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Histórias de esperança nas UPAs do Riacho Fundo II e Paranoá

Por Pollyana Cabral

Duas histórias emocionantes de superação, acolhimento e transformação ganharam destaque nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Riacho Fundo II e Paranoá. Esses relatos de vidas são marcados por desafios, mas também pela esperança e pelo trabalho dedicado das equipes de saúde, mostram o poder do cuidado humano e da solidariedade, que vão muito além do atendimento médico. E, ao mesmo tempo, refletem os princípios fundamentais do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde (IgesDF): governança clínica, humanização no atendimento e melhoria continuada. Mais do que tratar doenças, a instituição se compromete a oferecer um cuidado integral e permanente, garantindo que cada paciente receba assistência médica, suporte social, emocional e acolhimento.

Já a melhoria continuada permite que o acompanhamento vá além do momento do atendimento, garantindo que indivíduos como o Sr. José Ailton e Sr. Vavá tenham acesso a recursos que possibilitem sua recuperação, reintegração e qualidade de vida. Essa abordagem reforça o compromisso do Instituto em transformar realidades, promovendo um atendimento digno e respeitoso, onde cada paciente é visto em sua totalidade, com suas necessidades e histórias valorizadas.

O novo começo de Sr. José Ailton: Uma jornada de transformação

O senhor José Ailton Miranda de Jesus, (42) anos, chegou à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Riacho Fundo II no segundo semestre de 2024 e em condição delicada. Sem documentos e resgatado pelo Corpo de Bombeiros com sinais de hipoglicemia e uma lesão no olho direito, sua história comoveu toda a equipe da unidade. Inicialmente, acreditava-se tratar de uma pessoa em situação de rua. No entanto, ao longo dos meses, sua jornada revelou muito mais: uma vida marcada por desafios, perdas e a esperança por uma nova oportunidade.

As assistentes sociais da UPA, Amanda Kelly, Michele Lins e Antônia Pereira da Silva, relembram o primeiro contato com o paciente. “Ele chegou fragilizado, sem nenhuma documentação, relatando que havia vindo a pé da Bahia para Brasília e que estava em situação de rua há dois anos. Aos poucos, fomos traçando um caminho para tentar resgatar seus direitos e proporcionar um acolhimento digno”, afirma Amanda.

O primeiro passo foi tentar localizar sua documentação. Com base nas informações fornecidas, a equipe do serviço social iniciou uma busca nos cartórios da Bahia e conseguiu encontrar o registro de nascimento do paciente. A segunda via da certidão foi solicitada e, em seguida, providenciou-se a emissão do CPF e da Carteira de Identidade Nacional.

Paralelamente, sua saúde ocular foi avaliada no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), onde foi constatada a presença de catarata no olho direito e um possível trauma no esquerdo. O caso exigia exames mais detalhados e, posteriormente, uma cirurgia oftalmológica, marcada para janeiro de 2025. Infelizmente, após o procedimento, foi confirmada a cegueira irreversível em ambos os olhos, uma notícia que abalou a equipe.

“Foi muito difícil para todos nós. Criamos um vínculo com ele e torcíamos para que recuperasse ao menos parte da visão. Mas, ao mesmo tempo, sabíamos que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para garantir seu tratamento”, desabafa a gerente da UPA, Carolina Corrêa Gomes.

Com a confirmação da deficiência visual, o serviço social solicitou o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para garantir um suporte financeiro ao paciente. Além disso, foi judicializada sua entrada em uma residência inclusiva, visto que não poderia permanecer em um abrigo comum devido à limitação visual. Atualmente, ele aguarda sua vaga, ocupando uma das primeiras posições na lista de espera.

O Sr. José Ailton tem se mostrado resiliente, apesar dos desafios. “Nunca imaginei que teria tanta gente lutando por mim. Passei muito tempo esquecido, sem esperança. Agora sei que não estou sozinho”, emociona-se.

A equipe da UPA continua acompanhando sua situação com dedicação, garantindo que tenha acesso aos direitos e serviços necessários para uma vida mais digna. Sua história é um exemplo de como o compromisso e a empatia podem transformar vidas.

Ex-morador de rua conquista corações na UPA do Paranoá e ganha um novo lar

Uma história de superação e solidariedade emocionou a equipe da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Paranoá. Valdomiro Gomes da Silva, 65 anos, conhecido carinhosamente como Sr. Vavá, passou de ex-morador de rua a um exemplo de amor.

O resgate de Vavá começou quando foi levado à UPA pelos bombeiros após um atropelamento. “Ele não falava, não andava e estava em uma situação de extrema vulnerabilidade”, relembra a gerente da unidade, Juliete Andrade. Com o apoio da equipe e um trabalho psicossocial, sua recuperação foi surpreendente. “Pouco tempo depois, ele já andava, falava e até lia”, celebra.

A evolução de Vavá não foi fácil. A médica, Dra. Nayane Solnioni, destaca os desafios do início do atendimento. “Ele chegou em condição etílica e sem informações claras, o que dificultou o processo. Mas a equipe não mediu esforços”, afirma. Aos poucos, o carinho dos profissionais criou um vínculo especial. “A gente se apegou tanto que demos a ele até um crachá fictício para se sentir parte da UPA”, conta Nayane, sorrindo.

O serviço social teve papel essencial nessa história. “Quando ele chegou, não tinha documentos, o que impedia sua admissão em um abrigo”, explica a assistente social, Érika Santos. “Providenciamos identidade, CPF e título de eleitor, garantindo o acesso aos direitos básicos”. Com essa documentação, foi possível encaminhá-lo ao Lar São José, em Sobradinho.

A notícia da mudança mobilizou toda a equipe da UPA, que se reuniu para arrecadar itens essenciais, como produtos de higiene, roupas, cadeira de rodas e um andador. Para a técnica de enfermagem Ana Paula Pereira da Silva, a despedida foi emocionante. “O amor que criamos por ele é imenso. Saber que ele terá um lar nos enche de alegria, mas também deixa saudade”.

Com olhos brilhando de gratidão, o Sr. Vavá resume sua experiência na UPA do Paranoá: “Encontrei aqui muito mais do que carinho e comida. Encontrei uma nova família”. Seu maior sonho agora é reencontrar sua mãe, que acredita estar em São Paulo. “Quero abraçá-la de novo”, diz esperançoso.

Na despedida, a equipe organizou uma homenagem especial, com bolo, álbum de memórias e um porta-retratos com a palavra “Família”. Emocionados, os profissionais deixaram uma mensagem: “Vai com Deus, Sr. Valdomiro! Sentiremos saudades! Sempre seremos sua família!”. A gerente reforçou a importância do trabalho em equipe. “A história dele simboliza o compromisso e a dedicação da nossa unidade”. O Lar São José marca o início de um novo capítulo em sua vida.

Laços que transcendem o atendimento médico

As histórias do Sr. José Ailton e do Vavá mostram que a missão das UPAs vai muito além do atendimento emergencial. São centros de acolhimento, transformação e solidariedade. Nos dois casos, o que começou com atendimento médico se transformou em jornadas de apoio contínuo, com vínculos de amizade e cuidado que ultrapassavam os muros das unidades de saúde.

Essas duas histórias ilustram os desafios enfrentados por aqueles que estão em situação de vulnerabilidade, mas também revelam a importância da empatia, da dedicação e do amor no trabalho da saúde pública. As equipes das UPAs do Riacho Fundo II e Paranoá mostraram, por meio de ações concretas e gestos de carinho, que é possível transformar realidades e criar novos começos para aqueles que mais precisam. Esse compromisso com a humanização e a melhoria continuada são pilares que sustentam o trabalho diário do IgesDF, tornando cada vida que passa por essas unidades mais valorizada e amparada.

O impacto desse cuidado vai além do atendimento médico, proporcionando dignidade, esperança e a chance de reescrever histórias. Ao unir esforços para garantir não apenas a recuperação clínica, mas também o suporte social e emocional, os profissionais reforçam o papel essencial da saúde pública na construção de uma sociedade mais acolhedora.

Autora Pollyana Cabral