A sala de aula tem sido meu ambiente de trabalho por vários anos. As experiências referentes à aprendizagem não são poucas. Mas algumas, de certa forma, se tornaram inesquecíveis.
Numa aula de rotina, numa sala de EJA – Educação de Jovens e Adultos – se estou bem certo o conteúdo era referente aos termos da oração, não me recordo bem se sobre os termos essenciais ou integrantes. Enquanto os alunos terminavam de copiar o que se encontrava no quadro negro, que a professora da aula anterior havia deixado escrito, para aproveitar o tempo, eu perguntei aos que já haviam terminado de escrever por que é que eles estudavam. O que os motivava estar em sala de aula dia após dia, semana após semana, mês após mês, e ano após ano.
Alguns diziam que era para aprender, outros para melhorar de vida, e ainda outros para ter uma profissão melhor. Outras opiniões que foram surgindo.
Em determinado momento, um aluno, chamado Pedro, sintetizou da seguinte forma a sua opinião. Professor, eu estudo para ter uma vida melhor.
Tive que concordar com ele. O estudo e, consequentemente, o conhecimento que o acompanha, em regra, permite a todos uma vida melhor. Não somente pessoal, mas familiar também. Na realidade, por fim, toda sociedade será beneficiada com o saber coletivizado.
Disse-lhes que se eles estabelecessem objetivos para os seus estudos isso facilitaria tanto os estudos propriamente ditos, como a chegar ao ponto, ou pontos, que eles pretendiam.
Contei-lhe a história verídica de um garoto, de sete anos, que morava no interior do Estado do Ceará, e que o pai o levara, juntamente com a mãe e os seus irmãos, para estudar na capital do País. Nos dias que antecediam a viagem da família, o garoto decidiu em que iria se formar e que curso superior iria fazer. O garoto povoou a cabeça de sonhos. Queria ser um advogado e professor, porque gostava das canções de Luiz Gonzaga e dos versos singelos da escritora Cecília Meireles. Ele fez Direito e Letras.
Continuei a falar: por outro lado, a sociedade brasileira é estamentária, isto é, gravita em torno do Estado (talvez exista conceito melhor). Quando uma situação política ou econômica do Governo vai bem, tudo melhora para todos. Mas quando vai mal, para todos fica ruim. Existe uma mentalidade e uma expectativa de que o Estado resolverá todos os problemas, de todos. Deve, no entanto, haver uma consciência coletiva de que, em algumas ocasiões o Estado é omisso, por não ter condições financeiras, materiais e até técnicas ou em face da falta de recursos humanos para atender a demanda que é lhe posta pela sociedade. Por isso, ele não pode solucionar tudo. Então é necessário o esforço pessoal e individual.
Para isso, em matéria de educação, como demais em tudo na vida, o estabelecimento de metas e objetivos educacionais permite que se chegue a eles (objetivos).
Quando posso, gosto de perguntar aos meus alunos em que eles vão se formar. Não faltam jornalistas, médicos, professores, policiais, engenheiros, advogados, etc… Na resposta deles vejo que já está estabelecido um objetivo principal para os estudos, que é a obtenção de uma profissão bem aceita pela sociedade. Eles querem ser úteis para coletividade e que isso lhes possibilite, de certa forma, uma vida financeiramente melhor. Um futuro melhor para todos.