Leia mais

Mais lidas

Útimas notícias

Marcha das Margaridas traz à tona violência diária no campo contra mulheres

“Nós somos ameaçadas de forma física, moral e material diariamente, fazemos jornada dupla e sofremos com precariedade no campo”, afirma Maria Ângela, trabalhadora rural da cidade de Mato Grande, em Alagoas. Enquanto andava pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, durante a Marcha das Margaridas, nesta quarta (14), explicou que fez questão de vir à capital do país para dar visibilidade aos problemas que ocorrem longe dos grandes centros. Ela andou em meio a outras trabalhadoras, marisqueiras, quilombolas e indígenas no evento.

 “Já passei muitas dificuldades, acordava às 5h da manhã, e ia para roça de mandioca. Criei meus 10 filhos sem pai. E hoje eu estou aqui para protestar sobre os meus direitos. Não quero que meus 36 netos passem pela mesma dificuldades que eu passei”, explicou Raimunda Sebastiana, de 76 anos, que veio da zona rural da cidade Cururupu (MA).

Perto dela estava Larissa Santos, de 17 anos. Ela viajou de Viana, no Maranhão, para lembrar que tem outros sonhos. Ela explicou que trabalha na lavoura dos pais desde os oito anos de idade. “Tenho sonho de ser médica para ajudar na comunidade quilombola onde mora”. “Trabalho na roça, desde menina. Acordava de madrugada, para poder chegar a tempo na escola, tinha que pegar dois ônibus para ir e voltar. Infelizmente eu tive que parar de estudar, para ajudar os meus pais na roça, tenho mais quatro irmãos pequenos, e nosso bolsa família foi cortado. E é por isso que eu manifesto hoje. Para ter direito aos meus direitos.”

Juçara, mulher indígena, da tribo Pucobié,  no sudeste do Maranhão, professora, ajuda na tribo ensinando as crianças aprenderem a ler. “A minha tribo foi expulsa do seu território que estava há muito tempo, por fazendeiros. Eles expulsaram a gente como se a gente fosse ladrões. Tocaram fogo nas nossas ocas, bateram em nós, e perdemos tudo. Isso foi muito triste. A nossa terra foi queimada, tiraram as árvores e venderam as madeiras. Eles agrediram a gente.” 

Por Evellyn Luchetta, Andressa Matazzo e Pedro Henrique de França

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira