 317 (19,2%).
Entre os desafios no tratamento da doença estão a vulnerabilidade de algumas populações e a dificuldade de abordar os parceiros da pessoa infectada. “Há problemas de registros também. Precisamos ajustar notificações e registrar com o código correto”, exemplificou a responsável técnica pela vigilância da sífilis adquirida em gestante e congênita da Gerência de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da SES, Daniela Magalhães. A notificação da sífilis – seja adquirida, em gestantes ou congênita – é obrigatória para médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde ou responsáveis pelos serviços públicos e privados da área.
“Precisamos entender a realidade, em que aspecto há vulnerabilidade de transmissão das mães para os filhos e que ações podemos discutir e executar para eliminar os casos”Divino Valero Martins, secretário de Vigilância Sanitária
O representante da Opas, Miguel Aragón, enfatizou a importância do monitoramento da doença. “Aquilo que não se controla, não se faz. E isso precisa ser feito com a integração de todos e dos serviços, não em escritório, mas com quem atende [na ponta].”
Durante o fórum, o Ministério da Saúde (MS) apresentou o Guia para Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical de HIV e Sífilis. Além dos critérios e indicadores necessários para conseguir a certificação, a pasta federal explicou como funciona o Selo de Boas Práticas rumo à Eliminação da Transmissão Vertical de HIV e Sífilis, que reconhece metas gradativas em três categorias – bronze, prata e ouro. O objetivo é uma dupla eliminação, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis da SES, Beatriz Maciel, compartilhou que o monitoramento e a coleta de dados em busca da certificação para o DF serão realizados por um grupo de trabalho que, após a consolidação do relatório, enviará o documento ao Ministério da Saúde.
Doença de Chagas
O fórum recebe nesta quarta-feira (19) representantes do Ministério da Saúde para tratar do Pacto Nacional para a Eliminação da Transmissão Vertical da doença de Chagas. Além disso, serão apresentados os resultados parciais da investigação epidemiológica dos filhos de mães portadoras da enfermidade no DF. Na ocasião, a SES expõe proposta para o estabelecimento de fluxos de assistência e vigilância para a doença de Chagas.
Agência Brasília* | Edição: Carolina Lobo