Roberta Cantarela e Sinara Pollom
NATÁLIA MARINA BASÍLIO ALVES, a primeira surdocega a se formar na Universidade de Brasília. Natália ingressou no ano de 2018 no Curso em Licenciatura em Língua de Sinais Brasileira – Português como Segunda Língua (LSB – PSL) e se formou este ano. Em uma vida cheia de desafios, Natália encontrou na UnB um espaço de acessibilidade e integração que culminaram junto com a sua determinação a vitoriosa graduação.
Nascida Surda profunda, Natália começou aos 6 meses a estimulação precoce e com 3 anos, foi descoberto os problemas visuais. Na escola, não conseguia ler e escrever por falta de acessibilidade foi apenas alfabetizada com 9 anos. As dificuldades seguiram a sua vida escolar com falta de profissionais especializados e material acessível.
Natália reflete: “Nessa minha trajetória de vida escolar, tive muitos desafios, mas com um aprendizado enorme. Nasci deficiente auditiva e depois retinose pigmentar ainda criança, síndrome de Usher na adolescência e hoje sou surdocega e com força, coragem e muita dedicação para ajudar outros surdocegos a vencer na vida. Sou grata a minha família, amigos e a todos os professores que trabalha com surdos e surdocegos.”
Sendo assim, a Coordenação das Mulheres da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) e a Diretoria de Acessibilidade (Daces) do Decanato de Assuntos Comunitários (DAC) parabenizam Natália Marina Basílio Alves, a primeira mulher surdocega a se formar na Universidade de Brasília.
Para refletir…
No mês de setembro foi comemorado o Setembro Azul em comemoração ao Dia Mundial das Línguas de Sinais em 23 de setembro e ao dia 26 de setembro, Dia do Nacional dos Surdos. A data nacional foi estabelecida via Lei n.º 11.796, de 29 de Outubro de 2008 e foi escolhida por ser a data de fundação da primeira escola de surdos no Brasil, Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines) em 1857. O mês de setembro se encerrou no dia 30 com a comemoração do Dia Internacional dos Surdos e Dia Internacional do Tradutor Intérprete de Línguas de Sinais.
O azul no título das comemorações do Mês dos Surdos rememora a perseguição aos surdos pelos nazistas na 2.ª Guerra Mundial, onde lhes eram colocados uma fita azul nos braços para os identificá-los como inferiores ou também para serem enviados à execução. Ao passar do tempo, a Comunidade Surda começou a utilizar a cor azul como representação a resistência e a luta dos Surdos perante as perseguições. Na Cerimônia da Fita Azul (Blue Ribbon Ceremony) em 1999, a cor azul foi instituída com símbolo de resistência e orgulho da Comunidade Surda.
UnB atuante e acessível: conheça mais
A Coordenação das Mulheres da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) tem como finalidade a promoção de ações de reconhecimento da diversidade de gênero, enfrentamento do sexismo e das violências de gênero na comunidade universitária e promover articulações entre as mulheres que compõem a comunidade universitária, em ações pertinentes à promoção dos direitos das mulheres. Como também de atuar transversalmente nas áreas de ensino, pesquisa e extensão com temas relativos aos direitos das mulheres e na elaboração e apoio à políticas para o público de mulheres, voltadas para a comunidade acadêmica.
A Daces/DAC tem como objetivo garantir e promover a inclusão e a acessibilidade como uma política transversal na UnB, de forma a ampliar condições de acesso, acessibilidade, participação e aprendizagem aos estudantes que possuem deficiência e/ou necessidade educacional específica.
A Daces/DAC atua, também, como núcleo de acessibilidade da UnB – nos termos do Decreto 7.611/2011 – e no processo de implementação, monitoramento e avaliação da Resolução CAD Nº 50/2019, que institui a Política de Acessibilidade da nossa Universidade.
Dentre os direitos previstos nesta Política para estudantes surdocegos estão: prioridade de matrícula; orientações aos docentes e coordenadores de curso sobre os recursos e serviços de acessibilidade ofertados pela Daces/DAC; produção de material acessível; acompanhamento pedagógico por meio da atuação de tutores, guias-intérpretes e intérpretes de Libras, ampliação do tempo para realização das atividades avaliativas e reconhecimento da singularidade linguística dos estudantes nos processos de avaliação.
Para saber mais:
Curso em Língua de Sinais Brasileira – Português como Segunda Língua (LSB – PSL)
Explicação sobre o Símbolo de Acessibilidade
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