Pode parecer uma termo de difícil compreensão, mas assim como as câmeras fotográficas analógicas necessitavam de filmes e hoje são facilmente manipuladas e embutidas em celulares, assim a microscopia digital, no âmbito das análises clínicas, se tornou a própria evolução na digitalização de imagens obtidas através do microscópio óptico para imagens em formato digital.
A digitalização é feita com um sensor que converte a imagem em um arquivo de computador, com aumento da resolução, do contraste e da nitidez. As imagens podem ser armazenadas, editadas e compartilhadas.
A possibilidade de enxergar o invisível a olho nu, por meio do microscópio, permite conhecer as características do mundo microbiológico, das células, dos tecidos e o seu correto funcionamento, por meio de lâminas (material de vidro de dimensão específica contendo o material a ser estudado). E isso também permite a análise de órgãos com suspeita de apresentar alguma patologia.
A professora Magda Verçosa, coordenadorado do Labocien do Centro Universitário de Brasília (Ceub), explica que o trabalho com lâmina física torna-se mais oneroso em virtude da sua fragilidade e a necessidade de um tempo maior para a realização do diagnóstico. “Por outro lado, as lâminas digitalizadas apresentam uma gama maior de vantagens (ausência de risco de quebra, perda e extravio) e meios de análises que podem ser feitas como a contagem automatizada de célula, medição de área e comprimento de um tecido, compartilhamento via internet para uma segunda opinião dos especialistas”, argumenta.
“Podemos produzir uma lâmina com células que formam nossa pele para investigar um possível caso de câncer, por exemplo”, diz Magda Verçosa
O banco de lâminas digitais enriquece as aulas práticas ao facilitar a leitura e interpretação de tecido ao permitir fotografia com melhor qualidade para estudos posteriores, ampliar o conhecimento no uso da tecnologia nos aspectos de análise diagnóstica como a medição de estruturas celulares, realizar estudo simultâneo comparativo com lâminas de tecidos saudáveis e doentes.
Desde a sua implementação, o “laboratório virtual” atende todos os cursos da saúde do CEUB: Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Medicina Veterinária e Nutrição, que possuem, em seu Projeto Pedagógico, disciplinas ou módulos de bases biológicas.
Análises a distância
A microscopia virtual, como ferramenta à disposição da telessaúde, foi essencial para dar apoio e vazão aos casos clínicos em meio à alta demanda causada pela pandemia de covid-19, principalmente, para as pequenas cidades no interior dos estados, que, em sua maioria, são carentes de profissionais habilitados nessa área e precisam recorrer a especialista nos grandes centros urbanos.
Para o ensino, a microscopia virtual trouxe novas formas de aprendizado ao inovar práticas de ensino de microbiologia e citologia, além de permitir ao discente a obtenção de conteúdos de aprendizagem disponíveis comumente, em aulas práticas presenciais, mesmo estando em um momento de estudo à distância.
“Refletimos também sobre a possibilidade de que este instrumento seja utilizado nas práticas de Simulação Realística, cooperando assim com a aquisição das habilidades profissionais. Um dos grandes desafios das aulas teórico-práticas é a integração da aprendizagem com o mundo do trabalho”, afirma a pesquisadora.
Por Michel Lima
Imagens: Divulgação
Supervisão de Luiz Claudio Ferreira