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Gama: lixão em área ambiental vai virar plantação de ipês

Uma prática irregular de pelo menos uma década da comunidade do Gama está prestes a acabar. Moradores da Vila Roriz usam uma área de cinco mil metros quadrados para descartar lixo e entulho sem autorização. Mas, depois de se tornar foco de contaminação de dengue, o lixão será eliminado de vez pela Administração Regional da cidade, que já fazia a limpeza quinzenal do local.

O trabalho não está sendo fácil. Na última sexta-feira (21), funcionários da administração, com auxílio de caminhões da Companhia de Urbanização da Nova Capital (Novacap), passaram o dia limpando o terreno e retiraram tudo. Mas, dias depois, no fim de semana, os moradores voltaram a jogar resíduos no terreno, que é  uma Área de Preservação Ambiental (APA).

Nesta terça-feira (24), mais uma vez, as máquinas voltaram a limpar o local e fizeram a terraplanagem da área, que vai receber cinco mil metros quadrados de grama, doadas pela Novacap.  “A Companhia também vai nos doar mudas de ipês e vamos plantar nesse terreno”, afirma o administrador do Gama, José Elias Silva de Jesus.

Funcionários da administração também cavaram uma vala, de cerca de 50 cm de largura e 80 de profundidade, ao redor da área pública, na tentativa de impedir que as pessoas acessem o local. “É um impedimento para que os carros entrem e descarreguem lixo no local”, conta o administrador.

José Elias conta que a população usa a área para descartar lixo há uns dez anos, mesmo com a existência de um papa-entulho no Gama, que fica logo na entrada da cidade. A cada 15 dias, a administração fazia o transbordo do local e levava os restos de construção para a Unidade de Recebimento de Entulho (URE), que fica no antigo Lixão da Estrutural. Segundo ele, 20 caminhões eram necessários para retirar o lixo a cada 30 dias.

Devido ao aumento de casos de dengue na região, porém, o GDF decidiu eliminar de vez a área de descarte irregular de resíduos. “Certamente esse lixão era um foco”, diz José Elias. “As pessoas jogavam até lixo orgânico, que o SLU recolhe em casa”, completa

Para ele, sem ajuda da população, fica difícil para o governo manter a cidade limpa e combater o mosquito Aedes aegypti. “A comunidade tem que se conscientizar que lixo despejado de forma irregular é sinônimo de doença e a dengue é só uma delas”, afirma.

Morador da Vila Roriz há cerca de 30 anos, o segurança Alexandro Alves Rocha, 40, conta que a área do lixão era um campo de futebol, que  acabou sendo inutilizado. “Ele foi sendo esquecido, encheu de mato e foi abandonado”, diz. Segundo ele, as pessoas jogam lixo no local por preguiça e por desinformação.

“Às vezes nem sabem da existência do papa-entulho, eu mesmo não sabia”, diz. Para ele, o terreno público poderia ser usado para o lazer da comunidade. “Não temos para onde levar as crianças. O espaço seria perfeito para construir um campo de futebol sintético”, reivindica.

Também morador da região, o autônomo Daniel Mendes, 35 anos, disse que é cultura da população da Vila Roriz jogar lixo nas ruas do bairro desde o início da ocupação do local.”E hoje cerca de 70% da população do Gama deposita entulho aqui porque ninguém quer ir até o papa-entulho, que fica há uns 5 quilômetros”, diz.

Para ele, o lixão certamente é um foco de dengue e, para reduzir os casos da doença na cidade, é preciso acabar com o descarte irregular no local e desativar de vez o lixão. “O Gama tem uma parte alta e outra mais baixa, onde fica a Vila Roriz. Quando chove a água desce toda pra cá e fica acumulada do meio do lixo”, reclama.

GIZELLA RODRIGUES, DA AGÊNCIA BRASÍLIA