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Marcha das Margaridas: trabalhadoras criticam agrotóxicos e pedem responsabilidade ambiental

“É uma vergonha na nossa sociedade o governo federal liberar novos agrotóxicos. O que a gente precisa mesmo é de recursos melhores para mostrar que a agricultura familiar que dá certo. Nós estamos lutando para que a agricultura familiar não acabe, porque tem pessoas que sobrevivem do campo. É injusto querer que a agricultura familiar se acabe para que apenas o agronegócio tenha vez. Na minha cidade, existem pessoas que já sofreram, que já ficaram cegas por causa do agrotóxico, os venenos”, lamentou Deyse Alves, pernambucana de 42 anos, e que trabalha no campo desde 1994 junto com a família. Ela veio de ônibus para Brasília participar da Marcha das Margaridas, nesta quarta (14.8).

A trabalhadora Jerônima Morais, maranhense que trabalha no campo há 16 anos, exaltou a luta diária dessas mulheres “Estar aqui hoje levantando a bandeira do Maranhão é dizer que a gente está nessa luta por direito de terra, de território, alimentação saudável e saúde”. Ela também comentou que os agrotóxicos representam mais uma ameaça para quem atua no campo.“ A gente vive lutando contra o veneno do agrotóxico que invade nossa comunidade, nosso território e nossa saúde. Conheço várias mulheres que precisaram ir para hospital por causa dos agrotóxicos.”

Aparecida de Andrade, 39 anos, de Bom Conselho (PE), é formada em radiologia, mas afirma que trabalha na zona rural desde criança.  Aparecida mora em uma fazenda com sua mãe e sobrinho. Eles praticam agricultura familiar e a plantação é orgânica, livre de qualquer tipo de agrotóxico. Ela explica que é possível cuidar da plantação apenas com produtos provenientes da própria natureza e por meio de técnicas não invasivas. “O uso desses agrotóxicos que estão sendo liberados é uma falta de respeito com o meio ambiente e com nós trabalhadores rurais”, comenta. 

A trabalhadora Maria da Luz, de 65 anos de idade, presente na marcha pela terceira edição seguida, atua na área rural há mais de 30 anos. Atualmente, trabalha no Sítio Feijão, em Bom Jardim (PE). A plantação produz macaxeira, feijão, milho, dentre outros tipos de vegetais. Segundo ela, Maria da Luz também é agricultora agroecológica. Todos os produtos no sítio são orgânicos e ela mostra insatisfação com a recente liberação de diversos agrotóxicos. “Já conheci pessoas que têm a saúde afetada pelo manuseio de agrotóxicos. Eu me sinto bem em saber que estou produzindo e vendendo produtos que não prejudicam nem a natureza nem a saúde das pessoas.”.

Foto: Evellyn Luchetta

 Irene da Silva, 57 anos, mora com seus seis filhos em Bacuri no Maranhão. Compareceu à marcha com as companheiras de trabalho. Ela é agricultora familiar e diz conhecer muitas pessoas, das quais ficaram impossibilitadas de trabalhar por conta de problemas de saúde, consequência do uso desregulado e exagerado dos agrotóxicos. Irene é contra o uso de substâncias tóxicas à terra. Por isso cultiva alimentos orgânicos. “Mas, há agricultores que não estão querendo mais trabalhar, só jogar produto”.

Por Camila Demienzuck, Paloma Benther e Vitória Von Bentzen

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira