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Nasce uma estrela, com Lady Gaga, estreia nos cinemas; nosso repórter assistiu ao filme

O clássico Nasce uma Estrela ( A Star is Born) chega mais uma vez aos cinemas. Desta vez, dirigido e estrelado por Bradley Cooper e Lady Gaga, o filme é um remake da conhecida bela, triste e romântica história de amor. Originalmente produzido em 1937, em sua versão menos popular, estrelado por Janet Gaynor, depois sendo feito por Judy Garland em 1954, como protagonista principal da trama e mais tarde, em sua versão mais conhecida, lançada em 1977, com a famosa dupla Barbra Streisand e Kris Kristofferson nos papeis principais.

Emocionante, bonito e poderoso. Nasce uma Estrela marca a estreia do também ator Bradley Cooper como diretor, um começo digno de oscar. Cooper consegue, em seu remake,  dividir bem a história, e conta-la com um enredo acelerado e cativante, que não se percebe as quase 3 horas de filme, capaz de prender o telespectador. Apesar de derrapar algumas vezes em partes clichês, o enredo ainda é de se elogiar para sua primeira experiência, realizando um trabalho sólido.

 

No filme, Ally ( Lady Gaga) é uma jovem que sonha em ser cantora, sempre apoiada pelo seu pai Wolfe ( Michael Harney) e pelo seu melhor amigo Ramon ( Anthony Ramos) . Ela trabalha em um restaurante para pagar suas contas e vive uma normal vida pacata, e que em algumas noites, frequenta um clube noturno de draqueens. Em uma dessas noites,  o famoso músico Jackson Maine ( Bradley Cooper) descobre Ally no clube, e resolve ajuda-la em sua carreira, e ao mesmo tempo, se apaixonam.

Logo de cara, em sua primeira performance, a voz de Cooper soa esquisita e até um pouco desafinada, certamente um susto para qualquer telespectador. Porém, com o passar do tempo, além de ser melhor aceita, o ator claramente melhora sua qualidade de voz, digna de um elogio.  A atuação dele, como disse acima, é algo impressionante, digno de oscar. Cooper, consegue entrar muito bem ( como sempre) em seu personagem que passa o filme inteiro lutando contra seus próprios demónios, o álcool e as drogas, e até mesmo problemas com o irmão Bobby ( Sam Elliott). Claramente um grande músico que não tinha mais o controle de sua vida e que nem fazia mais suas próprias escolhas, a sua solidão e seus problemas familiares falavam mais alto. Até conhecer Ally, onde sua vida mudou drasticamente. Os dois logo no começo, em suas primeiras performances,  mostram uma incrível sintonia que é facilmente percebida, chegando até a emocionar, tanto com a bela voz de Gaga junto com a bela performance de Cooper, mas isso se perde um pouco no decorrer do filme( falarei mais embaixo sobre)

Como na vida real, Ally sempre se mostrou com uma personalidade forte e preparada para os desafios da vida, conectando-se muito com a atriz que a interpreta. Ao mesmo tempo que é muito forte, ainda é muito insegura com sua beleza, motivo pelo qual de acordo com o pai, a carreia da filha não foi para frente. No palco, sua presença é indiscutivelmente arrasadora, magistral. Com sua voz poderosa, capaz de cantar qualquer coisa, Gaga não consegue esconder que é para isso que ela nasceu, o estrelado do palco, mas talvez nem tanto para a atuação. Em certos momentos do filme, é perceptível uma falta de carisma da personagem, falta algo, uma emoção a mais, as vezes até mesmo exagerando nesse ponto. Poucos momentos que não apagam sua ótima atuação no geral.

Por ser a primeira direção de Cooper, a obra teve alguns escorregões. Em certo momento em que Ally muda seu estilo e vai para o pop, é perceptível  que o diretor expressa um tom real e até mesmo humorístico do mercado desse estilo atualmente. Com músicas totalmente non-sesnse, e vazias, mostra o pior momento de Gaga, e por incrível que pareça, cantando o seu estilo  favorito. Em muitas das partes, sentia saudades das grandes performances de músicas trabalhadas e carregando mais emoção, chegando a passar muitas vezes a sensação de uma crítica bem pensada, mas talvez mal executada, a comercialização da artista no filme. Outro ponto que o diretor peca, é na rápida construção do enredo, que apesar de prender o telespectador, a história acontece tão rapidamente, que você não consegue se sentir mais conectado aos personagens principais, pois eles já viraram outras pessoas, principalmente Ally, virando quase um relacionamento muito superficial. Um último ponto a ser observado se passa na cenas das premiações, na qual Jackson está claramente bêbado e tem uma overdose no meio do evento, cena essa que poderia ser melhor explorada, e fugir mais do clichê de outros filmes sobre música, percebe-se que o diretor deu uma forçada nessa parte. No geral, ainda é uma direção muito bom e a ser olhada com carinho em futuras premiações.

Outro ponto a se destacar são as cores( jogos de luz) e fotografia no filme, simplesmente incríveis. Em cenas no palco, o diretor abusa do contra-luz, conseguindo uma bela silhueta dos personagens, junto com uso do flair,  que se torna é algo facilmente perceptível deixando o filme absolutamente lindo. O uso do vermelho na obra também pode ser visto, dando uma ideia de paixão e excitação na obra.

O final, coroa todo o resto e se dá de maravilhosa e forte, com uma bela performance de Ally, totalmente forte e arrasada com os acontecimentos do enredo, trazendo a personagem para o seu papel de maior conforto e destaque no filme, com uma música muito mais trabalhada e forte, encerrando-se de forma triste e poderosa.

 

Por Luca Valério*

  • A convite da Espaço/Z

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira