Em 1º de agosto, celebra-se o Dia Mundial da Amamentação, instituído em 1992 pela Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação (World Alliance for Breastfeeding Action – WABA). O objetivo é promover o aleitamento materno e a criação de bancos de leite, garantindo melhor qualidade de vida para crianças em todo o mundo. A data faz parte da Semana Mundial de Aleitamento Materno, comemorada anualmente em 120 países entre os dias 1º e 7 de agosto.
São inúmeros os benefícios da amamentação. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o leite materno é capaz de reduzir em até 13% as mortes evitáveis em crianças menores de cinco anos de idade. As evidências científicas indicam que bebês prematuros e/ou com patologias, que se alimentam de leite humano no período de internação na UTI Neonatal, possuem mais chances de recuperação e de terem uma vida mais saudável.
“O leite materno é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais do bebê até os seis meses de vida; estabelece profunda ligação entre mãe e filho, por meio de estímulos sensoriais, visuais, auditivos e emocionais; ajuda a prevenir infecções através das imunoglobulinas presentes no leite; estimula o desenvolvimento orofacial da criança, além de reduzir o risco do surgimento de várias doenças na vida adulta, como hipertensão arterial e diabetes mellitus”, explica a enfermeira Karen Karoline Gouveia Carneiro, professora das disciplinas saúde da mulher e saúde do recém-nascido e criança no curso de Enfermagem do Centro Universitário UNICEPLAC.
Os benefícios também se estendem às mães. Segundo a especialista, logo após o parto, o aleitamento favorece os fenômenos regressivos do puerpério, como a involução uterina, que ocorre quando o útero volta ao tamanho normal. “Por isso é comum que a mãe sinta algumas cólicas durante a amamentação nos primeiros dias após o parto. Além disso, amamentar também constitui um fator protetor para o surgimento de várias doenças, como o câncer de mama, e acelera a perda de peso após o parto”, orienta Karen.
A professora responde às principais dúvidas sobre o tema:
Por quanto tempo a criança deve receber o leite materno?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento materno seja exclusivo até o sexto mês de vida. Ou seja, durante este tempo, não há necessidade de oferecer nenhum outro tipo de alimento como água, chás ou papinhas. Também recomenda que os bebês continuem sendo amamentados até pelo menos dois anos de idade, mesmo após a introdução de alimentos sólidos. Isso quer dizer que não existe idade limite para que a criança pare de ser amamentada, mas alguns fatores podem impactar essa decisão, como o retorno da mãe ao trabalho.
De que forma o leite materno ajuda no desenvolvimento do sistema imunológico do bebê?
O leite materno é adaptável às necessidades do bebê, inclusive no seu sistema imunológico. O colostro, produzido nos primeiros dias de vida do bebê, é extremamente rico em nutrientes, lipídios e anticorpos, principalmente o IgA e o IgM, protegendo contra infecções agudas, como otites, diarreias e infecções do trato respiratório. Esse fator é especialmente importante para bebês prematuros, que são ainda mais vulneráveis. À medida que o bebê cresce, o leite materno se adapta às necessidades nutricionais e imunológicas, mostrando o quanto esse processo é extraordinário.
Quais são as dificuldades mais comuns enfrentadas pelas mães durante o aleitamento materno, e como elas podem ser superadas?
As dificuldades durante o aleitamento materno podem levar ao desmame precoce do bebê. Ao contrário do que muitos pensam, amamentar pode ser extremamente difícil e o sucesso depende de vários fatores, inclusive de uma rede de apoio presente, que vai garantir suporte e tranquilidade para a mãe nesse momento de adaptação. A principal dificuldade, logo no início, geralmente está relacionada à pega incorreta do bebê. Apesar de parecer muito instintivo, mãe e bebê precisam passar por um processo de adaptação e aprendizagem logo após o nascimento, que pode ser muito estressante. Outras dificuldades podem surgir depois, como o ingurgitamento mamário – conhecido por “leite empedrado” -, as fissuras mamárias e os mitos populares. O melhor meio para enfrentar essas dificuldades é o conhecimento, que deve ser oferecido desde o pré-natal pelos profissionais que assistem à família.
É possível garantir melhor produção de leite materno?
A produção de leite está diretamente relacionada ao estímulo de sucção do bebê. Costumamos dizer que o seio materno não é um armazém, mas uma fábrica, que vai produzindo leite à medida que o bebê vai sugando. Adicionalmente, a mãe precisa manter uma dieta rica e adequada, com frutas, legumes, vegetais, cereais, carboidratos, proteínas e lipídios, evitando alimentos ultraprocessados e mantendo hidratação abundante.
Mitos e Verdades sobre a Amamentação
- MITO: “Mamas pequenas produzem pouco leite”.
- VERDADE: o tamanho das mamas está relacionado à gordura. O leite é produzido pelas glândulas mamárias à medida que o bebê mama.
- MITO: “Canjica e cerveja aumentam a produção de leite”
- VERDADE: a produção de leite está relacionada à sucção do bebê; quanto mais ele mama, mais leite é produzido. A hidratação da mãe também interfere na produção.
- MITO: “O bebê precisa mamar de três em três horas”
- VERDADE: a amamentação deve ocorrer em livre demanda. Nos recém-nascidos e prematuros, essa frequência pode ser ainda maior.